41 - Ele me quer

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AMÁLIA DAVIS

— Olha isso, Amália. A janela está funcionando perfeitamente! — Meu pai abre e fecha a janela de seu quarto, maravilhado, como se fosse um menino com um brinquedo novo.

— Claro que está, papai. Não é a sua velha janela, é outra, apesar de aparentar ser a mesma — sorrio, dizendo o óbvio.

— Paolo Caccini é um bom homem. — Ele sorri e ergue o neto no colo, pois Henry estava se pendurando em suas pernas.

Olho ao redor, para os móveis, para a decoração e utensílios. A casa está completa. Tem até roupas em meu closet minúsculo adaptado. Para Henry e meu pai também. Isso é muito mais do que foi queimado. Paolo não economizou nenhuma moeda, e isso me deixa apreensiva. Logo eu, que não queria o dinheiro dele, aceitei rápido demais. Eu não me sentiria assim se não fosse pelos meus sentimentos confusos em relação a ele. Talvez eu aceitaria numa boa se ele fosse apenas o pai do meu filho e estivesse fazendo isso por ele.

Dona Lúcia e meu pai já fazem parte do fã clube de Paolo e o têm como um santo homem. Incrível.

— Acho que podemos continuar de onde paramos, Amália. Nem tudo está perdido. Nada está perdido!

— Sim. É um novo tempo. — Suspiro, com as mãos na cintura.

A campainha da casa toca e eu vejo o semblante do meu pai escurecer quando ele olha pela janela.

— Papai, o que foi? — Sinto medo de mover as pernas para ver quem é.

— Ricardo Caccini está aqui.

Meu corpo todo congela e Henry sorri no colo de meu pai após ouvir o nome do avô paterno. Engulo em seco. Ele é apenas uma criança, o único inocente que realmente sofre com tudo isso. Não tem culpa da mãe burra que tem, que aceitou fazer parte disso tudo.

— Eu vou lá, papai. Irei enfrentá-lo. Ele não fará nada, né? — questiono, com a mão em meu coração.

— Segure-o. Deixe que eu vou dessa vez. Esse homem não fará nada para a minha filha e o meu neto. — Ele me entrega Henry, com determinação, e começa a se afastar antes que eu consiga reagir.

— Vovô Ricaido. — Henry se remexe em meu colo.

— Depois, filho. Depois. — Abraço-o.

Pego o meu celular e digito uma mensagem para Paolo, desesperada. Ricardo Caccini é o lobo mau que me assombra nos meus piores pesadelos.

"Paolo, seu pai está aqui em casa. O que ele quer? Eu não o quero aqui." — Envio, com os dedos tremendo.

Alguns minutos se passam e eu sondo pela janela. Logo o carro de luxo vai embora.

— Fique aqui, está bem? Fique aqui na cama do vovô — instruo Henry, que acena positivamente, um pouco assustado devido aos meus ânimos.

Corro para fora do quarto e desço as escadas, apoiando-me na parede. Dou de cara com meu pai vindo em minha direção, segurando um urso nas mãos.

— Amália...

— O que é isso? Jogue fora — digo, alterada.

— É um presente para o Henry.

— Pode ter uma bomba aí. Jogue fora. — Pego da mão dele o urso enorme, corro para fora de casa e o deixo no portão. — Isso pode explodir, papai — murmuro, voltando para dentro.

— Amália, você está exagerando. O criminoso não é o senhor Ricardo. Ele está apenas tentando consertar o erro que cometeu. Apenas isso.

— Eu não entendo o senhor. Se esqueceu de tudo que ele fez para mim e para o neto dele?

Um Filho Para O CEO Adormecido Onde histórias criam vida. Descubra agora