13. Promessas sussurradas entre as ondas.

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"Há um ignorado mistério suave cercando esse mar cujos doces movimentos parecem falar de alguma alma oculta sob suas águas [...]."
Herman Melville, Moby Dick.

Joshua terminava de arrumar as malas de Jeonghan

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Joshua terminava de arrumar as malas de Jeonghan.

Nesses dois dias, o humano trancou o curso e comprou uma passagem só de ida para a capital. Jeonghan decidiu sair de Andrômeda de vez. Joshua o apoiou em todo processo, mesmo sabendo que, no momento que Jeonghan saísse da cidade, ele esqueceria tudo e todos dali. Ele esqueceria de Joshua. A sereia nunca sentiu tanta tristeza em toda sua vida. Apenas o mais breve pensamento de se separar de Jeonghan lhe trazia uma dor dilacerante que partia de seu peito e se espalhava por todo seu corpo. Joshua não queria deixá-lo. Joshua queria tê-lo só para si. Joshua queria ser egoísta. No entanto, o bem-estar de Jeonghan era mais importante para a sereia do que sua própria vida.

— Você realmente não quer ir comigo? — Jeonghan disse, baixinho. Ele estava deitado na cama, embaixo das cobertas. Joshua parou o que estava fazendo e se virou para o outro.

— Eu não posso.

— Você não me ama?

— Eu amo, Jeonghan. — Joshua deitou-se ao lado do humano, afagando-lhe os cabelos — Amo muito.

— Então, venha comigo. Eu comprei uma passagem para você. — Jeonghan murmurou, se aproximando do outro — Está ali em cima da mesinha.

— Jeonghan...

O humano tocou os lábios alheios com delicadeza, tentando memorizar sua forma. Joshua sentia seu coração querer pular do peito. Era incrível, não importa quanto tempo passe, Jeonghan sempre teria Joshua na palma de sua mão.

— Eu vou te esperar até o último minuto na rodoviária amanhã de manhã. — Jeonghan disse, convicto. Joshua apenas riu, ele sempre amou essa teimosia de Jeonghan.

Ao anoitecer, Joshua deixou Jeonghan, que acabara adormecendo, e foi até a praia. Não tinha uma luz ali, a maré estava alta, raivosa. Algo aconteceu, algo que provocou o oceano e seus deuses. Joshua, no entanto, não quis saber. Apenas ficou ali, parado, ouvindo as ondas quebrarem na areia, aborrecidas. Ele sabia o que deveria fazer, mas valeria a pena? Tentou se recordar da época em que vivia no mar, nadando com os peixes e outras sereias, mas a memória era fraca, sem sentimento. Joshua pensou que aquela vida era a melhor que poderia ter, mas, na verdade, sua vida só começou a ter sentido após conhecer Jeonghan. Uma risada amarga serpenteou pelos seus lábios.

Se abdicar de quem ele realmente era fosse consequência para uma vida inteira com Jeonghan, então que assim seja.

Após se decidir, a sereia entrou na água e nadou até o fundo do mar, até sua cauda doer de exaustão.

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