Delaney caminhava pelos corredores em silêncio, tudo estava em silêncio na verdade.
Chovia forte lá fora, o vento uivava lá fora e balançava as janelas violentamente, não estava bem de noite, na verdade era de tarde ainda.
Não estava escuro, estava bem claro ainda, dava para ver que não estava de noite, mas já estava necessitando de velas em quartos com menos janelas, e algumas partes dos corredores.A guardiã continuou caminhando, acelerando o passo, tinha que chegar até a sala do trono mas estava com um mal pressentimento, se sentia observada, como se algo espreitasse pelas sombras atrás de si.
Um estalo ecoou e o vento cessou abruptamente, a guardiã virou pra trás, puxando as linhas entre os dedos, tinha alguém ali, claro que tinha, um guardião pregando peças?
-- Chara, se for você eu juro que te mato. -- Delaney falou, mas falhou em esconder o tremor na voz.
Não tinha ninguém no corredor, a chuva continuava a cair lá fora e as cortinas por onde ela havia passado tinham sido fechadas, como se o que a seguisse tivesse feito questão de escurecer o ambiente.
A guardiã engoliu em seco, virando de volta para voltar a caminhar, mas as cortinas ali também tinham sido fechadas, a única cortina aberta naquele corredor era a da janela que Delaney estava parada em frente.
As cortinas eram vermelhas, dando um ar assustador e sanguíneo pro corredor.Delaney mordeu o lábio inferior, ficando com a respiração descompassada, alguém estava querendo a assustar, mas ela não ouviu as cortinas sendo fechadas, não ouviu nenhum passo e nenhuma respiração, não ouvia nada além da chuva caindo.
Guardiões não podiam fechar tantas cortinas ao mesmo tempo e anular o som podiam? Talvez Noirceur... Mas ele não iria pregar peças em Delaney, e Empyrean era barulhento demais para isso.A guardiã puxou mais as linhas, tirando um filete de sangue dos próprios dedos pela tensão que puxava.
-- q-quem está aí? -- gaguejou.
A cortina fechou abruptamente, fazendo Delaney dar um pulo em direção a parede oposta, olhando a cortina com os olhos arregalados e suor frio escorrendo por seu corpo.
Tudo ficou em silêncio por cerca de 1 minuto, Delaney só ouvia o próprio sangue rimbobando nos ouvidos e a respiração descompassada.
Segundos depois algo soprou sua nuca, fazendo Delaney dar um pulo em direção a cortina e olhar pra trás, tropeçando no tapete e caindo.
Parada próxima a parede estava Gaia, com um sorriso no rosto e os olhos fechados, a grande guardiã olhava Delaney de cima, com ar de superioridade.
Ela tombou a cabeça, em puro silêncio, fez Delaney lembrar de uma coruja.-- v-você que fez isso? -- Delaney perguntou, se levantando e sentindo lágrimas nos olhos.
Gaia apoiou as mãos em frente ao corpo, seu sorriso era doce mas ameaçador, ela lembrava um predador silencioso, se mexia com agilidade felina e não fazia som nenhum.
-- Gaia? -- A pequena guardiã tremia, com as lágrimas ardendo.
-- você sabia... -- disse, sem mexer a boca, a voz saindo do ambiente. -- que o medo, tem um gosto amargo e saboroso?
Delaney arregalou os olhos, jogando as linhas em Gaia, que sumiu de repente e apareceu bem a frente no corredor, a luz vermelha refletindo nela lhe dava um ar apavorante.
-- Asriel está te esperando na sala do trono, vamos, caminhe. -- disse, e sumiu novamente, com todas as cortinas se abrindo em puro silêncio e ao mesmo tempo, dando outro susto em Delaney.
Delaney soluçou, começando correr em direção a sala do trono.
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Meus Exercícios de Escrita
DiversosApenas treinos, alguns incompletos, outros completos, uns one shots aqui e ali. Treinos.