Capítulo 23

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Skyler Rosewood

Decidi que evitar e ignorar Adam será a melhor solução para o meu coração.

Boa parte da neve foi embora, agora só resta o frio e uma garoa fina.

Hoje seria o dia perfeito pra dormir e ficar de bobeira mas minha tia me chamou para passar o dia por lá então estou aguardando Gus chegar.

Tranco a porta quando ouço o barulho de um carro se aproximando e me apresso em descer os degraus da minha varanda quando acabo escorregando no degrau molhado e torcendo o pé.

Meus olhos imediatamente se enchem de lágrimas.

- Ah, puta merda. Que dor. - o carro se aproxima e então percebo que não é Gus.

- Skyler. - Adam para o carro em frente a minha casa e desce rapidamente - Fica calma, o que aconteceu?

Engulo o choro e fecho os olhos sentindo meu pé latejar.

- E-eu... escorreguei e acho que torci o pé. Meu Deus tá doendo muito. - levanto meu tronco não querendo olhar pros meus pés.

- Ok, fiquei calma querida. - Adam segura meu rosto para que eu o encare - Vou ver como está seu pé, ok?

Assinto com a cabeça e ele tira meu tênis com cuidado, logo após tira minha meia e encara meu pé com um olhar estranho.

- Certo, eu vou te pegar no colo, te colocar no carro e vamos até o hospital. Tudo bem?

Não consigo prestar muita atenção no que ele diz mas só concordo e vejo ele abrir a porta do carona e me pegar no colo.

Adam empurra o banco para trás e me coloca sentada, ele puxa o cinto de segurança e passa na minha frente ficando perto demais de mim.

O tempo para por alguns segundos e então ficamos nos encarando até que ele corta o contato visual e vai pro banco do motorista.

—•—

Adam entrou comigo no colo na sala do médico, percebi os olhares curiosos das pessoas.

Explicamos o que aconteceu e então o médico analisou meu pé, segurei a mão de Adam quando sentia dor e ele simplesmente ficou ali comigo.

- Não é nada grave, apenas uma torção. Sei que deve estar doendo bastante agora mas vou te recomendar alguns remédios para ajudar no processo de cura. - o homem assina algo em um papel e entrega para mim.

- Obrigada.

- Pode ser que você não consiga andar direito por alguns dias, então recomendo que seu pai te ajude com algumas coisas.

Quando o médico fala "pai" eu quero rir.

- Não, não. Ela não é minha filha, Doutor. - Adam se apressa a dizer e encara o médico que fica envergonhado.

- Ah, me desculpe. - ele sorri fraco - Que indelicadeza a minha, então peço que cuide bem da sua esposa para que ela se recupere logo.

Seguro a risada o máximo que consigo.

- Não, nós...

- Ele cuidará sim, doutor. Obrigada. - agradeço o médico e me seguro em Adam. - Vamos, querido?

Adam agradece o médico e seu rosto está vermelho, quando chegamos no carro começo a rir sem parar.

- Por que fez aquilo? - ele me encara sério mas não consigo parar de rir - Por que disse aquela merda, Skyler?

- D-desculpa é que eu achei... - me recupero da risada e volto a falar - Foi engraçado e você precisava ver a sua cara quando ele disse que você era meu pai.

Ouço Adam bufar e dar partida no carro.

- Eu deveria te castigar pelo que fez. - ele balbucia baixo mas consigo ouvir.

- O que? - finjo que não ouvi. 

- Você vai ficar na sua tia ou quer ir pra casa? - pergunta ríspido.

O velho Adam está de volta.

Sinto um nó na garganta e vontade de chorar.

- Pode me deixar na minha tia. - respondo baixo.

- Sabe o que vai acontecer agora Skyler? Você não tem ideia da merda que acabou de fazer. - ele sorri sem humor balançando a cabeça. - Todos vão ficar sabendo agora, vão achar que eu tô comendo você porra.

Fico quieta e sinto as lágrimas cair, me viro para o vidro e finjo não escuta-lo.

- Vou ser chamado de pervertido por isso, porra. Você não sabe o que faz, é só uma adolescente mesmo.

- Para, por favor. - peço com calma.

- Parar? Você devia ter ficado quieta naquele hospital. - ele diz mais uma vez e eu não aguento.

- PARA. - grito me virando para ele. - Já chega Adam, eu já entendi caralho. Já entendi que isso foi a porra de um erro, não precisa ficar relembrando que eu fui um erro pra você.

Adam para o carro no acostamento e apoia a cabeça no volante.

- Sei que não abre exceção só pra mim daquelas regras idiotas e eu estou pouco me fodendo pra isso. Então não, eu não vou pedir desculpas por ter dito aquilo. - grito e encaro o rosto dele enquanto desabo em lágrimas.

- Isso não podia ter acontecido, Skyler. Eu te avisei, porra. Eu disse que não ficaríamos juntos... - sua mão tenta pousar na minha bochecha mas eu o afasto.

- Vamos logo, por favor. - viro o rosto para a janela novamente e Adam demora alguns segundos pra ligar o carro e ficarmos em completo silêncio.

Pego meu telefone e informo Gus o que aconteceu e peço para ele me esperar na entrada da fazenda.

Alguns minutos depois chegamos e Adam faz menção a sair do carro mas eu o paro.

- Não faça isso, vai tornar as coisas piores. Gus já está vindo me buscar.

- Skyler, eu sinto muito... - ele diz e sinto meus olhos marejarem de novo.

- Era disso que tinha tanto medo? - pergunto encarando seus olhos brilhantes cheios de culpa- Tinha medo que eu me apaixonasse por você? - solto um bufo em negação - É tarde demais, Adam.

Num timing perfeito Gus aparece e abre a porta do passageiro me tirando de lá.

- Obrigada cara, que bom que você estava lá pra ajudar ela. - Gus agradece sorridente e eu tento me manter firme e não chorar.

Fecho os olhos e tento não ouvir a voz de Adam só percebendo que ele foi embora quando ouço o motor rugir.

Maldito coração.

Querida Sky - CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora