Cap 1 - Algo interessante acabou de aparecer.

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A sala de aula estava quase vazia, iluminada apenas pela luz amarelada que vinha da janela ao fundo. A senhora, cabelos grisalhos presos em um coque frouxo, segurava uma pilha de papéis com esforço evidente. Havia uma mistura de cansaço e determinação em seu rosto, moldado por décadas de ensino e paciência.

— Mew querido, você pode me ajudar? — Sua voz era gentil e necessitada.

Mew se levantou de seu lugar próximo à porta, um sorriso largo e aparentemente genuíno iluminando seu rosto. Seu uniforme estava impecável, como sempre, e ele irradiava uma postura de aluno exemplar.

— Claro! — Respondeu com doçura, aproximando-se rapidamente. — Deve ser difícil segurar tudo isso, e a senhora sabe que eu sempre ajudo com prazer. — Completou, com uma entonação que beirava a perfeição.

Ele pegou a pilha de papéis, notando com um olhar rápido e astuto os detalhes na capa do documento de cima. "Prova de Física" estava escrito em letras grandes, e mais abaixo, a data. Um pequeno sorriso quase imperceptível cruzou seus lábios antes que ele voltasse a fitar a professora, que agora limpava os óculos distraidamente.

— Sempre um doce querido. — Disse ela, dando um leve tapinha em suas costas. — Queria que existissem mais garotos como você. A maioria só quer ir embora correndo, mal esperam chegar no portão para começarem com coisas erradas.

O tom dela mudou, um pouco melancólico, enquanto soltava um desabafo.

— Você é uma dádiva, Mew. Responsável, educado, nunca se envolvendo com essas coisas sujas do mundo. Ah, meu filho podia aprender com você... Mas não, ele só me dá desgosto. Semana passada...

Mew continuava andando ao lado dela, os corredores da escola se estreitando ao som de seus passos e do eco da voz da professora. Apesar da expressão atenta, ele já não ouvia nada além de ruídos distantes. Um pensamento pairava em sua mente: "Quando essa velha vai calar a boca?"

Quando chegaram à sala dos professores, o espaço estava vazio. A professora foi direto ao armário, retirando uma chave de seu bolso. Enquanto ela se concentrava em destrancar a porta, mas um barulho de papel caindo chamou sua atenção.

— Oh, querido, deixe que eu pego. — Disse ela, com um riso leve antes de Mew se abaixar. — Não estou tão velha assim.

Ela se abaixou para pegar a folha, sem perceber que Mew havia calculado a queda perfeitamente. Ele apenas observava, com o rosto neutro, enquanto ela balançava a cabeça para o ventilador ligado.

Após organizar os papéis no armário, ela sorriu para ele.

— Obrigada, querido. Você é realmente um anjo. Sempre que precisar, estarei por aqui.

— Claro, professora. Também sempre estarei à disposição. — Respondeu Mew, embora seu sorriso tivesse desaparecido assim que ela se virou. Agora, com as mãos nos bolsos, ele saiu da sala sem pressa, a postura relaxada e uma expressão ligeiramente debochada.

No corredor, ele voltou a ser o centro das atenções. Colegas o observavam passar com olhares de admiração e inveja. Para todos, ele era o exemplo perfeito: bonito, educado, intocável.

Pouco depois, ele desapareceu atrás de um dos prédios da escola, onde um pequeno grupo de garotos fumava e conversava em voz baixa. Ao vê-lo, Ohm deu o alerta:

— Ele chegou.

Todos os olhares se voltaram para Mew, cheios de expectativa.

— E então? Conseguiu? — Perguntou Ohm, tirando um pod do bolso e o colocando na boca. Antes de ouvir a resposta, Mew estendeu a mão, pedindo o dispositivo. Ohm riu, soltando a fumaça. — Só não vai me dar herpes, hein? — Brincou ao entregar o pod.

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