Eu costumo ter aquela mania de querer ser vista como ambiciosa e letal. Não que eu não seja, eu sou. Quando digo isso, falo de que há algo extremamente mais reconfortante em ser temida do que ser amada. A sensação de poder que vem ao ser temido é como um fogo ardente: às vezes torturante, mas quando pega fogo, é fácil e duradouro. E é a energia, que me move.
Entretanto, na maioria do tempo sou empática. Eu sinto de mais, sou complexada demais. E é exatamente essa sensibilidade que acaba por minar meus objetivos mais sombrios. Porque, verdadeiramente, como posso ser temida se ainda enxergo a humanidade nos olhos daqueles que cruzam meu caminho? Como posso aspirar à ambição desmedida se cada suspiro de compaixão ecoa dentro de mim como um sussurro indesejado? Não posso ser implacável se ainda carrego o fardo das dores alheias, se ainda me vejo refletida no sofrimento dos outros. Não posso ser letal se, no âmago da minha existência, uma chama de humanidade insiste em brilhar, recusando-se a ser apagada pela escuridão da ambição.
É como se houvesse uma guerra constante dentro de mim, uma batalha entre a necessidade de dominar e a compaixão que insiste em emergir. Às vezes, me pego questionando se essa dualidade é minha maior fraqueza ou minha maior força. Afinal, como posso ser verdadeiramente poderosa se não consigo controlar nem mesmo meus próprios sentimentos? No entanto, é essa mesma dualidade que me torna tão imprevisível, tão irresistível aos olhos daqueles que ousam me desafiar. Talvez seja essa a minha verdadeira letalidade: não a capacidade de destruir, mas a habilidade de equilibrar a crueldade com a compaixão, a ambição com a empatia. É uma dança perigosa, mas é a única que conheço.
Ser temida exige uma frieza implacável, uma determinação inflexível que eu não posso alcançar enquanto minha alma ainda estiver ligada à empatia, enquanto meu coração ainda bater ao ritmo das emoções alheias.
Gostaria de ser mais dura que o chão que piso, mais implacável que o vento cortante.
Posso até demonstrar isso, mas não sou assim.
E é por isso que fiquei igual uma vadia boba quando li aquelas duas mensagens no aplicativo de bate-papo do meu celular.
Dante Alexandre Costa:
"Sonhei com você hoje."
"Como vou te encarar hoje fingindo que não mergulhei nas profundezas dos desejos enquanto dormia?".
Que ridículo...
Dante Alexandre era um idiota se achava que iria me conquistar assim. Aliás, ele já seria um completo idiota se pensasse que poderia me conquistar. Quando disse querer só sexo, era exatamente isso que eu queria dizer. Não há espaço para ilusões ou expectativas, além de sexo. Eu não sou do tipo que se deixa envolver por promessas vazias ou por joguinhos emocionais. Se é apenas sexo que procuro, então que seja isso, sem complicações, sem amarras.
Eu não quero o convencional. Não estou aqui para me apaixonar e me entregar, não estou interessada em construir uma família. Almejo sucesso. E não é o tipo de sucesso que se encontra em abraços reconfortantes ou em laços emocionais. Não, para mim, o sucesso é medido pelo som dos bisturis cortando a carne, pelo cheiro metálico da sala de cirurgia e pela fria precisão das minhas mãos enquanto abro os corpos das pessoas. E só isso será bom o suficiente para me aquietar.
E quem sabe, também uma boa transar, com um homem mais velho, que por acaso é meu professor.
Para mim, as convenções sociais são apenas restrições que limitam minha liberdade. Eu não me encaixo nos moldes tradicionais de relacionamento e não tenho interesse em seguir esse caminho. E entre o mundo e eu.
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Autópsia de Thalia
Romance+18 Ah, o velho e doce clichê... O professor arrogante e experiente, com um passado sombrio, ávido por dominar suas alunas dentro e fora da sala de aula. O Dr. Dante Alexandre Costa poderia muito bem se encaixar nesse estereótipo, se sua aluna brilh...