O quarto Jinchuuriki

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- Kim-chan, eu estou tão feliz que você veio morar aqui com a gente! – Dava para sentir a animação em cada palavra proferida pela matriarca Uchiha a sua frente, com o rosto apoiado na mão enquanto observava a recém-chegada experimentar um dos bolinhos de peixe da receita que passou dias tentando aprender. – Eu só conhecia o seu irmão, então eu estava bem ansiosa para ver como você seria.

- Não sou muito diferente dele, no fim das contas. – Brincou antes de dar outra mordida no bolinho, encarando Itachi ao ver os olhinhos de Mikoto piscando em sua direção com a maior das expectativas.

Ele riu, sussurrando tão próximo de seu ouvido quanto podia sem parecer suspeito aos olhos da mãe.

- Ela está esperando você elogiar a comida.

- Ah! – Estava tão concentrada em seu jantar que nem lembrou de comentar sobre o quanto a Uchiha era habilidosa na cozinha. - Tia Mikoto, isso está mesmo uma delícia.

- Fiz especialmente para você, sabia que ia gostar! Eu queria fazer com que se sentisse em casa, então fui atrás de algumas receitas da Vila da Névoa.

- Não precisava se dar ao trabalho.

Antes que mais alguma coisa pudesse ser dita, o barulho da porta de entrada chamou a atenção dos três.

- Estou em casa. – A voz, porém, sem sustentar um pingo de animação, predisse a presença do caçula da família à cozinha instantes depois, a mãe e o irmão já tendo uma vaga ideia do que o estava frustrando.

- Bem-vindo de volta, irmãozinho.

- A missão demorou dessa vez, filho. Sente-se e coma alguma coisa, você está precisando. – Não foi necessário mais do que isso para que Sasuke fosse até uma das cadeiras vazias, o silêncio só confirmando as suspeitas dos outros dois Uchiha. - ... nada do Naruto?

A resposta veio como um negar de cabeça, fazendo-a se compadecer ainda mais por sua amiga ruiva que, pelos Céus, ficaria pra lá de desesperada. Como mãe, Mikoto não conseguia nem imaginar perder pelo menos um de seus dois meninos.

- Quem é Naruto? – Então o questionamento fez o mais novo, enfim, levantar o olhar até a figura desconhecida que antes nem havia reparado sentada diante de si, franzindo a testa para a mãe no segundo seguinte como que em busca de respostas.

- É verdade que você não estava sabendo, filhote. Essa é a irmã daquele rapaz Kisame, ela precisou se mudar para nossa vila e vai ficar aqui com a gente. - Sasuke a analisou até onde podia, enfim vendo as semelhanças com o colega de Itachi de quem se lembrava de alguns breves encontros. Conhecendo bem o gênio do caçula, Mikoto completou antes de ficar de pé. - Seja legal com ela.

- Tá... – Também não é como se ele fosse um completo estúpido.

- Kimoriah, querida, estou indo ali visitar minha amiga, a mãe do Narutinho. Ela deve estar precisando de companhia nesse momento delicado, acho que vou levar alguns bolinhos.

- Vá tranquila, tia Mikoto. Vou ficar bem aqui com o Itachi.

A matriarca percorreu a cozinha de um lado para o outro, preparando uma cesta com comidinhas, e mandou apenas três beijos no ar para então sair mais do que apressada, o que só aumentava a curiosidade da Hoshigaki sobre esse tal moleque e seja lá o que tenha acontecido com ele. Quando achou que podia tocar outra vez no assunto, Kimoriah se virou para o amigo ao lado.

- Itachi, o que está acontecendo, afinal?

Sem dar tempo para o irmão responder, Sasuke apenas se levantou mudo e saiu dali a passos pesados.

- Ahh... – O mais velho suspirou. – Não ligue para o comportamento dele, o clima vai ficar um pouco pesado aqui em casa por uns tempos.

- Tem alguma coisa a ver com esse menino de quem falaram?

- Tem tudo a ver, eles são melhores amigos. Isso é, se ele ainda estiver vivo.

- Por que diz isso?

O Uchiha a olhou hesitante pois não queria assustá-la. No entanto, sabia que, de qualquer forma, ela descobriria mais cedo ou mais tarde através do falatório da aldeia sobre o assunto.

- Ele é como você, um Jinchuuriki. – As feições da garota deram uma alterada. – Estava em uma missão fora de Konoha quando sumiu, não se preocupe tanto. Ouvi que alguns ninjas já tinham aparecido atrás dele outras vezes, então Sasuke se culpa por não ter estado perto do Naruto quando foi levado.

- Entendi... – Esse já deve ter batido as botas, escutou a voz em sua cabeça. Era mesmo uma pena, com ele já era o quarto. Temos que tomar muito cuidado, Isobu.

(...)

"Sensei, infelizmente tudo leva a crer que Naruto está morto", as palavras de Kakashi não lhe saíam mais da cabeça desde o momento em que as escutou, e muito menos a expressão estarrecida do hokage ao ouvir a notícia desagradável. Apesar das poucas esperanças, ficou decidido que as buscas continuariam não mais por meio do time 7. Agora era preciso que os ninjas Anbu assumissem o caso.

Naruto não era apenas o filho do chefe, mas um Jinchuuriki que poderia ser usado contra a aldeia ou outras potências shinobi. Além do mais, sendo um gennin de Konoha, qualquer ataque poderia ser mal interpretado e recomeçar a rivalidade entre vilas que há tanto foi contida.

- Obito-sensei. – O chamado o trouxe de volta, e só então se deu conta da chegada de sua gennin ao ponto de encontro. – Foi mal o atraso, é que eu me perdi. – Esticou um sorriso amarelo, os dentes pontiagudos ainda não sendo tão agradáveis aos olhos do Uchiha.

- Animada para a sua primeira missão como ninja da Folha?

- Com certeza! Mal consegui dormir essa noite. – Os olhos amarelos brilhavam. – Como vai ser a nossa missão, sensei?

- Antes de qualquer coisa, acho que você vai precisar disso aqui. - Obito vasculhou o bolso de seu colete e puxou lá de dentro uma faixa padrão que botou nas mãos da Hoshigaki. Acabou que ele achou até que adorável a maneira como ela estava quase dando pulinhos como uma pipoca, tão animada que não esperou nem um segundo a mais para amarrar na cabeça a bandana com o símbolo da vila.

- Isso é tão empolgante!

- Agora que é, oficialmente, uma ninja de Konoha, podemos começar a missão. - Obito colocou sua mochila nas costas e saiu seguindo em direção aos portões logo adiante. – Como você tem uma certa experiência, vai ser uma tarefa de Nível C. A Vila da Grama está passando por um período crítico de seca e pediu nossa ajuda, então temos que escoltar a carroça de suprimentos para que ela chegue lá em segurança. Falou?

- Falou!

- Ótimo.

Ao chegarem na entrada da vila, logo puderam ver a tal carroça resguardada por alguns outros shinobis que apenas aguardavam a chegada do Jounnin.

- A Vila da Grama não é tão longe daqui, é? – A garota acariciou a cabeça do cavalo malhado, sua dúvida gerada pela ausência de montaria para ela e seu sensei.

- Devemos chegar de tarde, isso se não fizermos nenhuma parada no meio do caminho.

É longe! Ela choramingou internamente, já imaginando as boas horas de andança. Não seja tão frouxa, desse jeito vai me deixar com vergonha.

- Não é você que vai ficar batendo perna por aí, palhaço...

- Disse alguma coisa, Kimoriah? – O Uchiha perguntou depois de pensar ter escutado um murmúrio atrás de si.

- Ah, não, sensei! Eu só estava pensando alto.

Tubarão de Konoha (Obito x OC x Naruto)Onde histórias criam vida. Descubra agora