Capítulo Nove

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Dareen estava chorando no último corredor da biblioteca, a enxaqueca o teria deixado confuso e ele não conseguiu voltar ao seu quarto antes de seus olhos irromperem em lágrimas de amargura

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Dareen estava chorando no último corredor da biblioteca, a enxaqueca o teria deixado confuso e ele não conseguiu voltar ao seu quarto antes de seus olhos irromperem em lágrimas de amargura. Ninguém pôde abraçá-lo, ninguém esteve com ele para consolá-lo, meu irmão chorou sozinho por algumas horas até que o encontrei conversando com Malco, seu amigo, em seu escritório, horas depois.

Já era tarde da noite, a lareira crepitava atrás do príncipe. Seu amigo, sentado um pouco mais a frente, servia-o com uma xícara de chá de laranja e, vez ou outra, consolava-o com um leve toque em seus ombros.

Dareen cobria o rosto com as próprias mãos e eu o ouvia soluçar muito e em alto volume, ele tentava dizer algo, mas na maior parte das vezes tudo o que ele conseguia falar era "Ah, estou cansado" e tornava a chorar inconsolavelmente logo em seguida, prestando atenção em Malco, era perceptível que estava confuso, certamente, assim como eu, nunca vira Dareen chorar.

Eu tinha acabado de sair do longo banho, depois de dois dias seguidos de sono, meu corpo enfraquecido e magro não teve dificuldade de bisbilhotar secretamente atrás da porta. Os longos trajes pretos me escondiam no escuro dos corredores reais, Dareen, sem ter a consciência de que eu o ouvia, continuava a desabafar com seu amigo.

— Você não tem noção do quanto estou cansado. — Ele bebericou do chá e o soldado apressou-se para deixar o bule em cima da mesa caso Dareen desejasse mais. — Estou... estou farto de tudo isso. — Ele secou o canto do olho e deitou a cabeça na mesa, os cabelos recém cortados mal escondiam sua testa.

A iluminação baixa me permitia apenas ver uma ou outra lágrima que caía aos montes e molhava os papéis que Malco não demorou a tirar dali. Dareen suspirava, respirava fundo e parecia retomar o controle de seus sentimentos, mas então, em questão de segundos, afogava-se em lamentos amargos e entristecidos novamente.

— Você está bêbado. — O soldado, Malco, parecia consternado.

— Isso não é conversa de bêbado! — Outro suspiro, outro curto gole. — Daryia está cada dia mais difícil e Koyran tem feito de minha vida um verdadeiro inferno, tudo que a gente vê são aqueles dois juntos e parece que nenhum deles sabe que merda que irão fazer da vida! — Uma pancada na mesa, Malco colocou mais chá na xícara e sentou-se de frente para ele, Dareen observava um papel específico diante dele. — Eu...

— Eu já falei o que você deveria fazer, mas você não me escuta, fica pedindo conselhos e faz tudo aquilo que eu não disse para fazer. — Malco reclamou. — Você deveria estar de luto. — Concluiu de maneira insegura.

E estava certo em estar inseguro, Dareen deu uma soco tão forte na mesa que tanto eu quanto o soldado nos encolhemos, quase pude ouvir a madeira rachar por baixo do verniz.

— Como você quer que eu chore o luto se nem esse maldito reino está de luto? Ninguém se importa de verdade! — A amargura estava tão entalhada na voz de meu irmão que sempre que ele falava um pouco mais alto sua garganta falhava e ele tossia.

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