Meus Exercícios de Escrita

pague com a língua

Nightmare abriu um portal, aparecendo em uma sala de estar com decoração escura e envelhecida, o ar tinha cheiro de incenso e em uma mesa mais a frente livros com hanzis chineses estava aberto ao lado de uma xícara de chá natural.

O pesadelo deu alguns passos a frente, olhando em volta e se aproximando do livro, apesar de ter crescido naquele ambiente, nunca aprendeu a falar ou ler em mandarin, nem Chara nem Asriel o ensinaram a isso.

Nightmare se afastou, procurando alguém na sala, o chá estava quente, o que simbolizava que alguém iria voltar, talvez Asriel, considerando que Chara raramente fazia algo além de fumar seus cigarros espirituais ou raramente comer alguma daquelas comidas que deixavam Nightmare enjoado e Asriel desconfortável, como os tentáculos de lula passados em molho haoyou.

-- Nightmare? -- uma voz grave e com sotaque chamou atrás dele, Nightmare levantou o olhar, vendo Asriel se aproximar silenciosamente, apesar da altura e do físico, era silencioso como Chara, que era um Gui, um espírito inquieto. -- o que veio fazer aqui, garoto?

Nightmare fez uma reverência, a clássica de comprimentos chineses, e levantou o olhar, vendo Asriel se sentar sem dar o trabalho de o cumprimentar.

-- vim... Ahn... Vim ver você. -- ele falou, a voz não humana ecoando pelo lugar que era silencioso como um cemitério.

-- me ver é? -- Asriel levou a xícara até os lábios, bebendo um gole do líquido fervente. -- não me lembro de ter lhe convidado.

Nightmare engoliu em seco, mexendo nos dedos em frente ao corpo.

-- eu sei- uhn... Me desculpa. Eu só estava com saudade, fazia um tempo que eu não aparecia. -- o pesadelo murmurou.

-- nem havia notado, honestamente. -- Asriel suspirou. -- seja bem vindo Nightmare. Fique a vontade.

O Deus pegou o livro na mão, voltando a leitura, Nightmare se encolheu, ficando parado por alguns segundos e se sentando no chão, engatinhando até o lado das pernas de Asriel e apoiando a cabeça no mais velho.

Asriel abaixou os olhos, estudando o pesadelo em silêncio e voltando sua atenção ao livro.

-- a garota, Lúbi não é? Como ela está? -- o Deus abaixou o livro, cruzando as pernas.

-- Rubby, ela... Eu não sei, não a vejo tem algumas semanas já. -- Nightmare bateu a cabeça no sofá pela mudança de posição do Deus, resmungando baixo.

-- vi ela a alguns dias. -- Nightmare o olhou surpreso, Asriel não se deu o trabalho de virar os olhos em sua direção. -- parecia bem, sorridente, ficou um bom tempo falando que "seu pai" havia lhe dado moletons e "seu outro pai" a ensinou a cozinhar.

-- eu... Não era de mim que ela falava. -- Nightmare afastou a cabeça de perto das pernas de Asriel, se ouriçando.

Asriel falou algo baixo em mandarin, que deixou Nightmare incomodado por não entender o que ele falava.

-- claro que não era, você jamais daria moletons a ela ou a ensinaria a cozinhar. -- Asriel voltou a ler. -- Nox e Crowley, esses são os nomes dos rapazes que ela está chamando de pai uh? Ela te chamou pelo nome.

Nightmare engoliu em seco.

-- faz algum tempo que ela... -- ele abaixou o olhar. -- não me chama mais de pai.

-- que surpresa. -- seu tom foi frio como gelo.

Nightmare ficou em silêncio, olhando pro chão e apertando as garras no tapete.

-- isso te deixa irritado? -- Nightmare perguntou.

-- não me importo suficientemente para ficar irritado, se quer saber. -- ele respondeu.

-- Você está decepcionado comigo?

Asriel deu uma risada seca, abaixando o livro e olhando para Nightmare com um sorriso frio.

-- me diga por que eu estaria decepcionado com você, Nightmare? -- Nightmare piscou, sentindo um nó na garganta.

-- eu achei que... Você me criou então... -- Asriel deu uma gargalhada.

-- ah rapazinho, eu garanti que você ficaria vivo. -- Ele abriu o livro. -- eu não me importo com como escolheu guiar sua vida, o que você achou? Que eu te via como um "filho"? Achei que tinha sido um pai ruim pra você me considerar como um pai se quer.

Nightmare arregalou os olhos.

-- m-mas você não foi um pai ruim... -- Asriel riu.

-- eu sequer fui seu pai, pirralho. -- o Deus voltou a ler. -- você foi um pai ruim, tem diferença, e dá pra ver isso o suficiente no brilho que esses tais de Nox e Crowley colocaram de volta nos olhos da garota.

Nightmare tremia de leve, sentindo os olhos ardendo.

-- ah não faça essa cara. -- Asriel segurou o queixo de Nightmare, levantando para o fazer encarar nos olhos. -- eu nunca demonstrei que te via como filho, ou se quer que te amava. Está me confundindo com Gaia. Te ajudei por pena, e acredito que eu esteja arrependido.

Nightmare se afastou, se levantando e dando um soluço.

"É claro que não a amo. O que você acha? Veio como algo indesejado e agora estou sendo obrigado a ficar criando uma criança que não pedi. Acha mesmo que algum dia eu te amaria?"

-- o que foi Nightmare? Está pagando com a língua? -- O sorriso de Asriel era cruel, frio e afiado como uma lâmina.

Nightmare soluçou de volta, virando uma poça de gosma e aparecendo no escritório, olhando pro chão incrédulo e com os olhos ardendo e lacrimejando.

"Está pagando com a língua?"

As lágrimas caíram mais rápido do que ele esperava, e a imagem de Rubby o olhando com os olhos cheios de lágrimas aos 15 anos apareceu em sua mente, era assim que ela se sentia então.

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Lê>:(
Opsy_im_a_star_ / suicide_isnot_cool
Sei lá qual vc tá
Só lê>:(