Eu acertei

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      Anila colocou os pés sobre a mesa da sala de interrogatórios, seus olhos estavam fechados e em suas mãos ela segurava uma caneca quente de chocolate. Chovia noite afora, e seu corpo cansado aproveitava o som, sendo interrompida poucas vezes pelos gritos de Lilyn, quando ela conseguia quebrar a barreira de som de sua cela. Aquela mulher era mesmo forte. Anila se sentiu amarga, tanto talento desperdiçado.

      Ao seu redor, seus companheiros também tomavam um café, olhando para ela ainda meio incrédulos. Anila havia sido certeira em quase tudo que disse antes do vídeo ser revelado.

      Achava que Dálian tinha conversado com Floren depois que o irmão dele, seu pai, outros parentes e amigos da família e seu sogro saíram da sala. Contando a ele o que tinha acontecido, Floren foi embora da cerimônia arrasado, com mágoa, com raiva, como descrito por quem o viu. Quando notaram sua ausência e foram atrás dele, Nardo encontrou Dálian e a reconheceu, a confrontou e ela contou o que aconteceu.

      Nardo teria ido atrás do irmão, ou de Lilyn se ela soubesse e tivesse ido atrás dele. E ou para proteger a honra dela, ou para protegê-la caso ela tivesse ido com ele e Floren tentasse algo, ele o teria matado. Todos estavam procurando por Floren em todos os lugares, se Nardo ou qualquer outro sumisse por algum tempinho ninguém acharia estranho.

      Quando voltasse escreveria a carta como se fosse seu irmão abandonando Lilyn por ter uma amante.

      Dálian saberia que foi Nardo quem matou Floren, e Nardo a teria ameaçado de a matar ou qualquer outra coisa se ela contasse, poderia até mesmo ter ameaçado machucar Lilyn, era um homem agressivo, Dálian acreditaria.

      Mas quando descobriram o corpo e Anila não foi atrás de informações de terceiros e decidiu focar neles, Nardo teria achado que Dálian revelaria o que aconteceu, e teria jogado a culpa nela.

      Anila também tinha o presentimento de que Lilyn tinha algo a ver com a história, que ela não era apenas alguém a parte e que estava envolvida no assassinato. A carta em bom estado lhe provava isso. Não havia um amassado de raiva, ou uma mancha de uma lágrima de tristeza. Só não imaginaria que Lilyn seria a mais fria ali, e que teria sido a que tentaria matar Floren.

      Depois que todos foram presos, para não pegarem uma pena maior, confessaram tudo que tinha acontecido. Ninguém de fato deu falta de Lilyn e Nardo na cerimônia, todos ocupados e espalhados demais. E na noite daquele mesmo dia os dois foram até a casa de Dálian e montaram a história que Dálian contou e mais uma.

      Ou diriam que ela era mesmo amante de Floren, e que eles planejavam fugir mas ele foi pego quando se separam, e ela pensou que tinha desistido e a deixado quando ele não apareceu. Ou a versão que Dálian contou, caso descobrissem que ela era na verdade amante de Lilyn. Mas essa era apenas em último caso.

      A ideia de Nardo e Lilyn sempre foi culpar Dálian. Ela era a mais “fraca” ali, hora ou outra por medo ou culpa, diria a verdade. Mas para que Dálian se mantivesse calada, pelo menos por um tempo, eles criaram as histórias. Nardo também deixou o porta-retrato de Dálian lá, pois imaginava que a Guarda desconfiaria que não era qualquer um que conseguisse aplicar aquele golpe que ele aplicou.

O vídeo que entregaram seriam uma outra prova. O que melhor para incriminar alguém do que um ataque? Anila poderia ter acreditado, em toda a história deles. Era um bom plano, não podia negar, e Lilyn foi muito rápida em retirar o feitiço que a fazia parecer com Dálian. Um plano quase perfeito.

      Até mesmo Dálian não tinha reparado no retrato até Anila falar sobre ele. Mas depois de pensar um pouco desconfiou do que Nardo pretendia fazer. Então tentou fugir, mas a Guarda chegou antes que ela o fizesse. Em momento algum pensou que Lilyn pudesse estar tramando contra ela, e não revelou nada mesmo sendo pressionada quando foi capturada, nem ficou contra Lilyn mesmo após tudo ser revelado.

      Mas depois que descobriu o que Nardo e Lilyn pretendiam fazer com ela, Dálian contou todos os detalhes dos planos que tinham criado.

      Agora os três estavam presos por assassinato, e seriam levados a julgamento na manhã seguinte. Anila já sentia pena dos Guardas que ficariam no turno da noite ouvindo os gritos de Lilyn. Provavelmente dariam a ela algum tipo de tranquilizante.

      — Então… — Nilo começou, um grande sorriso se abrindo em seus lábios, Anila abriu um olho, ele olhava para ela. — Acho que tenho uma nova mestra agora, não?

      — Não, eu não falhei.

      — Ãn? Mas você estava errada sobre Lilyn não estar metida nisso tudo.

      — Eu nunca disse que ela não estava metida em tudo, disse apenas que talvez sim, talvez não, não dei uma certeza.

      — Mas você também disse que Nardo saiu atrás de Floren.

      — E também disse que poderia ter saído junto com Lilyn se ela tivesse envolvida. O que ele de fato fez.

      — Ma.mas é diferente! Você errou!

      — E acertei. Não tinha uma certeza, nossa aposta era se eu errasse estando cem por cento convicta de que estava certa.

      — Mas… mas… — Oleandro riu de Nilo, que puxou os próprios cabelos gritando frustado. — Aaaaaarrrrrrrrg.

Fim.

Tadinhos dos Guardas que vão ter que ficar de vigia deles

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Tadinhos dos Guardas que vão ter que ficar de vigia deles. Eles que lutem Kkkkkk

Anila, nossa detetive inteligente, sempre atenta aos detalhes. Mas o Nilo também chegou perto hein?

O que vocês acharam do conto?

Lembrando que ele é o primeiro da série de contos trimestrais que eu vou publicar por aqui. Todos eles serão casos da Anila.

A morte do noivoOnde histórias criam vida. Descubra agora