PAOLO CACCINI
Que desesperador. Além de duas mortes, uma descoberta. Sinto-me frustrado. Eu deveria ter me esforçado mais para que pudéssemos nos tornar uma família normal.
O médico continua a falar, mas suas palavras se transformam em um zumbido distante à medida que eu tento processar a enxurrada de emoções. O peso da culpa, da perda e da revelação se misturam e me levam à beira do desespero. Meu pai, que sempre foi uma figura forte em minha vida, para o bem ou para o mal, agora se foi, e não tem mais volta. Nunca mais poderei olhar nos olhos dele e exigir uma explicação. Nunca mais poderei pedir que ele demonstre afeto por mim ou que ame o meu filho.
— Senhor Caccini, precisamos discutir os procedimentos seguintes — o médico tenta me trazer de volta à realidade.
Assentindo, tento focar minha atenção nele, mas tudo ao meu redor parece embaçado. Minha mãe, ao meu lado, está tão atordoada quanto eu.
— Onde está Lorenzo Russo? Quero ver o corpo. — Respiro com força. — Ele está no necrotério deste hospital?
— Irei verificar para o senhor. Só um instante. — Acena e se afasta.
Minha mãe está sentada na cadeira, com as mãos no coração.
— Deseja que uma enfermeira lhe administre um calmante? — pergunto ao constatar seu estado.
— Não. Eu quero sentir cada partícula deste sofrimento, já que é a única coisa física que me resta do Ricardo — ela lamenta e volta a chorar.
Fico de pé, em desespero, sem saber como ajudá-la.
Porra! Que merda! — penso, com as mãos na cabeça.
***
Não teve jeito, uma enfermeira deu um sedativo para a minha mãe, que se abalou ainda mais ao saber que o corpo do esposo já estava sendo preparado. Estou ao lado de fora do hospital, com o celular no ouvido, conversando com o delegado.
— Sim. Não sei em quem confiar. — Olho para o chão. — Alessandro recebeu alguma visita recentemente?
— Muitas. Alessandro era bem relacionado — responde com a voz sonolenta.
— Preciso conversar com Luca Amaro. Ele deve ter informações. Os homens dele estavam vigiando Lorenzo Russo. — Estou com um nó na garganta.
— Eu consigo te colocar em contato com a máfia. Darei um jeito.
— Certo.
— Eu vou começar a trabalhar nisso agora mesmo. Depois retorno com mais informações. E, ah, senhor Caccini, meus sinceros pêsames — ele diz com a voz abafada.
— Certo. — Desligo o celular, sem saber o que responder diante dessa última frase.
Recuso uma ligação de Amália e lhe envio uma mensagem, dizendo que em breve retornarei. Não quero preocupá-la com isso. Ela não tem que se sentir mal por mim.
Não sei o que resolver primeiro. Estou perdido.
— Senhor. — Ouço a voz de Edy e me viro para o receber. — Senhor, sinto muito pela sua perda — ele fala com tristeza e toca em meu ombro com compaixão.
— Você conseguiu o que eu pedi?
— Passei em frente à casa de Lorenzo. Lá está tudo cercado, virou cena de crime.
— Porra! Então, é verdade. Alguma notícia sobre o assunto?
— Não consegui saber de nada sobre Lorenzo, mas, senhor, infelizmente, tenho uma notícia que pode mudar tudo.
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Um Filho Para O CEO Adormecido
RomanceAmália foi surpreendida por uma situação delicada em que se viu sem escolha senão ceder às chantagens de seus credores e carregar em seu ventre o filho de Paolo Raccini, que está em coma há três anos. Os pais de Paolo estavam preocupados com a possi...