Tubarão de Konoha (Obito x OC x Naruto)

Por debaixo dos panos

Menma não estava exagerando, nem era mais preciso fazer muito esforço para perceber o tormento escondido por detrás dos olhos azuis do Hokage.

- Faz um tempo, Kimoriah. – Ele cumprimentou, simpático como sempre, apesar de tudo. – O que está achando da Vila?

- Adorável, Minato-sama. Graças ao Obito-sensei, a sua filha e a família do Itachi, não consigo mais me imaginar em outro lugar.

- Fico feliz em saber. – Se deixou observar os girassóis postos em um vaso sobre o canto de sua mesa. - Você devia dormir lá em casa outra vez qualquer dia desses, Menma não diz, mas sei o quanto ela está se sentindo sozinha. - Então alternou o olhar para o seu aluno que estava ao lado da garota. - Já contou para ela, Obito?

- Ainda não, essa peste ia ficar ansiosa, eu conheço.

Kimoriah, de repente deslocada na conversa, não sabia qual dos dois encarava primeiro.

- Ansiosa com o que? – Então o hokage puxou a atenção que ela mantinha sobre o semblante sorridente do Uchiha ao se pronunciar outra vez.

- Você sabe, você fez um ótimo trabalho na sua primeira missão e em todas as outras, e digo isso não só baseado nos relatórios do seu sensei, mas agradeço pessoalmente a captura do renegado de quem extraímos informações valiosas. Obito acredita em você, Kimoriah, e eu também, por isso andei conversando com os conselheiros. Não foi tão fácil, mas estão quase convencidos de sua evolução e em breve vão se decidir.

- Se decidir? – Olhou para ambos quase sem acreditar. – Isso quer dizer que...

- A sua participação na próxima edição do Exame Chunnin vai depender do seu desempenho na missão de hoje. – Continuou o Namikaze, mais do que satisfeito por ver a garota tão animada, então piscou um olho para ela. – Não se preocupe, sugeri uma fácil.

- Obito-sensei! – Ela pulou para os braços daquele ao seu lado, que ficou sem jeito com a demonstração de afeto em frente ao hokage, as bochechas já queimando quando ela pressionou os corpos ainda mais em meio à euforia. - Você é demais mesmo!

- ... – Pigarreou para disfarçar. - Não precisa agradecer.

Mesmo assim, Minato era deveras atinado para muitas coisas, até quando ocultas nas entrelinhas. Segurou uma expressão risonha, desviando a atenção dos dois para que o Uchiha não ficasse mais tímido do que já aparentava.

Logo, a Hoshigaki largou Obito e se voltou para o líder da Folha diante de si.

- Agradeço também, Hokage-sama. – Curvou-se. – Não vai se decepcionar comigo. Agora, como vai ser a missão?

Com um singelo assentir do chefe, o ninja em pé ao lado da porta finalmente deixou a sala, voltando instantes depois acompanhado por um belo espécime masculino de cabelos tão ensolarados quanto os do Namikaze. Ele se aproximou, analisando a dupla que, muito provável, seria a responsável por acompanhá-lo.

- A tarefa de vocês vai ser conduzir esse jovem artista de volta à Vila dele em segurança.

Kimoriah o analisou brevemente, percebendo também que o loiro não parava de lhe olhar.

- Que tipo de artista você é? – Ela teve suas dúvidas ao perceber o tamanho da mochila que estava nas costas do garoto. O que quer que estivesse lá dentro, era bastante bugiganga.

- Eu sou um escultor de argila. Vim de uma exposição na Vila da Areia e resolvi parar por aqui já que as estradas até a minha aldeia não são muito amigáveis pra eu continuar a jornada sozinho.

A resposta a agradou em partes, ainda que a ponta de um objeto familiar quase totalmente coberto pela blusa tenha despertado uma curiosidade a mais. Uma bandana...? Teria passado em branco se não tivesse visto o cintilar da placa, uma vez que o tecido da faixa quase se camuflava nas roupas. Por que um ninja precisaria da ajuda de outros só para seguir uma simples viagem? Apesar disso, não disse mais nada. Apenas escutou o resto das instruções para então deixar a sala do Hokage junto com seu sensei e o cliente.

Saindo de Konoha, no entanto, não aguentou se segurar por mais do que alguns minutos de caminhada.

- Tem uma coisa que eu não entendi bem, er...

- Deidara.

- Isso, Deidara. Por que um escultor de argila precisa de proteção?

Obito a olhou um tanto repreensor, mas ela não se importou com isso. Muito pelo contrário, sequer estava intencionada a desviar a atenção do tal artista até que ele fizesse menção de responder.

- A gente precisa saber. Essa missão era pra ser de Nível C, mas eu to encucada com alguma coisa estranha no ar. O loiro aí não só é um escultor como também é um ninja e ainda assim precisa de proteção. Por quê?

O Uchiha parou na mesma hora, mirando o mais novo que ainda se mantinha sem resposta.

- Você é um ninja?

- Eu vi a bandana, guardar segredo disso é no mínimo suspeito. Uma tarefa Rank C garante proteção, pelo menos, contra bandidos, e qualquer ninja daria conta de uns ladrõezinhos meia-boca. Tô certa ou tô errada?

O desafio de ter que lidar com uma adolescente bocuda grande parte de seus dias lhe agraciou com uma tolerância gigantesca, por isso, dono de uma diplomacia melhor do que a da azulada, o jounnin voltou-se para o artista querendo não tirar conclusões precipitadas até ouvir o que ele tinha a dizer.

- Ela tem razão. Se tem algo que queira nos contar, é melhor que seja agora.

- Até onde eu sei, ele pode ser um espião ou um nukenin, vou bater nesse safado. – Kimoriah tirou a espada das costas, sendo impedida pela mão do sensei sobre seu ombro. – Desembucha.

- Não precisa ser tão agressiva. – As mãos do loiro se levantaram em rendição, por fim ele deu um suspiro enquanto puxava a sua bandana do bolso da calça e a amarrava de volta na testa. Por descuido seu, a garota a tinha percebido, então não adiantava negar. – Você está certa, não sou só um escultor. Na verdade, minhas maiores habilidades shinobi vêm das minhas argilas.

- Você luta com argila? Nunca vi algo do tipo. – Disse ainda desconfiada, vendo-o confirmar com a cabeça.

- Hm. Eu aprendi uma técnica proibida da minha vila... meio que sem autorização. Fui perdoado, é claro, mas desde então venho despertando o interesse de ninjas ambiciosos.

Com isso, Obito ponderou um pouco sobre o caso até tomar a fala outra vez.

- Você está dizendo que talvez apareça ninjas de nível médio, sendo bem otimista. Essa missão deveria ter sido classificada como uma de Rank B, que geralmente é dada apenas para chunnins ou jounnins, por que mentiu?

- Bem, como posso dizer...? – O olhar foi desviado, um tanto constrangido. – Extrapolei na Vila da Areia e eu não tinha mais a quantia necessária.

- Que imbecil... – Kimoriah criticou com aspereza, para não dizer desprezo. – Nós vamos voltar, sensei? – Se bem que ela não odiava a ideia de ir em uma missão mais complexa do que as costumeiras, e o Uchiha via isso no brilho que surgiu no âmbar de seus olhos.

Ele deu de ombros.

- Bom... eu sou um jounnin e as suas habilidades alcançam o nível chunnin facilmente, não vai ser nenhum problema para nós dois. A não ser que você não queira.

Não me desaponte, Kimoriah! Arre, Isobu, até parece que me conheceu ontem.

- Vamos logo. – Girou a Samemori nas mãos, colocando-a de volta no lugar de praxe. – Temos um longo caminho até a Vila Oculta da Pedra.