Capítulo Sete - "Isso pode ser a perfeição, ou veneno gotejando em sua boca"

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Há um lado bom

Para cada coisa errada

Se você estiver olhando para mim da maneira certa

Há escuridão em meu nome

Você não quer vir brincar no lado divertido?

- Eu avisei que era uma má ideia! Não avisei, Sakura?!

- Acho que já estava bem óbvio - Respondeu desinteressada. Seu chá era mais importante no momento - Essa é uma atitude bem desesperada, Amane-san. Não combina com você.

A linha carmesim no horizonte preludia mais um amanhecer ensolarado. Reclusos em uma sala, assistindo as últimas brasas queimar na lareira, o rei youkai partilhava companhia com seu irmão e uma convidada indesejada. Tsukasa realmente não sabia como segurar a língua, ainda mais quando se tratava da kodama anciã, a quem perseguia para todos os cantos como um gatinho guardando sua dona. Sim, aquela descrição era perfeita para o gêmeo mais novo. Amane disse para cuidar de Sakura, e não explanar todo seu plano para ela. Agora teria que contar com o silêncio da maior disseminadora de informações - vulgo fofoqueira - que habitava a Floresta dos Esquecidos, sem falar de todos os olhares de julgamento que recebera da moça. Bem, de um jeito ou de outro já previa que ela descobrisse, por isso confiou com a ajuda de Tsukasa. Sakura conhecia cada árvore nos limites daquele território, e constantemente conversava com elas em busca de possíveis ameaças e histórias comprometedoras. As saídas de Amane certamente seriam notadas.

- Se vocês têm um plano melhor, sou todo ouvidos - Resmungou para o teto. Amane se encontrava esparramado no sofá e carrancudo, balançando inquietamente sua cauda. Seu retorno ao reino completava poucas horas, tudo que precisava era de descanso, algo impossível perto do gêmeo hiperativo.

- Simples: Por que não sequestra alguém e tenta barganhar pela quebra do selo? - Tsukasa se apoiou no respaldo do sofá, encarando o irmão com um olhar confuso.

- Um sequestro chamaria muita atenção, Tsukasa - Respondeu lentamente, como se citasse algo óbvio - A ideia é manter nossas jogadas em segredo. Ameaçar a garota pode fazê-la recorrer aos exorcistas, o que além de esgotar nossas chances, irá revelar que estamos sem mais opções para romper nossos selos. Não dá para arriscar.

- E você confia tanto que essa humana irá concordar com algo do tipo? - Sakura franziu a testa em desdém.

- O que ela tem de força, tem de estupidez também! Não foi difícil convencê-la a aceitar o acordo, essa garota realmente acredita que pode tirar alguma vantagem de mim.

- Na hipótese de que isso não dê certo, o que irá fazer depois?

- Vai dar certo, Nanamine! Não existe outra possibilidade! - Ele bufou - Estamos nessa há séculos, e sequer chegamos perto de conseguir bons resultados! Nossa única vantagem por agora é o elemento surpresa; com o artefato em mãos, eles devem pensar que iremos atrás de meios alternativos de quebrar o selo, e ficarão de olho nisso. É improvável que cogitem eu estar jogando nas regras deles.

- Até porque isso é insanamente impossível! - Tsukasa riu, debochado - Sério, Amane! A vadia Minamoto usou cada gota do poder dela para garantir que não saíssemos dessa!

- Sim, e o fato das condições implicarem o envolvimento de um exorcista é porque eles tinham certeza que jamais você conseguiria tal proeza.

- Agradeço pelo otimismo de vocês. Só que até agora não ouvi nenhuma outra sugestão que me faça descartar esse plano - Revirando os olhos, ele cobriu a face com o antebraço a fim de evitar qualquer contato visual. Aquela conversa era desgastante e completamente desnecessária. Talvez um pouco de álcool e descanso melhorassem seu humor.

❦ 𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐦𝐚𝐝𝐫𝐮𝐠𝐚𝐝𝐚 𝐯𝐞𝐦 ❦Onde histórias criam vida. Descubra agora