As buscas de Gaara

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Ele já tinha ido a capital soteropolitana, passou dias buscando no clube social da nata de Salvador as ex-amigas, colegas e entes próximos, bem como colegas de passarelas e desfiles, até algum possível ficante, ouviu de tudo, claro que nas falas tinham raiva, despeito, inveja e algumas amigas que só não falaram com ela porque sua família proibiu, seria um escândalo na sociedade ser amiga de uma meretriz, mas gostavam dela de verdade.

Outras com um veneno escorrendo no canto da boca chamava a de maquiavélica, enquanto uma nos bastidores e cuchias retrucava: — Mas maquiavélica com quem, cara pálida? Só se for com ela mesma, porque a Hina fodeu a própria vida, ela era uma deusa, poderia ter o homem que quisesse, não entendo essa escolha. — Falou triste.

O mais impressionante foi um ex namoradinho da moçoila, parecia muito chateado  — Ela é sádica, tinha gosto em fazer os homens sofrerem, deixá-los sob seus pé, isso era uma necessidade doentia de fazer as pessoas se apaixonarem por ela, ela tinha sindrome de rainha, queria súditos e não um amor!

Era hora de conversar com a beldade, sempre jogam cartas em uma salinha no bordel, Gaara contava o que descobriu nas suas andanças.

— Vai ficar mudo, ruivo? — Desembucha "homi de Deus".

— Não, apenas pensando na jogada em que vou lhe ganhar!

— Boa sorte! — Retrucou a morena. Mas me diga Gaara, tens notícias do Santo?

— Soube que ele recebeu um convite do Arcebispo Dom Geraldo para viajar por todo interior da Bahia pela arquidiocese para a campanha da fraternidade.

— "Ah, é? Será que ele volta? Só por curiosidade mesmo. — Falou com seus olhos de lua meio apagados.

O que eles não sabiam era que Naruto se julgava estar tomado pelo tal "mal Hyuuga", não largava o bendito sapato, mesmo que isso lhe causasse dor física, literalmente falando.

Sasuke por muitas vezes insistiu que ele devolvesse o objeto tão desejado pela dama da noite, mas a resposta era a mesma sempre: Um sonoro NÃO!

De uma coisa o Uchiha tinha certeza, o Uzumaki estava perdidamente apaixonado pela Hyuuga, sabia que isso não foi planejado por ele, viveu o celibato toda sua vida, foi testemunha disso, entregou seu melhor a igreja desde pequeno, foi coroinha, Frei da ordem dominicana e tornou se finalmente padre para a alegria unica e exclusiva de sua devotada mãe.

O Uchiha sabia que quando isso vazasse algum dia, Naruto enfrentaria seu pior pesadelo, além das muitas fofocas e do julgamento por toda cidade agrestina, a sua mãe seria a mais difícil de enfrentar, isso contando que ele não resistiria a beleza da morena com olhos de lua.

Para muitos clérigos em relacionamentos sérios, deixar o sacerdócio é complicado, principalmente nesta década de sessenta, alguns padres falam dos procedimentos aviltantes pelos quais têm que passar para que possam abdicar do ministério, agravados pela falta de apoio dos bispos, que muitas vezes tentam fazê-los mudar de ideia a qualquer custo.

Sasuke estava por dentro de tudo que acontecia com seu amigo Uzumaki, mas uma noite dessas ao lado da rosada perguntava se também não estava em uma "sinuca de bico", amava uma meretriz, sua mãe nunca o perdoaria se a assumisse, seria uma guerra na família, se abriu com Itachi que apenas ria de sua desgraça pessoal, — Essa luta é sua, irmãozinho tolo, só você pode dizer se vale a pena ou não estar com essa mulher, — Falou o primogênito Uchiha.

Passado alguns dias criou coragem para falar o que estava sentindo por sua dama briguenta, durante a noite, depois do intenso sexo ele a olha no fundo dos olhos e diz:  — Quero fazer a você uma confissão.

— Eu te amo.

— O queeee? — Perguntou atônita com a fala do moreno.

— Você me aceitaria na sua vida, Sakura?

— Sasuke! — Eu não sei…

— Não deseja sair dessa vida, mulher? Ter uma família pra chamar de sua?

— Não é isso, eu também amo você, mas sua vida seria um verdadeiro inferno por minha causa, não desejo isso, prefiro ser infeliz a te ver sofrer.

— Então… Fica comigo! — Eu te amo muito...

— Eu não posso fazer isso com você, Sasuke!

Sakura se levantou da cama, largou o lençol de seda branco, pegou a toalha pendurada e se enrolou nela, caminhou nervosamente ate o criado mudo, abriu a gaveta, pegou um maço de Continental, seu isqueiro, puxou um cigarro e acendeu, e logo em seguida soltou uma longa baforada.

— Está me dispensando? —  Indagou o triste rapaz.

— Não. Apenas pedindo um tempo para absorver toda essa informação, então ela apagou o cigarro no cinzeiro nervosamente indo na sua direção e olhando-o nos olhos e disse: — Eu também estou loucamente apaixonada por você, Uchiha, não duvide disso nem por um segundo sequer, foi o unico homem a fazer meu coração bater apressadamente.

— Eu vou dar um tempo a você e quando tiver uma resposta, seja ela qual for, sabe onde me encontrar, mulher!

— É … eu sei!

Dias se passaram e fofocas rolavam nos jornais da época, não que isso já não tenha acontecido, mas tão incisivamente, foi a primeira vez que um coronel muito rico, produtor de cacau em Ilhéus na Bahia, ele realmente queria se casar com Hinata.

Ofereceu seu nome, seu dinheiro e seu prestígio, nem mesmo o passado dela era importante, tal fato virou assunto em mesas de bar, revistas de fofoca e rádios locais.

O generoso fazendeiro daria-lhe o mundo, palavras dele, disse que Hinata era como um presente de Yemanjá, uma verdadeira sereia, uma rainha e como tal, deveria ser tratada adequadamente.

"Eu sabia que com todo esse bafafá do coronel Theodoro ele ligaria com alguma desculpa para saber dela", pensou Sasuke rindo sozinho na sua cadeira giratória.

— Como você está, Uchiha? Alguma novidade?

— Sabe o mesmo que eu, Naruto, diga logo o que deseja saber!

— Ela aceitou se casar? Diga apenas sim ou não, meu coração está quase parando e não suporto a idéia de saber que isso possa verdadeiramente acontecer.

— Não sei, dizem que ela vai dar uma entrevista para Temari, mas posso conversar com ela, se desejar.

— Não. Os planos de Deus não podem ser modificados, amigo! Apenas estarei aqui pedindo ao pai do céus que faça a coisa certa!

O telefone tocou, ele já espera por isso, mas foi surpreendido com aquela voz angelical, era Hinata, queria se aconselhar, havia recusado mais uma proposta de casamento, já havia contado a Gaara e Temari, agora contaria em uma entrevista na rádio.

— Eu já agradeci a ele toda generosidade, explicando a sua recusa, o porquê não poderia se casar com quem quer que seja.

— Porque diz isso, Hinata? — Perguntou a jornalista.

A resposta poderia ser simples e direta, mas ninguém esperava por isso:

— Eu amo um outro homem, — Disse Hinata, é um amor impossível, mas ainda assim devo ser fiel a ele até a minha eternidade, não vou enganar ninguém, nunca o fiz e não seria agora que jogaria sujo com alguém, vendo o prazer a terceiros, mas meu coração é inegociável.

O telefone da rádio não parava de tocar, eram tantas dúvidas, perguntas de todos os tipos, uns elogiavam a sinceridade da mulher, outros a chamavam de vadia, puta, meretriz e outros adjetivos penorativos, alegando que ela não desejava largar a orgia para ter uma vida decente. Tudo isso tornou a diva ainda mais famosa.



A dama do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora