Skyler Rosewood
Ok, pensei que seria mais fácil abaixar esse tanto de mato que tem envolta da minha casa.
Eu estava errada, estou há pelo menos 2 horas aqui e não tem nem metade do tanto que precisa ser tirado.
A casa está localizada em uma estrada de barro onde há poucas casas, do outro lado da estrada só conseguimos ver árvores, mato e terra.
Até agora não vi nenhum vizinho por aqui, talvez sejam idosos e não saiam de casa.
Coloco a tesoura de jardinagem no chão e volto para dentro de casa.
Abri a geladeira e pego a garrafa de água colocando um pouco no copo.
Tomo tão rápido que parece que toda água do mundo irá acabar.
- Olha só quem está viva...
Ouço uma voz grossa e dou um pulo para trás deixando o copo cair no chão e se estilhaçar.
- Aaaah - dou um grito - Quem é você?- coloco a mão no peito ao ver o homem na minha frente.
Me encosto no balcão procurando por algum objeto que eu possa me defender e seguro uma frigideira.
Meu corpo congela por um minuto e consigo ter a visão perfeita da barba grisalha e das roupas rústicas, as botas pretas e o olhar marcante.
O homem que transava no celeiro desativado está na minha frente e eu entro em pânico.
- Desculpe, achei que a Penny estaria aqui hoje. Não sabia que ela tinha alugado a casa. - a expressão dele é desconsertante, como se tivesse sido pego de surpresa.
- Você conhece ela? - pergunto franzindo o cenho.
- Sim, sinto muito ter entrado na sua residência. - ele abaixa a cabeça e se vira com uma expressão dura no rosto. - Passar bem.
Ele é bonito, bem bonito.
Chuto que tenha uns quarenta e poucos anos, as pequenas rugas e marcas de expressão deixam um pouco evidente isso.
- Ela não alugou a casa. - dou um pequeno gritinho antes que ele vá embora, então seu corpo gira pra mim sem nenhum interesse no que eu disse - Essa casa é dos meus pais, tia Penny cuidava de tudo enquanto estávamos fora. E sugiro não invadir a casa dos outros, ou chamarei a polícia da próxima vez.
- Já disse que não sabia que tinha alguém morando aqui. - ele aumenta o tom de voz e me encara - Quer que eu repita mais uma vez, criança?
Ah não, criança?
- Vai se foder seu velho, sai da minha casa agora. - avanço com a frigideira escutando o barulho dos cacos na minha bota de jardinagem, mas ele nem se move, apenas me encara sério.
- Você tem uma linguinha bem afiada, melhor manter ela dentro da sua boca se não... - seus olhos me encararam com fervor e com uma mensagem de que uma promessa iria ser feita ali mas eu não deixei ser completada.
- Se não nada, sai daqui agora.
Ele apenas me encara com ódio e vira as costas me deixando ter uma visão do seu tronco forte.
Que homem mais arrogante, não é possível.
—•—
- Você até que fez um bom trabalho, cabritinha.
Gus observou o quintal com a grama parcialmente baixa.
Passei o dia limpando o terreno e jogando várias coisas no lixo, estou destruída e só queria me jogar na minha cama e dormir por dois dias.
Minha vida no Brasil era relativamente fácil, eu trabalhava e fazia algumas coisas em casa e as vezes a rotina era monótona e chata.
Eu gosto dessa nova vida.
- Vamos logo que eu estou morrendo de fome. - entrei no carro dele e coloquei o cinto.
- Vou levar o carro que está nos fundos da fazenda pra arrumar, se quiser pode ficar com esse para quebrar um galho. - ele diz dando partida no carro.
- Tudo bem Gus, eu não sei dirigir mesmo. - ele me olha incrédulo e solta uma risada.
- O tio Rony nunca te ensinou a dirigir?
- Não, no Brasil as coisas não são calmas como aqui pra você sair dirigindo sem habilitação por aí e outra meu pai trabalha demais pra perder tempo com algo que eu posso fazer em uma autoescola.
Conversamos um pouco e em 30 minutos estou na fazenda sendo recebida pela minha tia.
Nos últimos dois dias minha vida virou de pernas pro ar, eu me sinto viva, em casa e feliz.
O jantar foi tranquilo e muito gostoso, comemos e conversamos, Gus me apresentou a sua namorada, Kristine e nos demos muito bem.
- Tia, será que podemos conversar? - perguntei enquanto eu lavava a louça.
- Claro, filha. O que houve? - ela parou com o pano de prato em cima do ombro e me encarou preocupada.
- Hoje um homem entrou lá em casa, ele falou da senhora e...
Parei por aí, eu não ia comentar que vi o homem transando no celeiro.
- Ah querida, o Adam? Ele é um velho amigo, estudamos juntos no colegial e alguns meses depois que vocês foram embora ele se mudou para a casa ao lado.
Engasguei com a minha própria saliva e comecei a tossir sem parar.
Então o homem arrogante tem um nome, Adam. Nada mal.
- Tudo bem, filha? - ela me dá alguns tapinhas nas costas e eu aceno com a cabeça.
- Vizinho? Vizinho tipo do lado da minha casa? - perguntei sem acreditar e ela apenas assentiu - Ah não, titia. Aquele homem me chamou de criança e foi arrogante dentro da minha própria casa sem nem me conhecer.
Minha tia deu uma gargalhada e fiquei sem entender.
- Ah Sky, o Adam passou por muita coisa que o fez criar uma casca grossa por volta dele mas no fundo, o coração dele é mole. Não leve em consideração o que sai da boca dele, as vezes ele fala muita merda, mas é só da boca pra fora.
Agora foi a minha vez de rir da fala dela.
- Acho que a única coisa mole deve ser o pinto velho dele, tia. Aquele homem parece um demônio.
Talvez isso seja uma mentira, por que eu vi como ele comia aquela mulher mas isso é história pra outro dia.
- Apenas ignore, quanto mais provocar será pior. Ele consegue ser irritantemente chato quando quer. - minha tia disse em meio as risadas.
Certo, a única coisa que preciso fazer é ignorar.
Só isso, nada demais não é?
Não para mim, que não consigo levar um mísero desaforo para casa.
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Querida Sky - CONCLUÍDO
RomanceAGE GAP - MOCINHA MID SIZE - HATERS TO LOVERS Duas pessoas quebradas, uma nevasca e uma aproximação forçada. (Ou nem tanto) Após ser traída pelo seu marido, Skyler Rosewood decide sair do Brasil e voltar a sua cidade natal para se reconstruir, o que...