Pavão loiro

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Caminharam o dia inteiro, e foi apenas quando o sol se exauriu, dando lugar para a lua imperar no céu estrelado, que os três ninjas resolveram parar e procurar uma boa clareira para formar um acampamento.

- Pelas escamas de Tritão, eu estou só o coió! – Kimoriah tirou as botas, massageando um dos pés que ardiam como se ela tivesse andado por carvão em brasa. Parecendo tão exausto quanto, o ninja da Pedra se largou ao seu lado, ocupando o lugar vago sobre o tronco que hoje servia de assento.

- Também estou cansado. – Disse o loiro em puro eufemismo, porque, na verdade, suas costas estavam mais que podres depois de carregar sua mochila pesada. Mas não quis entrar em detalhes, em partes por causa da garota que tinha andado para lá e para cá com uma espada gigante e sequer reclamado de dor na coluna. Não queria parecer um frouxo completo.

- E o que diabos você carrega ali dentro?

- Ah – Ele deu de ombros. – Roupas, instrumentos de modelagem, peças para exposição... coisas do tipo.

Subitamente, a Hoshigaki deslizou para um dedinho mais perto de Deidara, os olhos revestidos por um brilho curioso.

- Eu estava me perguntando, como é que você usa argila em combate? É tipo um Estilo Terra ou funciona de um jeito diferente?

- Eu moldo com a boca das mãos.

Ela piscou, confusa.

- Desculpe, isso é alguma expressão?

- Não, estou dizendo literalmente. – Foi então que ele mostrou uma de suas palmas onde, no segundo seguinte, uma boca se abriu em um sorriso bem dentado.

Cruzes.

- N..nossa – As feições tremularam, mas ela conteve qualquer expressividade para não parecer tão deselegante já que o loiro tinha se mostrado até que gente fina durante todo o trajeto até então. Que troço bisonho... – É excêntrico. Ah, tem na outra mão também, que legal...

- E tem mais. – Continuou, fazendo sinal para que ela aguardasse enquanto enfiava a mão no interior do alforje preso em seu quadril. Não demorou mais do que alguns instantes quando, ao mostrar a palma novamente, uma borboleta branca saiu voando. – Não é uma argila inanimada.

- Não acredito! – Agora sim ela havia mesmo achado legal. Estendeu a mão, vendo o inseto de argila pousar sobre os seus dedos. Não desviava a atenção das asas batendo delicadamente e, aos olhos de Deidara, a admiração diante a sua arte só deixava a garota ainda mais bonita. – Por que alguém ia querer transformar algo tão bonito em uma arma?

- É um pouco mais complicado do que parece. – A borboleta voou para longe e, com apenas um gesto do shinobi combinado a um katsu, ela explodiu, deixando Kimoriah sem palavras e correndo o risco de estar com uma cara patética.

Algo me diz que temos sorte por ele não estar interessado em nós, pensava, a besta de três caudas soando de maneira incômoda em seguida. De fato, argila explosiva... Já tinha ouvido falar. Deve ser extremamente irritante lutar contra essa técnica se o ninja souber o que está fazendo.

- Não é perigoso expor isso perto das pessoas?

Ele riu, negando com a cabeça.

- Eu faço as peças do jeito tradicional pra esse ramo.

Enquanto os dois conversavam um pouco mais, Obito ouviu o sonido da explosão e se apressou para voltar à clareira, temeroso que Kimoriah estivesse em perigo, ou melhor – tratou de corrigir o próprio pensamento -, temendo pelo bem-estar também do cliente. Ao se aproximar, porém, viu que se tratava apenas de um alarme falso: lá estava sua gennin em um papo aparentemente agradável e, havendo ele sido enrabichado por sua antiga companheira de equipe por um longo tempo, o desconfiômetro apitou ao esmiuçar as reações de Deidara que, perto da Hoshigaki, parecia sorridente até demais.

Que bobajoca... se exibindo como um pavão, entortou a boca e logo fez menção de aparecer, voltando atrás ao escutar algo.

- Sabe de uma coisa? - Os olhos do Uchiha se estreitaram ao ver o loiro chegar um pouco mais perto da garota. – Eu achava que entendia da verdadeira arte, isso até conhecer você.

Safado, Obito pensou, e depois estranhou o seu malgrado insensato. Kimoriah não era uma menininha, saco, por mais que ele estivesse sentindo uma espécie de superproteção professor-aluna. Isso existe? Bem, independente disso, Deidara devia ter a idade bem próxima à da garota, se não a mesma. Um flerte entre os dois não era nada absurdo.

Com isso em mente, não demorou a sair por dentre as árvores, nos braços os gravetos que havia ido buscar pelos arredores.

- Está ficando frio. – Disse, tirando a chance de a Hoshigaki responder à cantada barata, então despejou os galhos em frente ao lugar onde os mais jovens estavam sentados e foi arrumando a base da fogueira de maneira adequada.

- Deixa isso comigo, sensei. – Ela se agachou ao lado dele, pegando um dos gravetos de suas mãos. – Eu e o Deidara montamos as barracas! Viu? Acertei dessa vez. – E sorriu com aqueles dentes pontiagudos que já não mais causavam estranheza. Era de um estranho fofo, o jounnin se arriscava dizer.

Não mais do que alguns poucos minutos depois e a fogueira foi acesa graças a um belo jutsu de fogo típico dos Uchiha.

- Vocês vão querer comer alguma coisa?

- Não, eu estou é muito cansado. – A primeira resposta veio de Deidara, que se levantava estralando as costas. – Só quero dar uma dormida, então boa noite pra vocês. – De qualquer forma, com o mais velho ali não tinha como ele continuar azarando a tubarão.

- E você, peixinha? – Se voltou para sua aluna depois que o loiro já estava devidamente instalado dentro de uma das barracas.

- Eu estava pensando só em tomar um banho. Dá pra ouvir o barulho de uma queda d'água, deve ter um riacho próximo daqui.

- Um banho agora? A água deve estar congelante, sua maluca.

- Olha pra mim, sensei. – Mostrou os braços. - Andamos o dia todo, estou sebosa e toda ressecada do sol. Pra você ter uma ideia, não vou conseguir nem pregar os olhos se eu não tirar essa inhaca agora mesmo.

- Ta bem, já entendi. – Riu, até porque não esperava realmente que ela lhe desse ouvidos. – Só toma cuidado.

- É o meu nome do meio. – Mandou uma piscadinha para o sensei, prestes a seguir em direção ao tal riacho.

- Kimoriah. – Porém, parou ao ouvir o chamado.

- Ahn?

Obito não podia perder a oportunidade, do contrário talvez até esquecesse de tocar no assunto depois, por isso se aproxima sem mais enrolar.

- Não falei nada antes, mas você fez um bom trabalho ao perceber a verdade sobre esse cara. – Pôs a mão sobre a cabeça dela, bagunçando os cabelos azuis. - Você é uma boa ninja.

- Ei! – Fingiu estar brava ao mesmo tempo em que se esforçava para esconder o sorriso. – Eu sei que sou, não precisa ficar dizendo o óbvio.

- Garota convencida, viu, ninguém merece. Vai logo tomar esse teu banho, e já estou avisando que vou atrás se demorar muito!

Tubarão de Konoha (Obito x OC x Naruto)Onde histórias criam vida. Descubra agora