6 | but don't look back in anger.

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BEATRIZ NOGUEIRA

Sinto-me extremamente ansiosa neste momento, uma ansiedade que parece tomar conta de todo o meu ser. Mal se passaram apenas dez minutos desde que enviei aquele e-mail crucial, e já estou praticamente roendo minhas unhas de tanto aguardar por uma resposta. Quem poderia imaginar que ao aceitar o desafio de produzir o documentário da McLaren, eu estaria inadvertidamente abrindo as portas para o retorno de Carlos à minha vida?

É surpreendente como a simples menção do seu nome é capaz de despertar uma enxurrada de lembranças que pareciam adormecidas em algum canto da minha mente. A verdade é que jamais consegui apagar completamente a presença de Carlos Sainz da minha vida. Cada traço da sua personalidade, desde a sua voz suave até o seu perfume característico, seus hábitos e até mesmo o jeito único como ele encarava o mundo, tudo permaneceu gravado em minha memória de forma indelével.

Mesmo com o passar dos anos, o sentimento que nutria por ele jamais se dissipou, mantendo-se inabalável e constante. Ainda guardo consigo todos os presentes que me ofereceu, como preciosos fragmentos de um passado que se recusa a ser esquecido. Cada objeto, por mais trivial que possa parecer, é um portal para os momentos felizes que compartilhamos juntos, reavivando em mim as emoções daqueles dias inesquecíveis.

Em meio à jornada da vida, percebi que continuar era mais que uma obrigação, era uma necessidade imperativa. Minha fome por sucesso e a realização dos meus sonhos pulsavam dentro de mim, tão próximos, tão tangíveis. Os dias no país estrangeiro e na universidade se desenrolavam como capítulos emocionantes de um livro infindável. Meus pais ansiavam por um ano próspero para mim, cientes de que os estilhaços do passado ainda ecoavam: deixar Carlos para trás fora uma das experiências mais dolorosas que enfrentei, testemunhar sua angústia dilacerava minha alma, uma tortura insuportável. Diante disso, compreendi que para alcançar o sucesso precisaria romper com minha natureza reservada. Embora ele fosse o único a compreender meu silêncio, ele não mais caminhava ao meu lado, e eu precisava aceitar essa dura realidade. Na faculdade, estabeleci laços com um grupo animado de colegas. Nossos fins de semana eram preenchidos com risadas no boliche e delícias no McDonald's, uma tradição que nos unia e nos fazia sentir em casa.

Naquela época, eu tinha uma relação quase íntima com um suéter azul, uma peça que se tornara uma extensão de mim desde que Carlos me presenteou com ela. Era um item tão constante em meu guarda-roupa que despertava a curiosidade de todos ao meu redor. Um dos observadores mais perspicazes chegou até mesmo a brincar que o suéter tinha vida própria e poderia sair caminhando sozinho de tanto que eu o usava.

Esse mesmo observador acabou se tornando uma figura essencial na minha vida, reavivando a chama do amor em meu coração. Era um sujeito totalmente excêntrico e cativante, com uma personalidade tão vibrante quanto imprevisível. Ostentava uma pequena barba que ele insistia em chamar de "sexy", e seu nome era Lando. Nosso encontro aconteceu de forma casual durante uma dessas escapadas de fim de semana. Amigo de um colega de classe, Lando compartilhava o mesmo curso conosco, embora frequentasse as aulas noturnas. Seus cachos rebeldes emolduravam seu rosto de maneira encantadora, e, de forma quase heróica, um deles permanecia teimosamente sobre sua testa, como uma marca registrada que o distinguia.

Apesar de torcer fervorosamente por um time praticamente desconhecido, Lando fazia questão de me arrastar para todos os jogos, mesmo sabendo que minha lealdade era para com o Real Madrid. Seus óculos conferiam-lhe um charme peculiar, uma aura de intelecto misturada com uma dose saudável de mistério. E foi numa noite descontraída de boliche que ele decidiu dar o próximo passo em nossa relação, mesmo que seus arremessos não fossem exatamente dignos de nota. Foi com um sorriso brincalhão que ele anunciou:

As The World Falls Down | Carlos Sainz Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora