35 | "meu primeiro amor, mas não o último"

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AYLA
Já se passou 5 dias , eu ia ao trabalho um pé atrás mas por incrível que pareça o tal homem nao apareceu mais

Eu tô agora no meu último dia de horas extras, confesso que já estou exausta. Nesse momento estou lavando louça

- Ayla! - Margareth me chama

- estou indo - digo soltando a louça é pegando o pano

Mas antes de eu sair da cozinha ela chega na porta

- o que foi?

- tem um homem, estranho a propósito, querendo falar com você- meu coração acelera

- homem?

- sim, ele tá todo de preto, óculos e capuz. - minha respiração fica pesada - tá tudo bem?

- tá sim. - dou um passo mas me viro para olhá-la - caso eu precise de ajuda ligue para polícia no mesmo momento

- como assim?

Ela pergunta e eu saio de lá. Vi um homem sentado de costa em um lugar afastado dos clientes, havia pessoas olhando para ele com medo. Cada passo meu meu coração disparava ainda mais

Então eu dou mais um passo, chamando a atenção dele. Ele se vira e vejo um sorriso, paro de andar assim que vejo o rosto dele sem máscara e óculos

- tá tão surpresa assim, princesa? - Gavi diz sorrindo e eu corro para abraça-lo - cuidado, ninguém pode saber - ele se vira de costa ao pessoal

- desculpa - digo ainda o abraçando tocando em seu cabelo e costa

- tá tudo bem - ficamos mais uns segundos nos abraçando, tento separa o abraço mas ele me prende - só mais um pouco - ele sussurra - eu senti tanta saudade

- eu também - digo sorrindo mas eu já estava prestes a chorar

Nos abraçamos mais um pouco e sentamos um de frente para o outro

- você parece ótimo- digo vendo o quanto ele parece mais maduro, a voz dele estava mais rouca e seus músculos cresceram, seu cabelo carrega o mesmo corte de antes, ele apenas cresceu um pouco

- na verdade, eu estou no auge da minha carreira. Obrigado, Ayla - sorrio

- eu sabia, que lá no fundo você não queria abrir mão - ele sorri fraco

- e você? Como tem andado? - Ele me pergunta

- bem, esses dias eu saí da casa do Rúben, mas ele ainda me trata como a filha dele e eu como meu pai - ele escuta atento - consegui esse emprego, na verdade achei que nem conseguiria trabalhar, já que eu nem terminei meus estudos por causa... - paro de falar

- entendi - ele toca na minha mão que está em cima da mesa - nossa, já fez um ano, né?

- um ano e meio - digo sorrindo olhando para a mão dele que está por cima da minha, ele percebe e tira a mão para beber a água na mesa - espera, como sabia que eu trabalhava aqui?

- Eu soube há um tempo atrás que trabalhava aqui, eu só queria esperar o momento certo para te ver

- Rúben te contou?

- sim - sorrimos

- ele nunca vai mudar

- não mesmo - ficamos um segundo calado

- então... - ele me olha - porque você achou que esse seria o momento perfeito? - agora ele aparenta estar um pouco nervoso

- eu não sei como falar isso direito - ele sorri fraco - mas eu não sei, ficamos afastados por muito tempo, naquele tempo você fazia tão bem para mim - sorrio - Mas já se passaram anos, né? - sinto meu sorriso desmanchando - quando finalmente nos reencontramos você pediu mais um tempo longe

- mas foi porque era necessário...

- o que era mais necessário na nossa relação era a separação. Não foram dias, meses. Foram anos - aperto minhas mãos por de baixo da mesa - nós amadurecemos distante um dos outros, nossos gostos mudaram, nossas aparência também. Nos mudamos juntos, separados

- você tá terminando comigo? Mas a gente nem voltou ainda - digo um pouco nervosa

- eu só tô explicando, Ayla... - ele tenta manter a paciência

- explicando o que, Gavi!? - pergunto quase gritando me levantando

- eu vou me casar com outra mulher! - ele diz rápido e eu me calo

- o que? - digo baixo me sentando lentamente ele se cala por segundos - com quem?

- Depois daquele dia, eu senti que você não me queria mais por perto, toda vez que eu avançava você se distanciava mais e mais. Eu comecei a achar que a nossa relação seria impossível. Você me bloqueou em todo tipo de maneira para dialogamos, a única mensagem que me mandou durante todo esse tempo foi "é necessário, eu sei que você vai tentar vim atrás de mim". Aquilo partiu meu coração Ayla...

Fico calada enquanto ouço ele falar o quanto eu errei, tudo foi culpa minha

- quem é ela, Pablo? - digo baixo

- Dois meses depois - ele me ignora -  Leonor e Felipe foram me visitar, para pergunta onde você estava. Eu disse que também não sabia, Felipe, foi embora logo em seguida mas Leonor ficou porque estava chorando. Ela se sentiu tão culpada que meu coração pesou como pedra...

- Gavi... - digo fraco e baixo

- ...Leonor foi embora, mas ela estava mais sozinha que o normal, um mês depois uma amiga dela me disse que ela estava em depressão. Fiquei preocupado então comecei a vê-la um dia na semana, depois foram três, trocamos número e começamos a nos ver todo dia. Mas ela não contava para os pais dela, basicamente, ninguém sabia sobre nós...

Eu realmente estou ouvindo o único garoto que eu amei me contando sobre a nossa história com outra garota?

-... Eu sei que isso parece loucura, mas com o tempo. Nos acostumamos um com o outro e começamos a ficar, eu nunca imaginaria isso eu...

- Pode ir direto ao ponto? Eu preciso voltar a trabalhar - isso tá parecendo uma tortura

- eu queria te dar isso - ele coloca um papel bem bonito em cima da mesa - e o convite do nosso casamento. Leonor  queria que fosse a primeira a receber e ficar sabendo... Eu também

Pego o convite branco com letras douradas nas minhas mão sem acreditar ainda

- mesmo depois de tanto tempo, você ainda é importante para mim, Ayla. Eu adorei passar cada momento com você, mas como você me disse "somos perfeitamente errados" eu nunca tinha entendido até agora. Eu te agradeço por me ajudar a amadurecer, foi foi e sempre será meu primeiro amor, mas não o último - essa última frase quebrou meu coração - provavelmente, amanhã já vamos anunciar sobre, então...

- Eu preciso mesmo ir agora - digo me levantando e ele se levanta também - obrigada pelo convite, oficial - ele sorri fraco e me olha com pena?

- espero que não demore para o seu também. Conheceu alguém novo? - como ele tem coragem de me perguntar isso?

- eu... Sim... Mas isso é assunto para outro dia. Até breve, Gavi- digo andando passando por ele que provavelmente esperava um abraço. Sinto que estou sendo observada até entrar na cozinha

- Ayla, você está... - Margareth tenta prrgunta enquanto ando

Vou ao banheiro e me tranco lá,  respiro fundo tentando evitar qualquer tipo de emoção, mas as palavras dele ecoam pela minha cabeça me fazendo desabar em choro, eu achei que tínhamos algo inseparável mas a única que nos separou foi eu mesma. Eu fui tão idiota

...

𝖙𝖍𝖊 𝖜𝖗𝖔𝖓𝖌𝖊𝖉 𝖑𝖔𝖛𝖊 >> 𝕲𝖆𝖛𝖎 Onde histórias criam vida. Descubra agora