O Amor é Paranormal

Desencontro e Encontro

O Sol castigava as ruas movimentadas de São Paulo, incontáveis carros indo e vindo em velocidades que com certeza estavam fora do permitido para aquele trecho quase que residencial. Cellbit terminava de escrever em seu notebook alguns últimos raciocínios sobre os documentos na mesa, que ele analisava desde que havia chego na Cafeteria StarBobby. O lugar era para Cellbit o que muitos chamam de "porto seguro" ou "zona de conforto", a cafeteira passava esse ar de segurança, era pequeno mas de um jeito aconchegante, e independente do horário que você fosse, teria aquela sensação gostosa de fim de tarde num domingo na casa da avó, era simplesmente reconfortante.

Antes mesmo de entrar, na calçada haviam algumas mesinhas, provavelmente para casais ou pequenos grupos de amigos que preferem ficar ao ar livre, já lá dentro, era possível ver adiante na direita o balcão do caixa que se conectava a longa vitrine de doces, bolos e todas as guloseimas possíveis e até mesmo algumas nunca vistas antes, que o próprio padeiro dali tinha o dom de criar, e sempre eram muito gostosos. Seguindo reto pelos azulejos brancos ladrilhados como mini tijolos, outra vitrine era vista, esta continha todos os tipos de salgados e pães, e conectado nesta vitrine, uma área feita de uma madeira escura, um lugar onde era colocado o pão francês para que os próprios clientes se servissem como melhor atendesse seu gosto e apenas pedissem que o atendente pesasse pra eles.

A decoração do local era sutil mas tinha seu charme, as paredes off-white com linhas azuis serpenteadas por elas, com exceção da área das mesas à esquerda, elas eram brancas com inúmeros desenhos infantis preenchendo-a. As mesas da parede era de madeira escura brilhante, parecia que havia sido polida a pouco, em vez de cadeiras, haviam sofás num tom vivo de azul escuro, e eram extremamente confortáveis, as costa de um conectava na do de trás fazendo uma espécie de parede entre as mesas, dando privacidade para os clientes.

E como se o pseudo artista que fez as obras na parede tivesse pensado metodicamente nisso, fez em cada uma das mesas um desenho no seu pedaço de parede, contando uma história diferente. E preenchendo os espaço vazio entre o balcão na direita e as mesas à esquerda, algumas prateleiras com alguns biscoitos, bolachas, salgadinhos de pacote, doces e etc. E por mais perfeito que já pareça o lugar, isso não era nem de longe a parte favorita do Cellbit. Tinha este cantinho perfeito, uma janela bay, tão confortável quanto os sofás, mas Cellbit gostava de acreditar que era mais confortável ainda, na janela haviam algumas plantas trepadeiras espalhadas deixando um ar de casa no campo, este lugar num dia de chuvoso com um bom expresso e um pão de queijo era oque Cellbit apelidou de "Céu na terra". Mas ainda era terra, e sabe quem havia caído na terra?

- ¡Ei! ¡Pendejo! - Uma voz masculina que carregava a idade na fala rouca e rasgada.

Lúcifer. Lúcifer havia caído na terra e se tornado o temível diabo e agora perdeu tudo e toca uma padaria na grande São Paulo, que por obras de algum ser superior - que com certeza ria de si agora - vinha de ser seu lugar favorito na terra.

- ¿No viste el reloj, mocoso? Es la una de la tarde. ¿Por Causualidad no trabajas? - O homem de braços cruzados, tinha os cabelos brancos e barba por fazer, usava um avental azul com a logo da cafeteria no bolso central do peito, e tinha no ombro um pano de prato apoiado.

- Expulsando seu cliente mais fiel Abuelo? O que seria desse lugar sem minhas visitas frequentes? - O loiro diz com um sorriso presunçoso no rosto enquanto guardava suas coisas, realmente tinha que ir "trabalhar", Arthur havia marcado uma reunião consigo para 14h, e ele nem ao menos tinha pisado em casa nas últimas 24h.

- ¡Sería pacífico sin ti aquí, pendejo! Ahora sal aquí, asustarás a mis clientes. ¡Date prisa y lárgate! - O senhor agora se colocava a andar saindo de trás do balcão que estava, enquanto chacoalhava na direção do loiro o pano de prato antes no ombro agora na sua mão.