Vingt-deux

182 16 1
                                    

Amelie LeFreve

Ao abrir minimamente os olhos, vejo flashes de luz de velas. Minha visão está borrada, não me permitindo enxergar tudo claramente mas sabia que era tarde da noite. Eu perdi a noção do tempo, não que eu precise saber do tempo em horas como essa.

Meu corpo inteiro está pressionado contra algo quente e reconfortante. Eu agarro esse calor como se eu fosse um filhotinho, entrelaçando minhas pernas e braços. Enterro meu rosto no meio disso, tentando respirar entre as fungadas.

Não faço ideia de quanto tempo estou chorando, não quero saber quanto tempo se passou. Em momentos como esse, a única coisa que você não consegue focar é a realidade. Só de pensar no que aconteceu...não consigo.

O homem que me conforta, acaricia minha cabeça com um gesto gentil, permitindo que eu chore contra seu peito novamente. Ele me segura forte e é a única coisa que me impede de desabar. Não sei quanto tempo se passou, mas sei que ele nunca foi embora dessa vez.

Quando Aomine me contou o real motivo de todo o drama das duas últimas semanas, preferi que ele não o tivesse. Aparentemente, a ameaça constante do nosso povo, nossos inimigos cavalheiros, não ficaram felizes com a informação sobre Bellator finalmente ter achado uma Ômega. Eles não descobriram de imediato, mas descobriram há um mês e sentiram a necessidade de vingança. Eles usaram suas armas engenhosas e seus explosivos para colocar o vilarejo, o meu vilarejo, em ruínas. Todas as casas foram destruídas e todos foram massacrados. Eles não previram o ataque, não conseguiram se defender.

Isso significa que a minha avó...

A minha avó...

Puxo os ombros de Aomine com força, sentindo as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas. Tudo em mim doía, ardia de dentro para fora e nada conseguia me aliviar dessa dor.

Aomine disse que não só Arles sofreu, mas Nîmes e as aldeias de Luberon sofreram também. No entanto, a maioria da população conseguiu fugir depois de saberem do ataque de Arles, mas as cidades estão destruídas.

Tantas mortes...

O lugar que eu cresci, o único lugar que considero meu lar. Não consigo nem pensar que tudo aquilo deixou de existir. A casa em que fiquei presa, em que vivi por toda a minha vida. Meu quarto, o meu piano.

D'ici à la lune.

A última coisa que ela me disse antes que eu saísse do vilarejo. Adelaide LeFreve. A mulher que me criou. A única pessoa que prestava atenção em mim, que se importava comigo, que me conhece desde que eu era um bebê.

Morta. Ela está morta.

Nada mais faz sentido. Nada na minha vida deverá fazer sentido depois disso.

- Não chore, amour.

Sinto um beijo ser depositado na minha testa. Minha pele formiga com a carícia, aquecendo meu coração ao saber que não passarei por tudo isso sozinha.

A minha avó não morrerá em vão. Ela simplesmente não vai. Farei o necessário para vingar minha família, e não permitirei que mais lupins sofram com as mesmas perdas que sofri.

Nunca mais.

* * *

Narradora

Estava feito. Se ajudará em algo, ele não sabe, mas está feito. Ele contou a verdade, e pela primeira vez em semanas ele se sentiu aliviado. Agora, ele não precisa olhar para ela e se sentir um traidor por não dizer a verdade. Mas as coisas estavam longe de melhorarem.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 26 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

ᴋᴇᴇᴘɪɴɢ ᴍʏ ᴀʟᴘʜᴀ - Aomine DaikiOnde histórias criam vida. Descubra agora