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Ele bateu suavemente na porta do menino de cabelos escuros e aguardou uma resposta, que foi rápida. Sem hesitar, Minho fez um gesto indicando que deveria entrar, e assim fez Jisung. O quarto era arrumado, não muito limpo, mas para um adulto com a mente agitada, estava organizado. Observou atentamente a foto de Minho com três gatos. Lee percebeu a curiosidade de Jisung, aproximou-se do garoto e sorriu para a foto.

- Eram meus gatos. - Disse sorrindo.

Han olhou para o garoto ao seu lado e fez uma expressão confusa.

- Onde eles estão agora? - Perguntou, sem perceber exatamente o que estava dizendo.

- Hm, eles tiveram que ir embora. - Suspirou triste. - Não podia ter gatos onde eu morava, algo que eu realmente detesto. Bom, me acusaram e eu meio que perdi. Não podia sair do apartamento.

Han nunca teve animais, além daqueles mortos que apareciam no seu quintal. Apesar de seus pais detestarem cachorros ou gatos, ele chegou a considerar ter uma calopsita, mas foi negado. Ficava triste ao saber que Lee tinha perdido algo que realmente gostava; ver Minho aborrecido ou 'pra baixo era um pesadelo. Odiava ver quem gostava triste.

- Bom, agora você pode ter, não é mesmo? Por que não os pega de volta? - Indagou.

- Eles já foram doados, não há volta. Infelizmente. - Colocou as mãos em meus ombros e riu. - Mas está tudo bem! Vai passar.

- Gostaria de fazer algo. - Sorriu de volta, mas com um olhar melancólico.

- Não tem o que fazer, Han. - Acariciou o cabelo do moreno. - Enfim, já tem uma resposta? - Saiu de perto de Jisung, se jogando na cama macia.

- Sim. O Felix aceitou e certamente irei. - Sorriu grande.

- Ótimo. Você vai gostar de conhecer meus amigos. Eles são espetaculares. - Ainda continuou sorrindo.

Jisung gostava disso, mesmo considerando a possibilidade de ficar isolado sem entender nada da conversa. Isso se dava ao fato de não conseguir participar de nenhuma conversa de um jovem normal. Isso também era um motivo para não ter tantos amigos em quase nenhum lugar. E para pensar, ele nunca se interessou em assistir Homem-Aranha ou jogar futebol, o que assusta algumas pessoas.

Jisung resolveu se sentar na ponta da cama, enquanto Lee estava jogado nela. Ambos estavam quietos, e obviamente isso não era um problema, eles estavam gostando disso. Mesmo que tudo estivesse em paz, a cabeça de Han estava uma confusão. Desde que descobriu que Minho era gay, não conseguia parar de pensar nisso. Aquilo ocupou um lugar enorme em sua mente e não tinha como tirar. Com tantas questões e quase explodindo a cabeça, ele disse:

- Como você sabia? - Disse rápido e abriu os olhos surpreso com sua própria pergunta. Tapou a boca rapidamente e olhou para Minho, que arqueou uma das sobrancelhas.

- Como assim? - Ele se levantou um pouco e se sentou ao meu lado.

Jisung destampou a boca e decidiu que ali seria o momento ideal, já que tinha pago o mico de fazer a pior pergunta de sua vida, nada poderia piorar.

- Bom.. sobre você ser gay. - Ele coçou a cabeça e sorriu amarelo.

- Hm. - Fez uma breve pausa, pensando na resposta. - Eu sempre soube que era, mas foi difícil me aceitar.

- Sempre soube? Tipo, desde que você era pequeno? - Aquela conversa estava estranha demais para a cabeça de Jisung.

- Eu não pensava nisso quando era tão jovem, comecei a me enxergar com quatorze. - Disse sério e Han concordou com a cabeça. - Mas eu nasci assim.

Já era demais para a mente de Han, que não tinha ideia de como esse mundo funcionava. Ele era ignorante sobre isso, mas na cabeça dele, isso tudo não tinha problema. Com uma expressão pensativa no rosto, Minho notou que provavelmente tinha confundido ainda mais o garoto, que já estava com a cabeça confusa.

- Bom, mas por que essa pergunta? - disse receoso, olhando para Jisung.

- Não sei, surgiu a dúvida. - virou o rosto e observou atentamente Minho.

- Você tem medo? - Lee chegou mais perto, mantendo uma distância segura.

- Não. - respondeu rápido e direto. - Eu nunca seria isso. - A frase saiu preconceituosa, fazendo Minho suspirar decepcionado.

Mas era mentira; era óbvio que ele tinha dúvidas e medos. Ele se sentia diferente, o tempo todo com receio de "pecar", não queria ser visto como um demônio ou a ovelha negra. Aliás, ele sempre pensava que isso passaria. Seu sonho nunca foi formar uma família, ter uma esposa ou filhos. Esse sentimento o afligiu ainda jovem, quando sua mãe sempre disse que ele deveria arranjar alguém, mas nunca foi sua vontade.

- Han? - Lee chamou sua atenção.

- Hm? - Saiu de seus devaneios.

- Meus amigos são em sua maioria gays. Não tem problema, certo? - Disse baixo, um pouco triste com suas escolhas de palavras na frase anterior. - Eu realmente não me sinto atacado com suas frases, mas eles podem se sentir... Mal, e com razão.

Ele não sabia que tinha sido tão rude assim, mesmo que sua frase tivesse saído naturalmente. Sentiu-se envergonhado e olhou para um canto isolado do quarto.

- É... Me desculpa, não foi minha intenção. Eu só estou acostumado a falar assim. - coçou a nuca.

Lee sorriu de forma suave, vendo que o garoto era sincero e queria aprender.

- Está tudo bem, vamos mudar um pouco mais. Você consegue. - Passou as mãos nos ombros do moreno e sorriu animadamente.

O resto da manhã foi bom, os dois riram muito e resolveram jogar uno. Eles não saíram de casa, mas assistiram a um filme na TV da sala. Jisung gostava de ter alguém para si, para poder rir e se divertir. Ambos tinham muitas coisas em comum, o que contribuía muito para uma conversa prolongada e cheia de descobertas. O bochechudo só sentiu certo tédio quando Lee teve que sair para comprar algumas coisas, com destino à sua aula experimental da faculdade.

Já era tarde quando se lembrou de seu compromisso com Minho e seus amigos. Com certa determinação, foi para seu armário, vendo algumas peças de roupas. Usava a mesma, um all star com plataforma, uma calça jeans escura e uma blusa de sua banda preferida. Ele não tinha muito estilo, mas se tivesse mil peças, onde as usaria? Com certo desespero, vestiu exatamente o look que sempre usava, colocando apenas um casaco jeans por cima. Suspirou cansado no espelho, quando viu que não estava tão bonito. Claro, aos seus olhos, ele se sentia vazio e feio.

Encantados | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora