❦ 𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐦𝐚𝐝𝐫𝐮𝐠𝐚𝐝𝐚 𝐯𝐞𝐦 ❦

Capítulo Dois - "Não se sinta mal quando todos esses fodidos se afogarem"

A pior parte de uma mulher que luta pelo nosso direito

De estar onde pertencemos, na linha de frente

Cansadas de sermos silenciadas e educadas

Suas pernas se transformam em escamas cintilantes durante a noite

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Yashiro girou o cajado em sua direção, frustrando-se ao atingir apenas o ar. Engolido pelas sombras, Amane desviou, exibindo suas presas afiadas em um enorme e perverso sorriso. Não deixou se amedrontar. A garota foi atrás, invocando um chicote d'água e o lançando na direção do rei youkai, atingindo sua capa por um fio. A água seguiu seu fluxo, indo de encontro a uma árvore e a quebrando com sua brutalidade. Ao contemplar a madeira ceder pelo choque, Amane assobiou.

- Impressionante! - Ele encarou-a vir em sua direção, bloqueando seu ataque com a adaga - Esse corpinho delicado tem mais força que aparenta! Minhas costelas ainda estão doloridas, sabia?

Ofegante, Yashiro deu um passo para trás após uma série de investidas. Os reflexos de Amane eram veneráveis, algo que ela já devia esperar vindo de um ser milenar. Precisava de um plano, e também não se deixar distrair por suas palavras provocativas. Sabia que ele estava fazendo isso apenas para desestabilizá-la. Enquanto raciocinava, observou de canto de olho sua sombra fosca devido à meia-luz se distorcer lentamente, tomando forma de um espinheiro. Ela pulou para longe quando o mesmo quase a atingiu, o jogando para outro canto com uma linha de água. Ouviu risadas, e ao encarar à sua frente, viu Amane erguendo mais ramos da penumbra, que rapidamente avançaram em sua direção.

Utilizando da água como impulso, ela saltou sobre a barreira de espinhos e preparou um contra-ataque, quebrando as sombras com uma forte onda que invocou do laguinho ali perto. Utilizou da mesma para que avançasse na direção do youkai, que sumiu em meio às sombras para evitar o ataque. Sentiu algo acuminado envolver seu tornozelo, e antes que fosse puxada para o chão, enrolou a ponta de seu cajado no espinheiro e o puxou, arrancando-o da posse de Amane e fazendo-o esboroar-se em cinzas. Os espinhos desgarraram de seu tornozelo, formando pequenas nódoas vermelhas, como dentinhos, por debaixo da meia longa. Ardia, mas nada que não pudesse lidar.

Usando seu chicote d'água, ela dissipou os espinhos de caligem em um golpe bem elaborado, surpreendendo até mesmo Amane. Admirava o potencial da garota, apesar de ser uma humana. Sua cauda se agitou, e ele pareceu empolgado.

- Quando soube que o Cajado da Sereia havia sido resgatado, não imaginava que encontrariam um portador tão cedo - Mais uma vez ele sumiu entre as sombras, surgindo por trás de Yashiro. A mesma não parecia tão surpresa, e já havia aprendido alguns de seus padrões - Mas olha só você! Manipulando esse artefato celestial com maestria! Eu tiro meu chapéu para você.

Ele levanta o quepe em um gesto sarcástico, e Yashiro o encara com desdém.

- Não preciso de sua apreciação! - Frente a frente um com o outro, ela ponta o cajado em seu peito, ao fundo, movimentando a água ao redor deles como as bordas de um ringue. Amane encarou de soslaio e riu, voltando para os olhos dela. Um doce amargo que ele adoraria saborear. Deu um passo audacioso em sua direção, encostando a ponta do cabo no seu peito com uma postura desafiadora.

- Você parece muito confiante para uma garotinha que acabou de sair do colo da mãe - Eles circulavam um ao outro, prestando atenção em qual deles faria o próximo movimento. Notando a forma como as ondas ao seu redor escureciam, ela foi a mais rápida em tomar uma atitude.

- E você fala demais para alguém que já deveria estar morto! - Aproveitando a distração dele, Nene usou a ponta oposta de seu cajado para empurrar a adaga de suas mãos, e antes que ele pudesse reagir, o chutou para dentro da onda que se aproximava, mandando-o bons metros para trás. Soltou um suspiro aliviado, e correu até a Adaga de Pedra Lunar a fim de pegá-la antes que se perdesse em meio ao caos dos ataques.