1 | no one could blame you.

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De: beanogueira

Para: csainz

"Querido Carlos,

Há uma espera que desafia o tempo, um instante que finalmente chega após uma espera interminável. Minha mente está repleta de palavras não ditas, enquanto tento capturar a essência deste momento há tanto aguardado. É como se um vendaval de emoções despertasse em mim, e eu mal consigo encontrar as palavras certas para expressar o turbilhão que se agita dentro de mim. Desde quando foi que nos perdemos de vista? O tempo pareceu congelar, mas a lembrança de você nunca deixou de aquecer meu coração. Cada pensamento, cada suspiro, cada batida do coração foi um eco do seu nome". 

O dia já não começava bem, o nascer do sol era tomado por nuvens carregadas de tormenta. Para Beatriz, aquilo era definitivamente a definição do fim do mundo. Se mostrava aflita e certamente decepcionada. Algumas lágrimas se desenvolviam em seus olhos e nem se deu ao trabalho de segurá-las. Tinha que colocar tudo para fora, afinal, não haveria nenhum final feliz. Em seu quarto, pensava no que acabara de ouvir. Tinha ouvido claramente que, em 7 dias, estaria se mudando para a Inglaterra sem mais nem menos. Seu mundo desmoronava como um castelo de areia às margens do mar impetuoso.

Sua mente só criava apenas uma problemática: Carlos. Enquanto ainda chorava e permitia que as lágrimas como gotas de chuva molhassem sua pele, guardava alguns potes de tinta que estavam espalhados pelo quarto e quanto mais pensava na possibilidade de dizer adeus à seu namorado, seu coração e sua alma se apertavam ainda mais. A mera ideia de se despedir de seu amado era um precipício do qual ela temia se lançar.

Beatriz se encontrava em um poço. Todos os flashbacks possíveis vagavam por sua cabeça, que se encontrava em estado de calamidade, um campo de batalha onde as emoções travavam uma guerra sem trégua. Mal conseguia distinguir os contornos de sua própria angústia e se via em um labirinto de incertezas. Mesmo na escuridão, uma luz se fez presente, tivera uma ideia. Não sabia quando seus pais contariam a ela a situação em que se encontravam, mas viveria esses últimos 7 dias ao máximo. Embora o desfecho fosse predestinado às lágrimas, ela se dedicaria a pintar sorrisos no rosto de seu amado, custasse o que custasse.

Os potes de tinta que havia guardado foram retirados novamente de sua caixa azul. Buscou alguns pincéis que se encontravam na lavanderia de casa e logo voltava ao seu quarto com um CD também em mãos. Queria presentear seu namorado de tal forma, fazendo com que ele nunca esquecesse de tal ato. Tinha algumas ideias embaralhadas em sua mente, mas não tinha nada ao certo do que iria fazer ainda, só pensava no que realmente estava precisando. Assim que apoiou sua tela no suporte, pensou em tudo o que Carlos gostava.

— O que ele gostaria? — se indaga enquanto encara fixamente a tela, apertando os olhos — Doutor Brown como chefe de equipe e Marty McFly dirigindo uma McLaren?

Beatriz se perguntou se teria a capacidade de reproduzir isso. Ela era boa, mas o medo de errar e tornar a tela um desastre era maior, muito maior. Não se sentia mais capaz de reproduzir sua própria ideia. Já se apresentava desgastada sem ao menos ter tentado.

Resolveu mudar para a segunda ideia. Fez uma lista com todas as suas músicas favoritas, suas "all time". Tinha de tudo: várias dos Beatles, David Bowie e Michael Jackson, algumas do Guns N' Roses que ouviram juntos, alguns clássicos dos anos 80 e 90 e a mais querida dos dois (mesmo que Carlos não admitisse), "As The World Falls Down". Assim que terminou, ligou seu computador e, com muita paciência, foi atrás de todas as suas músicas listadas.

Mesmo que estivesse ocupada baixando as músicas e passando-as para o CD, a sua cabeça só pensava em como contaria para Carlos sobre sua mudança. Entregaria seu presente apenas no aeroporto ou entregaria antes? Iria vê-lo ou cortaria qualquer tipo de contato, pensando que seria melhor para os dois? Diante de tantas suposições, seus olhos encontraram-se em uma fotografia emoldurada sobre sua escrivaninha. Uma foto dos dois, tirada pelo pai dele. Na foto, os dois amantes sorriam como crianças no estádio do time do coração de Carlos, o Real Madrid. Carlos vestia a camisa de Raúl enquanto Beatriz usava a de Roberto Carlos. Ali estava encapsulada a essência de seu amor: um jogo de troca e entrega, onde cada lance era uma nova descoberta, e cada sorriso, uma vitória conquistada. A garota se interessou pelo time do namorado quando começaram a se conhecer melhor, um momento que marcaria o início de uma jornada de descobertas e paixões compartilhadas. Em mais um dos dias em que as famílias se encontravam, se televisionava um jogo do time madrilenho na TV que atraia toda a concentração de Carlos, deixando Beatriz desorientada em meio à competição pela sua atenção.

As The World Falls Down | Carlos Sainz Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora