40 - Surpresa

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AMÁLIA DAVIS

Foram quase 30 dias fora. 30 dias que passaram voando. Parece que estamos em outra realidade de espaço-tempo. Agora, desembarcando no aeroporto de Milão, sinto-me apreensiva. Talvez seja o medo de que ainda não tenha acabado. Talvez seja pela nuvem escura que caiu sobre Paolo no momento em que Milão pôde ser vista da janela do avião. Ele não está com Henry em seu colo e o seu olhar parece obscuro. Ou, talvez, seja a preocupação com o futuro. Antes eu estava mais preocupada com a proteção de meu filho e não me importava se não tinha um teto sobre a minha cabeça, mas agora... me vejo sem direção.

Estamos caminhando rumo ao carro, mas qual endereço darei? Não quero que sejamos um peso para os vizinhos. Não quero aceitar ajuda de Paolo. Preciso pensar...

— Amália?

Ergo a cabeça e vejo Paolo segurando a porta do carro para mim. Eu não havia me dado conta de que já estávamos aqui.

— Obrigada — agradeço pela sua gentileza, sorrio e entro.

É verdade que Paolo tem se mostrado gentil ultimamente. Apesar da casca-grossa de frieza, eu sei que ele sente. Sempre soube.

Olho para fora do carro, onde o corpo dele pode ser visto, mas, em poucos segundos, ele se abaixa e se senta ao meu lado. Eu me sinto tendo sido pega em flagrante e minhas bochechas esquentam.

Paolo está muito perto, tanto que seu perfume invade o meu espaço íntimo e entra em meu corpo. Ele demonstra que vai se virar para mim e o meu coração vem parar na boca. Pretende me beijar aqui, perto de todos?

— Está tudo bem aí atrás, filhão? — ele pergunta praticamente em cima de mim, para poder olhar para o Henry e para o meu pai no banco de trás.

O frio na minha barriga é cortante e eu não posso perder essa oportunidade única de satisfazer as minhas mãos. Sim, tenho mil preocupações em minha mente, mas meu corpo virgem anseia por Paolo.

Tudu bem, papai! — Henry exclama.

— Logo chegaremos em casa — Paolo responde, e é neste momento que as minhas mãos, de maneira desinibida, tocam em seu abdômen. Chego até a sentir os gominhos, fazendo-o recuar de volta ao seu lugar.

— Paolo, você está sobre o meu cabelo — resmungo para disfarçar o meu atrevimento.

Sinto seus olhos sobre mim, porém mantenho o olhar para a frente. O motorista já começou a dirigir.

— Perdão — ele diz ao meu ouvido e eu me seguro para não fechar os olhos, com a sensação deliciosa que o timbre da sua voz me causa.

— Está tudo bem. — Olho-o, com um sorriso gentil, sentindo a pior das vergonhas arder em meu rosto.

— Que chelu de pum! — Henry diz alto, no banco de trás.

— Não fui eu — meu pai responde.

— Não sinto nada — digo e olho para Paolo, que parece desconfortável com esse assunto, mas sorri, constrangido.

— Alguém neste carro precisa ir ao banheiro — ele murmura, virando o rosto para trás. — É um dos senhores.

Henry cai na gargalhada. Eles já são íntimos um do outro. Aconteceu mais rápido do que imaginei.

Mordo os lábios. Meu coração mole se alimenta de qualquer resquício de carinho.

***

Quando vejo que estamos seguindo o trajeto para a minha casa, sinto-me aliviada porque Paolo não planeja nos conduzir segundo as suas decisões. Sim, estou com problemas, não vou negar, mas pretendo encará-los de frente e não deixar que resolvam tudo para mim, como da outra vez. Estou fugindo disso.

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