Sept

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Momoi me fez comprar mais do que apenas vestidos simples, ela me convenceu a pegar mais dois arrumadinhos, seria apenas o branco mas a moça do caixa diz que o branco só pode ser vendido com o preto e vice-versa.

O vestido branco era leve feito com algodão e possuía babados transparentes além dos detalhes rendados pelo vestido. Já o preto parecia que fora queimado junto. Ele tinha penas no lugar das rendas, não tinha babado, era horrível. Me encaro quando a moça percebe meu olhar.

— É feito para isso mesmo

— Deixar as pessoas feias? Que vestido é feito para isso? — Momoi debate no meu lugar.

— Ele reflete sua personalidade, o vestido ficará lindo se você for linda, não importa a cor  — a vendedora diz

— Está bem — disse antes de Momoi começar a protestar — Vamos levar apenas esses

Eu e Momoi caminhamos pelas ruas mal iluminadas de Coeur. Já se passavam das 3 quando estávamos voltando

— Eu detesto vendedores arrogantes. "Pague com um segredo" "O vestido que irá te escolher" "a cor pode mudar com o seu humor". Eles não entendem que isso é absurdamente chato? — ela diz emburrada

— Acho que eles só querem que as pessoas reconheçam a magia

— Magia não vem de objetos, Amelie, vem de pessoas. Veja bem, todos os lugares que visitei eles refletem a cidade com o seu povo. A decoração são o jeito das pessoas, não arquitetura.

— É algo muito sábio de se dizer

— Obrigada

Momoi ao mais tardar me levou para a fortaleza de Bellator. Ela me olha com uma carinha de cachorro, o que não é tão difícil já que ela é parte lobo.

— Você tem certeza de que não quer ir dormir lá em casa? — ela me pergunta e nego  — Ah mas você é difícil hein.

— Não, seu primo me mataria por isso

— Ele nunca mataria você

— Mas poderia tentar matar você

— Eu sei me cuidar, vamos lá — me implora

— Durma aqui, dividiremos a cama

* * *

Minha visão embaça. Por um momento esqueço onde estou. Momoi se contorce na cama. Não preciso de muito para saber que fomos dormir tarde

Escuto um barulho vindo dos portões. Fico alegre, poderia ser Aomine certo? Mas por que merdas eu estou me importando com isso?

Desci ainda com a esperança de que posso ser ele. Não era. Takao caminha para o salão trazendo um número considerável de neve para adentro.

Não consigo deixar de sentir um vazio. Os efeitos da mordida me deixaram muito necessitada dele. Talvez seja por isso que Aomine não queria contato comigo. Agora entendo o porquê.

— Você está triste mas uma boa partida de xadrez pode mudar isso. Vou ficar até o almoço então teremos tempo. — ele diz amigável

— É muito gentil da sua parte — me esforço para que a frase signifique algo

— Está mesmo ruim, patronne.

— Não sou sua patronne. Somos amigos. Aliás, eu precisaria ter algo com seu patron para ser sua patronne.

— Ser parceira dele por todo o sempre não lhe é suficiente?

— Seria se ele levasse o "sempre" a sério

— Ah qual foi patronne? O que te faz pensar que ele não se preocupa com você?

— Ele te mandou para fazer companhia a mim, ver como estou e para cada vez que eu perguntar onde ele está, você responder algo do tipo "ele vai voltar em breve" — bufo

— Ele vai voltar em breve, Amelie. Ele realmente vai dessa vez.

Olho para Takao. Seus olhos estão serenos. Meu instinto me diz que ele pode esconder algo de mim. Mas perguntar a ele seria uma invasão de espaço pessoal. Não sei se temos intimidade suficiente para isso. Chacoalho a cabeça com a ideia maluca.


— Ei, vocês não sabem falar baixo? — Momoi reclama descendo as escadas com pouquíssima roupa no corpo

— Momoi...— digo em choque. Além das costas nuas de Aomine, nunca vi outra pele sem tecido.

— O que você tá fazendo aqui? Sabe que não era sua tarefa — Takao reclama

— E daí? Amelie que me pediu para ficar. Dai não está presente mesmo — ela dá de ombros

— Ele desaprovaria esse comportamento não? — Takao finge pensar mas sorri malicioso logo depois — Irritar o chefe é minha especialidade mesmo.

Depois de uma série de atividades pouco impressionantes porém divertidas, digo a ambos que vou descansar. Eu realmente iria, estou cansada de jogos e da energia alegre dos dois enquanto meu dia está horrível.

Por que ele não voltou? Seria algo que eu fiz? Não. Não...Takao disse que ele voltaria logo. Não tem porquê eu começar a criar paranóias na minha cabeça.

Mas por mais que eu quisesse, os pensamentos ruins não iam embora. Pensei na única pessoa que eu poderia perguntar e que não me julgaria (tanto) e me daria respostas adequadas.

Bati na porta da vovó Aomine. A senhora rosnou um "entra" com desprezo. A face dela não melhorou quando me viu parada a porta.

— O que foi? Já disse para entrar — ela cospe

— Ah claro — respondo sem graça.

Momoi estava certa quando tagarelou ontem dizendo que sua vó é difícil de lidar. Não passaria mais tempo que o necessário aqui.

— Você não veio me encher de baboseiras para eu lhe responder sendo que eu não ganho nada em troca, veio? — ela arqueia a sobrancelha

— Vim pedir para costurar uma camisola para mim. Mas é claro que vou fazer perguntas — seu olhar penetra em mim — Por favor?

A vovó Aomine olha para mim com a cabeça cheia mas assente de leve. Abro um sorriso antes de entrar pelo casebre aconchegante da vovó Aomine. Tento assimilar as perguntas que tanto bateram na minha mente por esses dias que Aomine esteve fora. E essa foi a primeira que saiu

— Sabe por que Aomine saiu a tanto tempo? — pergunto com um pouco mais de desespero do que eu gostaria

Vovó Aomine olha para mim pela primeira vez, com dó. Ela tinha dó de mim. Eu seria mesmo alguém merecedora de tamanha pena?

— Aomine saiu há quase duas luas pelo leste

— Tinha cavaleiros pelo leste? É difícil descobrir muita coisa quando se está presa

— Aguente mais um pouco, ma fille. O Bellator está com os dias ruins mas tudo ficará alegre quando ele voltar. Sua vida vai ser incrível quando ele voltar, mas será péssima quando ele partir novamente. A vida de vocês dois na verdade

— O laço acontece isso? — ela ergue a sobrancelha confusa

— Isso o que? Vocês dois não conseguirem passar muito tempo seu uns aos outros? Sim óbvio que acontece. Não precisa ser amoroso no início. Mas vai bastar.

A olho receiosa

— Acredite, vai ser incrível para você

ᴋᴇᴇᴘɪɴɢ ᴍʏ ᴀʟᴘʜᴀ - Aomine DaikiOnde histórias criam vida. Descubra agora