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A noite se desenrolava de forma terrível. O cansaço e a preocupação se misturavam nos semblantes dos rapazes enquanto retornavam à casa de Hyunjin, que os acolheu calorosamente, oferecendo-lhes um refúgio temporário. Com cuidado e alguma dificuldade, conseguiram colocar Han, que estava profundamente adormecido, no quarto de hóspedes, onde poderia descansar. Minho ofereceu-se para ficar um pouco com o rapaz, e Felix, percebendo a necessidade de um momento a sós, concordou, decidindo conversar com Hwang na sala abaixo.

Na sala, a conversa entre Felix e Hwang era triste, carregada de significado. Minho, por sua vez, permanecia ao lado de Han, observando-o atentamente enquanto dormia. Ambos já tinham uma ideia do que estava acontecendo, pois haviam escutado parte da conversa anteriormente. A noite parecia interminável.

- Meu primo é incrivelmente talentoso, cuidadoso e atencioso. Como minha tia pôde ter coragem de fazer isso? - Sua voz ecoava com indignação enquanto expressava seus sentimentos. - Ele sofria tanto, apenas por... por sentir algo mais profundo. Por amar. Tudo o que ele queria era cuidar de sua mãe, Hyunjin. - As lágrimas começaram a rolar por seu rosto, sua voz se quebrando com a intensidade das emoções.

"Eu entendo." O loiro se ergueu e envolveu o corpo frágil de Felix, que permanecia sentado no sofá. "Vai ficar tudo bem, querido. Ele vai superar, e você..." Ele interrompeu o abraço, olhando profundamente nos olhos de Felix. "Você é um garoto incrível." As palavras foram ditas com sinceridade, carregadas de emoção e compaixão.

Felix estava fervendo, seu rosto corado e as mãos suadas. "Que sentimentos estranhos", pensava o loiro consigo mesmo. Eles se abraçaram novamente, afastando qualquer preocupação que os afligisse. Naquela casa, naquele momento, só existiam os quatro, pois os outros, ao perceberem a situação de Han, decidiram partir. No entanto, Hyunjin logo recebeu várias ligações de Seungmin e Christopher, preocupados por não conseguirem contato com Jisung.

No quarto silencioso, Minho se permitia um gesto de carinho, fazendo um leve cafuné na cabeça do adormecido, que resmungava suavemente durante o sono. Sentado ao lado da cama, Lee Lee se sentia culpado de certa forma, uma culpa incompreensível por nutrir sentimentos que não deveriam existir, mas que teimavam em se manifestar pelo rapaz ao seu lado.

A sensação de proximidade física e emocional o perturbava, mas ao mesmo tempo, trazia um conforto inexplicável. Ele parou o carinho ao notar que Han virou-se, abrindo levemente os olhos. Seu rosto, rosado e um pouco inchado pelo sono, transmitia uma vulnerabilidade que o tornava ainda mais delicado aos olhos de Minho.

- Ei, acordou? - Lee quebrou o silêncio, sua voz suave rompendo a quietude do quarto. O olhar de Minho buscava uma reação, talvez um sinal de que Han estivesse despertando para a realidade ao seu redor. O coração de Lee batia um pouco mais rápido, ansioso pela resposta do rapaz  antes adormecido.

- Infelizmente. -  disse Han, entre um suspiro cansado, sua voz carregada de resignação. - Onde estou? -  Ele se levantou rapidamente, sentando-se e encostando as costas na cabeceira da cama, buscando compreender a situação ao seu redor. O olhar confuso de Han encontrou o de Minho.

- Voltamos para a casa de Hyunjin. -  pronunciou Han, sua voz ecoando no quarto, preenchendo o espaço com uma atmosfera densa e carregada de significado. O silêncio que se seguiu pareceu mais profundo do que antes. O olhar de Minho encontrou o de Han, buscando compreender o turbilhão de sentimentos que pareciam dominar o outro.

- Você ouviu, né? - Jisung falou baixo, coçando a nuca, totalmente envergonhado. Seu tom de voz era quase um sussurro, carregado de constrangimento e timidez. Ele parecia se retrair diante da possibilidade de ter sido ouvido, revelando uma vulnerabilidade que raramente demonstrava.

- Eu sei que está sendo difícil, Ji. -  disse, tentando compreender os sentimentos do garoto ao seu lado. - Eu só queria dizer que, independentemente de tudo, estou com você. Agora, você é minha prioridade. - articulou com segurança, suas palavras carregadas de empatia e sinceridade.

Jisung não resistiu à graciosidade de Minho e o abraçou com força, surpreendendo-o. O gesto inicialmente simples rapidamente se transformou em um abraço mais longo e reconfortante, à medida que as emoções transbordavam. Minho, tocado pela sinceridade e pela intensidade do momento, retribuiu o abraço com igual força e calor.

O que começou como um simples gesto de apoio se transformou em um momento de vulnerabilidade compartilhada, um momento em que as barreiras emocionais se desfizeram. Jisung, com suas emoções à flor da pele, não perdeu a oportunidade de finalmente expressar o que estava guardando, suas palavras ecoando no ambiente carregadas de significado e emoção.

- Eu gosto de você! Eu amo você. E não importa se for pecado. Eu prefiro ir para o inferno, do que fingir algo que não sou. -  declarou Jisung, sua voz embargada pela intensidade das emoções. Cada palavra carregava consigo a força de seus sentimentos, a determinação de ser autêntico, mesmo que isso implicasse em desafiar convenções e enfrentar possíveis consequências.

Minho ainda chorava, abraçando Jisung com firmeza, como se não fosse capaz de soltá-lo. O gesto era mais do que um simples abraço; era um ato de apoio incondicional, um símbolo da conexão profunda que existia entre os dois. O choro de Minho misturava-se com o de Jisung, criando uma sinfonia de emoções que preenchia o ambiente com uma intensidade palpável.

- Meu garoto não vai para o inferno. Você é um anjo, Han Jisung. Meu anjo. Delicado, amado e fofo.- disse Minho, seus olhos brilhando com ternura enquanto elogiava Jisung. - Eu te amo, Han Jisung. Você é tudo, tudo que eu poderia desejar. -, continuou, abraçando-o com mais força e acariciando seus cabelos. Cada palavra era carregada de amor e admiração, um testemunho sincero dos sentimentos profundos que nutria por ele.

E assim ficaram, abraçados, até que o sono os vencesse. Felix e Hyunjin, percebendo o silêncio vindo do quarto, bateram levemente na porta. Ela foi aberta por Hyunjin, que os encontrou dormindo em uma conchinha, cobertos por um lençol grosso. O gesto era uma imagem de serenidade e conforto, um reflexo do vínculo que se estabeleceu entre eles naquela noite emocionalmente intensa.

- Será que posso dormir aqui esta noite? -  perguntou Felix, sorrindo ao lado de Hwang, enquanto observava a cena.

- Claro. - Hyunjin olhou para Felix, um sorriso caloroso iluminando seu rosto. - Vamos logo, antes que os apaixonados acordem e nos encontrem aqui de forma estranha. - O tom descontraído escondia uma ternura genuína, uma cumplicidade que se formara entre eles naquela noite. Juntos, saíram do quarto, deixando para trás a imagem reconfortante de Minho e Jisung dormindo pacificamente.

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