Frisk e Amarantha

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Ela fedia a sangue seco.
A rainha em sua frente fedia a sangue seco e jasmim. A mistura de odor fez a cabeça de Frisk girar.

Estava acorrentado, sem muita sorte na entrada no castelo pra salvar Chara.
Bem, ele era um distração na verdade.
Só não estava esperando que a rainha fosse quem o encontrasse.

Ela era igual nas pinturas feitas duzentos anos atrás, cabelos trançados minuciosamente com enfeites de ouro e aço, os olhos de iris vermelho sangue e a esclera em vermelho carmesim encaravam Frisk inexpressivos. Ela era linda, linda demais pra ser humana, se algum dia fora uma humana, já não era mais.
A pele do rosto era intocada, parecia uma boneca, não usava coroa, ou acessórios extravagantes e um vestido caro.
Não precisava de coroa, quem quer que a visse saberia quem ela era.

Apenas seu cabelo parecia trabalhado em detalhes, o vestido que usava não era diferente dos que via a mãe usando pra passar as festas anuais, colado no corpo, sem estampa, sem camadas.
Mas Amarantha tinha postura de uma rainha, tinha uma aura de imponência que a mãe de Frisk não tinha.

Ela continuava inexpressiva, sangue escorria de dentro da manga do vestido por seus dedos, e aonde pingava fazia questão de brilhar demonstrando a magia nele.

-- ora ora. -- Frisk trincou a mandíbula a falar. -- não fui muito longe. -- tinha que distrair ela pra pegar a faca na bota.

A rainha tombou a cabeça para o lado, analisando Frisk minusiosamente.

-- outra determinação. -- ela falou, a voz grave e poderosa, de uma rainha. -- que vermelho lindo que você tem.

Frisk engoliu em seco, puxando os braços o mais cuidadosamente possível para não fazer as correntes estalarem.

-- qual seu nome? -- ela se mexeu como um predador rodeando uma presa.

-- meu nome é irrelevante. -- respondeu, enrolando os dedos em volta do cabo da faca, só conseguiu chegar até ela, mas não podia usar ainda.

-- então tem duas, Chara e... Você. -- Amarantha arregalou os olhos com a linha de raciocínio, fascinada. -- como sobreviveu? Fugiu ao subsolo também imagino, crianças inteligentes... -- ela continuou analisando Frisk, parecendo encarar sua alma. -- você é mais velho que o outro não é? Tem o que? 25 anos?

-- 26. -- Frisk falou, ela precisava chegar mais perto.

-- 26.... Está no subsolo a 26 anos? -- ela ainda mantinha uma distância segura.

-- não, só a 6 anos e meio, seus guardas são burros o suficiente para cair em truques baratos. -- ele abriu os olhos, revelando as íris douradas e brilhantes como uma alma de justiça teria.

Amarantha riu.

-- ah você é o garoto dos olhos dourados que Dominic resmungava pra mim. Uma pena que não me lembro do seu nome, inteligente. -- ela sorriu, curvando o corpo em sua direção.

Frisk abaixou levemente a cabeça, fechando os olhos novamente e apertando as pálpebras.

-- Meu general... Ele disse que havia te matado. -- Ela ponderou, se afastando de volta, Frisk xingou mentalmente. -- mas que perdeu o corpo, parece que ele era um grande mentiroso não é?

-- um mentiroso incompetente, mas sabia gritar por misericórdia quando lhe arranquei os órgãos. -- Frisk rosnou.

-- foi você então? -- ela riu sem humor. -- achei que havia sido Chara. Bom saber que seu sadismo não está muito abaixo do meu.

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