Capítulo 3

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Skyler Rosewood

Ok, pensei que seria mais fácil abaixar esse tanto de mato que tem envolta da minha casa.

Eu estava errada, estou há pelo menos 2 horas aqui e não tem nem metade do tanto que precisa ser tirado.

A casa está localizada em uma estrada de barro onde há poucas casas, do outro lado da estrada só conseguimos ver árvores, mato e terra.

Até agora não vi nenhum vizinho por aqui, talvez sejam idosos e não saiam de casa.

Coloco a tesoura de jardinagem no chão e volto para dentro de casa.

Abri a geladeira e pego a garrafa de água colocando um pouco no copo.

Tomo tão rápido que parece que toda água do mundo irá acabar.

- Olha só quem está viva...

Ouço uma voz grossa e dou um pulo para trás deixando o copo cair no chão e se estilhaçar.

- Aaaah - dou um grito - Quem é você?- coloco a mão no peito ao ver o homem na minha frente.

Me encosto no balcão procurando por algum objeto que eu possa me defender e seguro uma frigideira.

Meu corpo congela por um minuto e consigo ter a visão perfeita da barba grisalha e das roupas rústicas, as botas pretas e o olhar marcante.

O homem que transava no celeiro desativado está na minha frente e eu entro em pânico.

- Desculpe, achei que a Penny estaria aqui hoje. Não sabia que ela tinha alugado a casa. - a expressão dele é desconsertante, como se tivesse sido pego de surpresa.

- Você conhece ela? - pergunto franzindo o cenho.

- Sim, sinto muito ter entrado na sua residência. - ele abaixa a cabeça e se vira com uma expressão dura no rosto. - Passar bem.

Ele é bonito, bem bonito.

Chuto que tenha uns quarenta e poucos anos, as pequenas rugas e marcas de expressão deixam um pouco evidente isso.

- Ela não alugou a casa. - dou um pequeno gritinho antes que ele vá embora, então seu corpo gira pra mim sem nenhum interesse no que eu disse - Essa casa é dos meus pais, tia Penny cuidava de tudo enquanto estávamos fora. E sugiro não invadir a casa dos outros, ou chamarei a polícia da próxima vez.

- Já disse que não sabia que tinha alguém morando aqui. - ele aumenta o tom de voz e me encara - Quer que eu repita mais uma vez, criança?

Ah não, criança?

- Vai se foder seu velho, sai da minha casa agora. - avanço com a frigideira escutando o barulho dos cacos na minha bota de jardinagem, mas ele nem se move, apenas me encara sério.

- Você tem uma linguinha bem afiada, melhor manter ela dentro da sua boca se não... - seus olhos me encararam com fervor e com uma mensagem de que uma promessa iria ser feita ali mas eu não deixei ser completada.

- Se não nada, sai daqui agora.

Ele apenas me encara com ódio e vira as costas me deixando ter uma visão do seu tronco forte.

Que homem mais arrogante, não é possível.

—•—

- Você até que fez um bom trabalho, cabritinha.

Gus observou o quintal com a grama parcialmente baixa.

Passei o dia limpando o terreno e jogando várias coisas no lixo, estou destruída e só queria me jogar na minha cama e dormir por dois dias.

Minha vida no Brasil era relativamente fácil, eu trabalhava e fazia algumas coisas em casa e as vezes a rotina era monótona e chata.

Eu gosto dessa nova vida.

- Vamos logo que eu estou morrendo de fome. - entrei no carro dele e coloquei o cinto.

- Vou levar o carro que está nos fundos da fazenda pra arrumar, se quiser pode ficar com esse para quebrar um galho. - ele diz dando partida no carro.

- Tudo bem Gus, eu não sei dirigir mesmo. - ele me olha incrédulo e solta uma risada.

- O tio Rony nunca te ensinou a dirigir?

- Não, no Brasil as coisas não são calmas como aqui pra você sair dirigindo sem habilitação por aí e outra meu pai trabalha demais pra perder tempo com algo que eu posso fazer em uma autoescola.

Conversamos um pouco e em 30 minutos estou na fazenda sendo recebida pela minha tia.

Nos últimos dois dias minha vida virou de pernas pro ar, eu me sinto viva, em casa e feliz.

O jantar foi tranquilo e muito gostoso, comemos e conversamos, Gus me apresentou a sua namorada, Kristine e nos demos muito bem.

- Tia, será que podemos conversar? - perguntei enquanto eu lavava a louça.

- Claro, filha. O que houve? - ela parou com o pano de prato em cima do ombro e me encarou preocupada.

- Hoje um homem entrou lá em casa, ele falou da senhora e...

Parei por aí, eu não ia comentar que vi o homem transando no celeiro.

- Ah querida, o Adam? Ele é um velho amigo, estudamos juntos no colegial e alguns meses depois que vocês foram embora ele se mudou para a casa ao lado.

Engasguei com a minha própria saliva e comecei a tossir sem parar.

Então o homem arrogante tem um nome, Adam. Nada mal.

- Tudo bem, filha? - ela me dá alguns tapinhas nas costas e eu aceno com a cabeça.

- Vizinho? Vizinho tipo do lado da minha casa? - perguntei sem acreditar e ela apenas assentiu - Ah não, titia. Aquele homem me chamou de criança e foi arrogante dentro da minha própria casa sem nem me conhecer.

Minha tia deu uma gargalhada e fiquei sem entender.

- Ah Sky, o Adam passou por muita coisa que o fez criar uma casca grossa por volta dele mas no fundo, o coração dele é mole. Não leve em consideração o que sai da boca dele, as vezes ele fala muita merda, mas é só da boca pra fora.

Agora foi a minha vez de rir da fala dela.

- Acho que a única coisa mole deve ser o pinto velho dele, tia. Aquele homem parece um demônio.

Talvez isso seja uma mentira, por que eu vi como ele comia aquela mulher mas isso é história pra outro dia.

- Apenas ignore, quanto mais provocar será pior. Ele consegue ser irritantemente chato quando quer. - minha tia disse em meio as risadas.

Certo, a única coisa que preciso fazer é ignorar.

Só isso, nada demais não é?

Não para mim, que não consigo levar um mísero desaforo para casa.

Querida Sky - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora