Capítulo 36 - Sufoco

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Marília Mendonça  |  Point of View




— AHHHHH! – Acordo assustada. Sinto uma grande claridade em minha visão e me acostumo um pouco até conseguir enxergar em volta. Percebo, aos poucos, que estou dentro do carro de Maraisa no banco do motorista, no meio do nada, parecia até um deserto. Ainda zonza, olho para mim e percebo que estou apenas de cueca e uma camiseta, o que aconteceu?! Olho para o banco do passageiro e vejo Maraisa deitada com a cabeça na janela ainda de olhos fechados, também está com as roupas de baixo, de calcinha e sutiã.

— Maraisa. – A balanço mas nada acontece. — Maraisa! Amor, Maraisaaaa! – A chamo mais alto, mas ela não acorda.

Começo a ficar desesperada, desço descalça, dou a volta no carro até o banco do carona e abro a porta.

— Isa, Maraisa! – Bato de leve em seu rosto.

— Huuumm, oi, o que foi? – Ela fala meio grogue.

— Graças a Deus. – Falo aliviada quase chorando.

Ela, como eu, demora até se acostumar com a claridade do lugar, olha pra tudo tentando entender o que aconteceu, mas acredito que ambas estamos no mesmo barco. Volto até onde estava sentada um pouco mais calma por ela ter acordado.

— O que aconteceu Lila? – Fala ela pegando em minha mão com uma carinha assustada. — Cadê as nossas roupas?

— Não sei Isa, não tenho a mínima ideia do porque estamos aqui e assim.

— Foi aquele chá! – Diz ela.  — Tinha alguma coisa naquele chá doido indiano.

— Pode ter sido... porque eu não lembro nada do que aconteceu desde a hora que bebi aquela coisa.

— Eu também. – Diz ela assustada.

Depois de nos situarmos, tentamos usar o nosso celular, mas o da Maraisa está sem sinal e o meu está descarregado.

Olho em volta do carro a procura de algumas coisa para nos vestir encontrando algumas roupas nossas jogadas no chão, encontro um short perdido de Maraisa e uma camiseta minha e entrego para ela vestir, encontro uma bermuda e a visto também.

— Ainda bem que a gente costuma deixar algumas roupas nossas sempre jogadas no seu carro, imagina ter que dirigir só com as roupas de baixo. – Digo enquanto nos vestimos.

— Vamos sair daqui Lila, vai saber que lugar é esse no meio do nada.

Tento ligar o carro e ele começa a engasgar, tento de novo e ele não funciona. — No visor diz que está sem combustível.

— Sem gasolina Isa! – Falo pra ela.

— Porque isso não me surpreende... com certeza a gente deve ter dirigido para cá até a gasolina acabar.

— E o pior é não lembrarmos de nada, como a gente conseguiu fazer isso? – Maraisa abre os braços sem saber explicar.

— E agora, o que a gente vai fazer? – Pergunta ela. — Estamos no meio do nada, sem gasolina, o posto mais próximo deve ser a quilômetros daqui.

Tentamos pensar em alguma coisa e eu me lembro de algo.

— Já sei! Tomara que ela esteja aqui. – Saio do carro.

— O que Lila?

— Minha bicicleta, ela costuma ficar no seu porta-malas. – Desço do carro descalça e a areia quente do lugar queima meu pé. — Ai, ai, ai droga! – Praguejo enquanto vou ao porta-malas.

— Por favor esteja aqui. Por favor esteja aqui. – Peço aos céus.

Abro o porta-malas e encontro minha bicicleta lá.

GEEK - malilaOnde histórias criam vida. Descubra agora