Vingt

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Eles me prenderam. Me trancaram no quarto com encantamentos que me impedem especificamente de sair.

Já se passaram 5 horas. Eu não preguei o olho. O medo não me permitia dormir.

Se antes era difícil conseguir informações, agora é impossível. Ninguém apareceu no quarto mesmo depois de me deixarem aqui.  Eles me acompanharam até o casarão, nem ao menos me tocaram mas eu não iria querer saber o que aconteceria se eu resistisse.

Quando Aomine me pegou em plena fuga, foi a última vez que escutei sobre ele e isso me apavora.

Eles não vão me libertar, e eu não quero estar aqui.

* * *

Burra. Burra. Burra.

Eu não sou uma pessoa que se arrisca e é engraçado que a única vez em que me arrisquei - por motivos egoístas - eu fui pega.

O plano nunca daria certo, estava cheio de furos e foi pensando às pressas. Não sou esperta o suficiente para ter percebido na época, mas agora mais do que nunca estava claro.

Já se passaram 8 horas. Eu sinto que entrarei em pânico.

Aomine não voltou, e não sei se isso é bom ou ruim. Uma parte de mim fica feliz que ele não tenha voltado e que eu não tenha que lidar com a sua fúria. Ao mesmo tempo, que uma parte de mim se preocupa com o que posso estar acontecendo e o motivo dele não ter voltado.

Eu estou com medo. Não sei qual será a punição que ele tem guardado para mim e isso definitivamente é o meu maior problema.

* * *

Não sei quantas horas se passaram. Sei que o amanhecer veio e depois se foi. O pôr do sol também veio e depois escureceu. Eu sei que tem quase 24 horas mas eu estou muito tonta para fazer matemática.

Não me importo com quantas horas se passaram, todas pareceram uma tortura do tempo. Foram tantos minutos. Minhas unhas estavam rachadas de tantas mordidas e arranhões que fiz no chão de madeira. Eu devo estar com um buraco em alguma parte do meu cabelo de tanto arrancar os fios.

Nenhum sinal dele. Nem mesmo um pio.

Alguém bateu na minha porta hoje quando o sol estava brilhando, eu hesitei um segundo para atender. Eu pensei que seria ele e fiquei com receio de abrir, mas foi quase de imediato que percebi que ele não bateria na porta. Quando abri, era um prato de cozido com vegetais. Não tinha ninguém segurando, estava apoiado em uma tábua de madeira no chão. Pus metade da minha cabeça para fora apenas para perguntar a alguém quando o veria, mas não tinha ninguém nos corredores.

Ninguém sequer passou pelos corredores. Eles apenas me deixaram lá, sem ninguém por perto. Eu até sairia para olhar no grande salão mas o encantamento me impede de cruzar a linha. Meus pés não passavam, nem meu tronco ou minhas pernas.

Não ouvia nenhum barulho, apenas um silêncio estrondoso. Parecia que nem os pássaros queriam cantar hoje.

Eu olhei para a sacada, vendo a lua emergir. Era lua crescente, o que significa que a lua cheia está próxima e com isso vem o meu cio. Minha avó dizia que eu era especial pois nasci no primeiro dia da lua cheia.

Talvez seja por isso que sou uma ômega.

Ômegas eram raras até o nosso povo começar a morrer. Quanto menos lupins, mais ômegas surgiram para manter o nosso povo vivo. Porque ômegas são feitas para procriar.

A lua queria manter o equilíbrio, até mesmo ela quer que nosso povo sobreviva. Pena que a maioria de nós morre pouco antes de ter seus filhos ou perde seus filhos para o tempo das trevas que nos cerca.

ᴋᴇᴇᴘɪɴɢ ᴍʏ ᴀʟᴘʜᴀ - Aomine DaikiOnde histórias criam vida. Descubra agora