Capítulo 33 - Desejos e paixões

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O jornal matutino caiu feito uma bomba em cima da mesa de trabalho de John. Em letras garrafais na manchete sensacionalista, o redator destacava, mais abaixo e com uma matéria gigante, a participação do herdeiro Gilbert Blythe e sua esposa Anne em uma passeata local.

Aquilo não seria tão grave se essa passeata não fosse contra os empresários locais, o que acarretaria ao homem de negócios uma enorme dor de cabeça.

De todas as coisas que imaginara que seu filho pudesse fazer contra ele, não lhe passara pela cabeça que Gilbert tentaria atingi-lo daquela maneira e nem poderia culpar Anne, porque sabia que seu filho só fazia o que queria.

Se ao menos soubesse porque Gilbert o odiava tanto, John poderia tentar contornar aquela situação de outra maneira. Às vezes, ele tinha medo de pensar que aquilo nunca teria volta, que Gilbert nunca mais se aproximaria dele e que morreria, levando o ódio do filho com ele.

Ainda assim, John desejava acreditar que ele e o rapaz teriam tempo para voltar ao relacionamento que tinham antes.

Cora sabia o motivo, mas nunca lhe contara. Ela dissera que esse assunto era algo pessoal de Gilbert e que, se John quisesse saber, teria que confrontar o rapaz pessoalmente. Mas ele nunca tivera coragem. Gilbert já era ríspido com ele diariamente e não desejava criar mais um problema entre os dois.

Todavia, o problema com o qual teria que lidar naquele momento envolvia outras pessoas, portanto, não teria como evitar aquele embate com Gilbert.

- Suzy, quando Gilbert chegar, peça a ele para vir ao meu escritório. Preciso falar com ele com urgência. - John pediu, falando com a secretária pelo interfone.

Em seguida, ele se concentrou em seu trabalho do dia, pois tinha muitos e-mails para responder antes de se preparar para a conversa que teria com Gilbert.

No apartamento do rapaz, ele tinha acabado de acordar e olhou para sua esposa que dormia feito um anjo. Só de observá-la respirando calmamente, Gilbert se sentia tranquilo também.

Ele estendeu a mão, tocou o ombro dela com carinho e, logo em seguida, deixou ali um beijo, esperando que Anne abrisse os olhos.

Ela apenas resmungou e mudou de posição, voltando a dormir e fazendo Gilbert sorrir, enquanto seus olhos não conseguiam se afastar do rosto delicado.

Anne estava mais linda do que quando a conhecera, e parecia que cada dia, ela ganhava mais graça e consciência de seu poder sobre as emoções dele.

Ela sabia provocá-lo de um jeito sutil, que o deixava louco. Bastava que Anne o olhasse com aqueles olhos incríveis, para Gilbert sentir que seu coração estava completamente nas mãos dela.

Em alguns momentos, ele sentia certo receio daquele amor que sentia por ela, pois o deixava tão exposto e tão frágil, que sabia que se quebraria em mil pedaços se ela o deixasse.

Queria ter coragem de contar o que fizera, mas seu medo de perdê-la era sempre maior. Sua consciência sempre lhe dizia que a perderia de qualquer jeito, por isso, tentava aproveitar ao máximo seus momentos com ela, porque quando aquele dia chegasse, ele teria as melhores lembranças de sua vida para ajudá-lo a não enlouquecer de dor.

Afastando aquele pensamento incômodo de sua mente, ele se inclinou sobre Anne, deixou um selinho em seus lábios e depois falou em seu ouvido:

- Amor, você precisa acordar.

Os cílios de Anne tremeram um pouco antes que ela abrisse os olhos e, quando o fez, o rosto de Gilbert surgiu à sua frente, como se fosse apenas um sonho bom.

- Estou sonhando ainda? - Ela perguntou, tocando o rosto do rapaz, como se quisesse se certificar que ele era realmente real.

- Não é um sonho, amor. Precisamos nos levantar. Tenho que ir para o trabalho e você para a faculdade. - Gilbert disse, girando o corpo e ficando por cima do dela, sem deixar que seu corpo a esmagasse.

Love Game- AU- Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora