Treinamento sem um objetivo específico

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Rubby não sabia nada de Oceantale, e nem fazia questão, se quer saber, ela detestava praia, detestava tudo que envolvia areia e água no mesmo ambiente. E se não se importava em saber mais do AU, dificilmente ela saberia que a praia era um capricho, apesar da história se passar na água.
Detestava quando a areia entrava em seus sapatos ou quando grudava em suas pernas por causa da água e o sal fazia seus ossos grudarem nas roupas.

Mas ela adorava ir as docas quando a maré subia ao ponto de bater com tudo nas pedras na beira da água e molhava as madeiras dos píer, quando o mar se agitava e um vento gelado balançava as mechas de cabelo dela de forma brusca.

Em resumo, ela adorava ir até as docas ver uma tempestade de formar acima do oceano, quando as nuvens escuras cobriam o sol que ela tanto odiava, e para ver os raios clarearem os céus e as vezes caírem contra a água, sua parte favorita era ouvir os trovões ribombeando das nuvens.

Rubby passou a adorar tempestades ainda menina, quando a chuva batia contra a janela e seu pai contava a história de AUs como Horrortale para ela a luz de velas, vendo ela dar um pulo cada vez que um trovão ressoava ao lado de fora e dando um sorriso tão gelado quanto o ar ao seu redor.
Era um dos poucos momentos que Nightmare sempre ficava em casa, nem ele nem Killer jamais deixaram Rubby e Dark sozinhos em casa durante tempestades.

A primeira vez que ficaram sozinhos durante uma tempestade Rubby tinha 16 anos, Emelly estava lá naquele dia, os 3 ficaram no quarto de Rubby, na cama.
Emelly e Dark ficaram ao lado da mais velha, embolados nos tentáculos desta, eles cochilaram, mas Rubby não conseguiu pregar os olhos, a pequena guardiã deixou os menores dormindo e saiu para caminhar pelo castelo.

Na escuridão, com apenas a luz da lua, abafada pelas nuvens e chuva, entrando pela janela como sua guia ela saiu do quarto. Tendo em companhia a energia mórbida que pairava no ar, nem negativa, nem positiva, neutra, sem vida.
Ela perdeu as contas de quantas vezes andou pelo castelo, descendo a mesma escadaria, abrindo as mesmas portas enquanto repassava as dezenas de histórias de terror que seu pai contava-lhe quando era mais nova em sua cabeça, mesmo que nenhuma lhe desse medo.

Estar ali, em frente ao mar prestes a encarar uma tempestade, ela se sentia em casa, por mais negativo que seu lar fosse, era e sempre fora sua casa.

Ela ouviu o ranger da madeira conforme Maziar se aproximava dela, arrastando a enorme foice nas tábuas de madeira suspensas em 7 metros de pura água salgada, que não parava por 2 segundos em silêncio por conta do vento.

- não sabia que gostava do Mar irmãzinha. -- ele falou, com a voz divertida e doce que usava com ela desde que ela se lembrava.

- odeio o mar, mas a tempestade se formando me lembra de casa. -- ela fez uma pausa, virando o rosto para o irmão mais velho. -- Dark, Emelly e Adrastus estão na casa de repouso?

- estão. O Dark desmaiou de cansaço, a Emelly está inquieta com sua ausência. -- ele balançou o corpo, esticando as asas para baixo, aonde as ondas alcançavam.

- vai molhar suas asas. -- Maziar olhou para baixo, a água e deu ombros.

- adoro o cheiro do mar, de qualquer forma. -- ele derrubou a foice no pier, espreguiçando os braços para cima. -- qual o plano agora?

Rubby voltou o olhar para a água, vendo a se mover hipnotizante no sentido do vento.

- esperar, o Kamam está fazendo merda uma atrás da outra, meu pai está surtando, o SD nem se diga... Todos atrás de mim, o primeiro que me achar... -- ela levantou o olhar para as nuvens. -- vamos aproveitar a calmaria até que aconteça.

- e se chegarem juntos? -- Rubby sempre julgou o otimismo do irmão.

- deixamos que se matem primeiro. Não preciso fazer esforço. -- suas pálpebras se fecharam, ela nunca havia parado para pensar no conceito de ter pálpebras, era estranho considerando que era uma esqueleto. Mas tinha língua e podia engravidar, o que uma maneira de fechar os olhos era em comparação a isso?

- esforços desnecessários são sempre uma maldição quando se busca eliminar alvos para alcançar um objetivo. -- Ela sentiu o braço do irmão se envolver em seus ombros. -- como Adrastus sempre diz.

Rubby abriu os olhos, olhando para o irmão, para seu rosto tão parecido com o de SD mas sua expressão tão diferente.
A gosma escorrendo do olho esquerdo, o sol amarelo brilhando no direito, o sorriso largo, mas doce, quase paterno, atravessando sua face.
Rubby não sabia demonstrar a gratidão e a afeição que sentia pelos irmãos mais velhos, ela conseguia se sentir em casa tendo seus irmãos por perto.

- é. -- seu olhar foi para as nuvens, que começavam a pingar grossas gotas de água. -- vamos aproveitar a calmaria antes da tempestade, Maz.

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