08.

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— Eu não sou o cantor do casamento — ele diz, antes de eu dar um passo.

Eu paro.
— Não é?

— Não.

Viro e olho para ele. Agora o cara está sorrindo para mim, um sorriso muito lindo.
— Então, o que você está fazendo aqui?

— Eu gosto de invadir hotéis e tocar canções tristes na suite nupcial — ele responde, e seu sorriso se torna mais largo.

— Escolha de carreira interessante — digo.

— Sim — ele concorda — Mas paga mal.

E se ele for maluco? Susurra minha voz interior. Um doido de São Paulo. E se invadiu a suíte nupcial? O que eu vou fazer?

Mas ele não parece maluco. Agora que está sorrindo, parece ser uma pessoa muito legal. Mesmo assim...

— Por que essa cara séria? — Ele pergunta.

— Estava pensando.

— Em quê?

— Você não é... Maluco... É?

Ele ri alto
— Não. Ou sim, mas de um jeito bom. Descobri que a vida é muito melhor se você enlouquecer de vez em quando.

Faço que sim com a cabeça. Definitivamente é algo que faz sentido para mim.

— Qual o seu nome? — ele pergunta, pegando o violão e devolvendo ao pedestal.

— Pedro.

— Pedro — soa realmente bem na voz dele — Eu sou o João Vitor, mas pode me chamar de Jão. E belo sotaque imagino que você seja mineiro. Acertei?

— Sim.

— Legal. E é fotógrafo?

— Sim. Amador, mas um dia espero ser profissional. Minha mãe está cuidando da organização do casamento que vai acontecer aqui, por isso me pediram para fazer algumas fotos dos bastidores. E você, por que está realmente aqui?

— Realmente? — ele inclina a cabeça para o lado, ainda sorrindo.

Confirmo movendo a cabeça.

— Minha mãe também está trabalhando no casamento.

— Sua mãe?

— Sim, Catarina. Ela cuida do buffet.

— Ah, eu conheci a Catarina — Respiro aliviado. Ele não é maluco. Eu conheci a mãe dele.

— Eu dei carona para ela hoje de manhã, e ela disse que eu podia ficar pelo hotel, desde que não atrapalhasse ninguém — João - ou melhor, Jão - continua — Passei por aqui, vi o vilão e não resisti.

— Você é músico então?

Ele sorri de um jeito engraçado.
— Não, não realmente, é só uma coisa que faço no meu tempo livre. Está com fome?

— O quê? Ah, sim, um pouco.

Ele pula de cima do palco. Quanto mais se aproxima, mais lindo ele fica. Seus olhos são castanhos como os de Catarina e, como os dela, parecem brilhar quando ele sorri.

— Vamos ver se Catarina tem alguma coisa pra gente comer. Mas antes... — ele me encara — Você pode dizer "trem", por favor?

— Quê?

— "Trem." Por favor, você pode falar para mim?

Dou risada e balanço a cabeça, ele é maluco, definitivamente, mas é um maluco do bem.

— Tudo bem. Trem.

— Ha! — Ele bate palmas com entusiasmo — "Trem" — imita — Adoro o jeito de falar de vocês, mineiros. Vamos — e começa a andar em direção da cozinha.

O cheiro na cozinha é incrível. Uma bancada está coberta de fileiras de tortinhas de geleia e ninibolos prontos para ir ao forno, enquanto a outra é ocupada pelos mesmos doces recém-assados. Catarina está perto da pia lavando uma vasilha.

— Oi mãe — Jão diz ao entrar — Tem alguma comida que precise ser testada? O Pedro e eu estamos morrendo de fome.

— João! — Catarina exclama com alegria, como se não o visse há anos — Pedro! — ela diz ao me ver — Vejo que já se conheceram.

— Sim, o Pedro me pegou fingindo ser o cantor do casamento.

Ela parece confusa.
— Fingindo ser o cantor do casamento? Mas...

— Esquece... Acho que você tinha que estar lá — Jão olha para mim e pisca, depois se vira novamente para a mãe — O que você está fazendo? — e olha para assadeira de tortinhas de geleia.

— Ah, não — Catarina o afasta com um pano de prato — São para o casamento.

— Todas?

— Sim, todas. Mas se quiserem...

Nesse momento minha mãe entra pela cozinha como um furacão.
— Aconteceu um desastre! — grita, provocando uma reação alarmada em mim, Catarina e Jão. Mas eu sei que não é tão grave, já vi minha mãe reagir assim desse jeito por ter queimado a torrada.

— O que foi? — Pergunto.

— A tiara quebrou! — Ela revela, olhando com surpresa para João, depois para mim — Quebrou bem no meio, e a noiva quer usar essa Tiara autêntica. Não sei o que fazer! Já deixei mensagem em vários lugares, mas... — O celular da minha mãe toca e ela atende — Alô? Ah, sim, obrigada por ligar de volta. Estou procurando uma tiara eduardiana... É para um casamento que vai acontecer amanhã, então é uma emergência.

Todos nós ficamos em silêncio.

— É mesmo? Quanto custa? E em que condições está? Ah, que ótimo. Obrigada. Sim. Hoje à tarde. Obrigada. Até logo — Minha mãe suspira aliviada — Tudo bem — diz para nós — uma loja na rua das noivas tem uma tiara — Mas o sorriso desaparece logo em seguida — Como vou a rua das noivas se ainda tenho que acompanhar a prova do vestido das daminhas? E tenho que ver o bolo. E conversar com os noivos — Ela levanta as mãos.

— Tudo bem — diz Catarina dando um sorriso tranquilizador — O João pode ir buscar a tirar para você.

— Claro — ele confirma.

— João é meu filho — Catarina explica.

— Ah, entendo. Desculpe — minha mãe diz, estendendo a mão — Não me apresentei.

— Não tem problema — Jão responde ao apertar a mão dela — Qual o número da loja?

Minha mãe anota o endereço, e ele olha para mim.

— Quer ir comigo, Pedro, e conhecer um pouco de São Paulo?

— Tudo bem, mãe? Seria legal sair um pouco — olho para minha mãe.

Ela nem olha para mim, já se distraiu com uma mensagem no celular.
— Sim, sim.

Eu me aproximo e sorrio para ela.
— Vai dar tudo certo.

Ela sorri de volta.
— Obrigada, querido. Vou ligar para a loja e pagar a tiara com o meu cartão de crédito, assim não corro o risco de ela ser vendida para outra pessoa antes de vocês chegarem lá. Obrigada, pessoal.

— Por nada — Responde Jão. Em seguida olha para mim e sorri — Vamos, gatinho.

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Oi pessoal! Estava pensando em postar outra fanfic, algo autoral.

Tenho duas opções, qual vocês preferem que seja postada primeiro?

1. Um fake dating, inspirado em i can see you da taylor
ou
2. Uma fanfic com várias one shorts, inspirada em músicas da Taylor; e vocês vão poder ir escolhendo as músicas.

A que vencer eu posto o primeiro capítulo no final de semana. Beijos.

garoto online | pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora