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Aqui estava Han auxiliando sua mãe a dispor a comida. Todos os domingos repetiam-se essas rotineiras reuniões familiares, sentados à mesa, trocando conversas e degustando a torta de chocolate que sua mãe havia preparado. Após o jantar, inevitavelmente, havia críticas ou observações sobre algo que estava faltando ou fora do lugar. Para sua satisfação, seu primo estava presente para lhe fazer companhia. Depois de ter servido a todos os presentes naquela tarde, Jisung finalmente teve a chance de descansar no sofá com Felix. Os adultos monopolizavam a mesa, não que isso fosse um problema para ele, pois não estava muito interessado em fazer parte daquela conversa.

Enquanto os dois rapazes se acomodavam, desfrutavam de uma conversa franca:

— Não posso acreditar, Felix! Sua mãe vai ficar furiosa. — O jovem bochechudo comentou, rindo baixinho.

— Ah, por favor, sou maior de idade, ela não vai me prender por muito tempo. — O loiro respondeu, olhando nos olhos de Han. — E você também, Ji, já tem dezenove anos, aproveite um pouco mais.

Jisung estava ciente de que não desejava desapontar seus pais. Seu foco principal era concluir sua graduação em administração e conquistar um emprego sólido. A ideia de se casar com uma mulher não se alinhava com seus planos, mas ele sabia que sua mãe estava disposta a arranjar um casamento a qualquer custo.

— Você sabe o que eu penso sobre isso. Só quero concluir meus estudos, e isso já é um grande passo para mim. — O jovem de cabelos escuros respondeu, com uma nota de apreensão em sua voz.

E assim eles conversam, e Jisung sabia que não precisava se esconder com seu primo. Ele tinha uma ligação com o loiro, ele sabia todos os segredos mais sombrios e como ele considerava, muito pecaminosos. Principalmente aquela onde ele se sentia bem com outros homens, sentia coisas novas e jurava que era passageiro. Mas nunca foi.

Os dois rapazes foram pegos de surpresa quando os familiares foram receber a tão esperada visita, eles tinham um sorriso enorme. Felix e Han se levantaram e rapidamente olhando pela janela que dava a vista ao quintal da casa. De longe dava pra ver um homem de cabelos brancos, uma mulher com um vestido longo e um jovem. O menino, que possa ser considerado o mais deslumbrante. Jisung olhou para Felix, que tinha seus olhos fixos nos visitantes.

A casa de Han era relativamente grande, era uma residência bem antiga, mas aconchegante. Com dois andares bastante quartos, o menino nunca teve problemas com espaço. Entrando na casa os visitantes pareciam bem nervosos, mas sua mãe tentava deixar tudo muito amoroso. Felix e Han percebendo que logo entrariam em casa, subiram para o quarto do rapaz. Eles olharam um para cara do outro e riram envergonhados.

— Caramba. — Felix disse, colocando a mão no peito; ele estava ofegante. — Que jovem espetacular.

— Bem... ele tem um cabelo interessante. — Han disse, envergonhado. Não revelaria que achou o rapaz um Deus grego.

— Apenas o cabelo? Ele é completamente bonito. — Sorriu Felix, deixando claro o quanto achava o jovem atraente.

Jisung riu, mas agradeceu quando ouviu a voz de sua mãe chamando alto. Na verdade, ele não sabia se estava agradecido por não ter que continuar a conversa com o rapaz atraente ou ansioso por ter que descer e conhecer os visitantes de perto. O nervosismo de Jisung era quase palpável, suas bochechas estavam rosadas, o cabelo grudado na testa e ele estava um pouco suado.

— Vamos lá, desça. — O loiro sorriu amplamente e ergueu as sobrancelhas de forma sugestiva. Jisung riu, achando-o um pouco atrevido.

Então, com um pouco de medo, ele desceu. Enquanto caminhava, as escadas pareciam ter encurtado instantaneamente, e ele podia sentir os pelos de seu corpo se arrepiando. Quando ele pisou no último degrau, o rangido da madeira fez com que todos olhassem para ele. O garoto queria desmaiar de tanta vergonha.

— Olhem quem está aqui, meu garotinho. — Sua mãe se aproximou e passou a mão em seu cabelo.

O restante de sua família parecia ter desaparecido, sabendo o quanto sua mãe agia de forma falsa nessas situações. Sempre tentando demonstrar algo que não era, mas Jisung não se importava mais. Ele estava acostumado a receber visitas de parentes de fora, e a atitude de sua mãe não o surpreendia mais. Han foi conduzido ao centro da sala, de frente para a família que o observava sem reservas. Claro que o garoto, nesse momento, estava totalmente vermelho e sem jeito para falar, mas não podia se fazer de mudo.

— Olá, meu nome é Han Jisung, tenho dezenove anos, e espero que gostem de estar aqui. — Ele fez uma reverência discreta e sorriu.

— Ótimo, filho, ajude o Minho a levar as coisas deles para o quarto de hóspedes, por favor. — A senhora disse, e logo o jovem deslumbrante fixou o olhar no bochechudo, que aceitou o trabalho prontamente.

Os olhares dos dois jovens se encontraram, e o clima ficou um pouco tenso, pelo menos para Jisung, pois Minho parecia bem à vontade. Pegando suas coisas e seguindo o dono da casa, eles pararam em um quarto, que era um tanto antigo, mas estava muito limpo e organizado, com uma cama e um guarda-roupa. Jisung deu espaço para que Lee entrasse, e os dois ficaram no quarto.

— Obrigado. — Minho disse, colocando sua mochila na cama e observando o ambiente aconchegante. — Meu nome é Lee Minho.

Jisung tinha a sensação de que a voz daquele rapaz era completamente diferente e agradável de ouvir, era suave e, sinceramente, nada estranha. Han não disse nada, apenas assentiu com as mãos na cintura e um sorriso angelical. Ele gostaria de falar, mas estava tão nervoso que isso era notável, mesmo que ele não quisesse demonstrar.

— Com licença. — Disse Han, saindo do quarto e fechando a porta. Naquele momento, ele soltou o ar, como se estivesse segurando a respiração desde que desceu. Foi para o final do corredor e abriu a porta de seu quarto, onde encontrou Felix mexendo no celular.

— Demorou um pouco. — Ele revirou os olhos, mas logo sorriu. — Como foi?

— Terrível, né? — Jisung se jogou na cama.

— Terrível? Como assim?

— Fiquei travado, e ainda tive que ajudar o Minho, que tentou falar comigo, mas tudo o que consegui dizer foi "com licença", como um robô. — Suspirou.

— Minho? — Felix ponderou. — Você já sabe o nome dele, que fofo. — Felix apertou as bochechas do rapaz deitado.

— Não tem nada de fofo nisso. — Jisung revirou os olhos.

Encantados | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora