Os louros da beleza

39 3 0
                                    

Brasil, Salvador, Bahia.

Março de 1950…

Real São João, o mais antigo e tradicional teatro do estado baiano, possui esse nome que remete ao príncipe regente D. João VI, foi inaugurado em outubro de 1813. Esse local servia de palco principal da representação dos valores culturais, estéticos e políticos da elite soteropolitana de uma das cidades mais ricas das Américas no início do século, Salvador foi a primeira capital do país, estava acontecendo o evento nacional de Miss Brasil, onde a vencedora concorrerá no final do ano a vaga de Miss universo universo em Los Angeles, nos Estados Unidos.

A favorita, a queridinha do público e das revistas de famosos, é nada mais, nada menos que Hinata Hyuuga, filha de Hannah Yuhi Hyuuga, a primeira mulher a ser duas vezes consecutivas Miss Universo, dona de uma beleza ímpar e invejável.

Hannah fazia de sua filha uma boneca de luxo, sim, desde pequena foi treinada para ser como sua mãe, uma projeção de ela, uma cópia, literalmente falando, já que eram muito parecidas fisicamente, com exceção dos olhos, que são semelhantes ao do pai, a pequena Hyuuga já ganhou muitos desfiles infantis mundo a fora e agora era hora de ser apresentada a alta roda da sociedade baiana no seu décimo nono ano de vida.

Mas não era para menos, a moçoila perolada era dona de um corpo perfeito, seios avantajados, quadris largos, pele alva, longos cabelos azulados e olhos raríssimos pertencentes a uma das famílias mais tradicionais e respeitadas da cidade.

O rosto angelical da menina mulher, faziam os olhos masculinos vibrarem em luxúria, em desejo, mas apenas um homem era seu prometido, o que falta dizer que nem ela sabia desse pequeno detalhe importante, portanto não o amava, na verdade não gostava muito do rapaz, tinha seus motivos, eles sabiam bem, mas não se importavam se isso a machucava, Hinata não sonhava com uma vida traçada por sua mãe, teria as rédeas de sua vida, eles gostando ou não, não importava o custo disso, ela estava disposta a pagar!

Seu pai, o poderoso Hiashi poderia até governar um verdadeiro império com sua eficiência e inteligência, mas pecava quando fazia simplesmente todos os gostos da sua deslumbrada e espetaculosa esposa.

Os Hyuuga tem origem nipônica, migraram para Bahia a muitos anos atrás, fugindo da guerra, e logo se juntaram à elite soteropolitana.

O casal tinha dois filhos, Hinata e seu primogênito Neji, rapaz extremamente sério, uma cópia do pai, austero, alto, másculo, longos cabelos castanhos, olhos enluarados, com traços lilases que os tornavam ainda mais raro e pele de dar inveja em muita mulher, um luxo, um pecado na forma masculina, mas esse seguiu os passos do patriarca, aos 23 anos era o mais promissor dos partidos da cidade, o sucessor do grande clã.

Os Hyuugas moravam em uma mansão no bairro do Rio vermelho, onde viviam ali no mínimo três gerações, seu pai Tokuma Hyuuga de noventa e sete anos, ainda tinha certa influência e ditava muitas regras por ali, a religiosidade ainda era algo predominante, ainda eram seguidos não só pelos familiares deste clã, mas todas as famílias que quisessem ser consideradas de bem.

O governador era o imponente Tobirama Senju, um homem justo, mas que adorava frequentar um bordel de luxo, para desespero da sua esposa Mei, que fazia parte das damas que brigavam pela tal moralidade e costumes da época. A década de 50 era regida por regras sociais duras, ouso dizer até que sua senhora, uma das fiéis mais devotas, ajudava as pautas da sociedade com costumes patriarcais e tudo era pecado e coisa do tinhoso, do cabrunco, de Satã, o mesmo se dava com o idoso prefeito Hiruzen, que era conivente com as senhoras do lugar.

Nesta época as mulheres não podiam se separar, eram mal vistas por isso, desprezadas, e largadas à margem, as moçoilas priorizavam o casamento como objetivo maior de suas vidas, mas para isso acontecer, se faziam necessário seguir o modelo posto dessa época, qualquer deslize poderia envergonhar e enlamear o nome da família perante a sociedade. já haviam alguns progressos, trabalhavam fora, como professoras, empregadas domésticas e copeiras.

A dama do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora