“Na última semana, dia 42 do verão, um escândalo aconteceu em frente ao centro de cerimônias matrimoniais. Pelo que soubemos, a única filha de uma das maiores famílias de venda de tecidos, Lilyn, foi abandonada em cima do altar, por quem viria a ser seu noivo, o filho mais novo de uma das maiores famílias de venda de tinta, Floren. Ainda não temos muito mais informações sobre o ocorrido, apenas que ele deixou uma carta a ela. Infelizmente ainda não sabemos seu conteúdo ou onde Floren está. Mas estamos usando todos nossos recursos para encontrá-lo, por isso fiquem ligados…”
Anila parou de ler quando viu pelo vidro a família de Lilyn entrando no Posto. Clicou no holograma mágico da notícia, que se desfez em uma névoa amarela e se recostou na cadeira, enfiando as mãos nos bolsos. A família de Lilyn, composta por ela própria e seus pais, pareceram confusos ao ver a família de Floren ali, mas logo sua confusão se desfez quando Nilo, que os escoltava, pediu que se sentassem e então lhes deu a notícia.
Os olhos de Lilyn, uma mulher alta com pele branca, cabelos, olhos e asas alaranjadas, se arregalaram. Ela levou a mão à boca, e Anila teve certeza que se já não estivesse sentada, ela cairia. Seus pais tiveram reações semelhantes. Anila não escutava o que eles diziam do outro lado do vidro, porém Lilyn começou a falar, e logo a mãe de Floren se levantou, avançando em cima dela completamente alterada.
Todos se levantaram, os Guardas e os familiares tentando separar as duas. Nardo, o irmão de Floren, se pôs entre elas, gritando com as duas. Seu pai afastou sua mãe e ele puxou Lilyn para o lado, que chorava compulsivamente.
Ficaram um tempo assim, tentando se acalmar. Logo Nilo caminhou na direção da sala, e a abriu. Ele suspirou quando fechou a porta.
— Que caos — disse olhando para o vidro, que apenas quem estava dentro da sala conseguia ver. Do outro lado, parecia apenas uma parede.
Nilo caminhou em sua direção, lhe entregando um papel dobrado.
— A tal da carta que ele deixou.
Anila a pegou, analisando o material, os detalhes. Tinha os mesmos detalhes que a vestimenta matrimonial de Floren. Era um papel do casamento. Estava em bom estado.
O nome de Lilyn estava em cima, escrito com uma letra leve. Ela abriu o papel, lendo o conteúdo com atenção.
“Lilyn. Eu gostaria de poder dizer isso de outra forma, gostaria que sentassemos como seres decentes, ou até que gritassemos um com o outro como fazíamos de vez em quando. Mas eu simplesmente não consegui. Não sou um ser bom, não sou um ser digno de você. Lamento dizer mas estava certa em todas as suas desconfianças, eu tenho uma amante, já há um tempo, mais do que deveria ter sido. Eu sei que não deveria ter traído a sua confiança, mas a gente brigava tanto e eu estava tão estressado e ela apareceu e… eu jurei que seria só uma vez, e na segunda vez que seria só aquela e na terceira… eu não… eu sinto muito. Queria poder explicar isso pessoalmente, queria que nada disso tivesse acontecido, mas eu não conseguiria te encarar. Até ontem eu pensava que ainda poderia dar certo, que poderíamos seguir em frente e que isso seria um maldito segredo que eu faria questão de recompensar, mas eu não conseguiria esquecer, eu não conseguiria esquecê-la. Achei alguém tão ferrado quanto eu, alguém que me aceita como eu sou. E isso não é um ataque a você, apenas… … você merece o melhor. Eu não sei mais o que posso dizer, apenas sinto muito, espero que tenha uma boa vida.
Floren.”— Intenso, não? — Nilo perguntou sentado sobre a mesa. Anila lhe ergueu uma sobrancelha.
— Você já leu?
— O que? Não posso ler não?
— Fofoqueiro. — Ele levou a mão ao peito.
— É meu trabalho! — Anila riu lhe passando a carta.
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A morte do noivo
FantasyCrimes são comuns na cidade de Luft, por isso, a detetive real, Anila, não se impressiona quando recebe mais um caso para resolver: um homem morto em um beco. Porém, se surpreende ao descobrir que ele vestia roupas matrimoniais e que a pouco tempo h...