Não consigo entender o que está acontecendo. Aproximo-me de Taehyung, e ele está imóvel, como se estivesse literalmente desligado.
— Mas o que é isso? — Olho em volta e vejo alguns monitores com gráficos que mostram o carregamento de algo. Será que...?
Toco no ombro dele algumas vezes, mas ele não se mexe. Isso é muito estranho. Será possível? Inclino-me à sua frente, ficando com o rosto bem próximo ao dele, quando, de repente, ele abre os olhos.
— Aaahhh!!
Assusto-me e caio sentada no chão.
— Hanna!! — ouço o senhor Lee. — O que você está fazendo aqui?!
Pela expressão dele, estou onde não deveria. Ele me ajuda a levantar, e Taehyung fecha os olhos novamente.
— Vem, eu vou te ajudar...
— Não! Me larga! — falo irritada. — Você pode me dizer o que está acontecendo aqui?! O que... o que é tudo isso?! O que Taehyung está fazendo e o que ele é? Porque agora está bem óbvio que ele não é uma pessoa de verdade.
— Fique calma, por favor.
— Não me diga para ficar calma!! — grito.
Revolto-me ao pensar que o senhor Lee me enganou com toda essa história do meu pai para me arrastar para cá. Vi fotografias, mas não vi meu pai. Quem ele disse ser meu irmão claramente não é humano. Não sei o que pensar, sinto-me muito confusa. O senhor Lee plantou toda essa história, e eu fui ingênua ao acreditar. Fico tão nervosa que começo a chorar. Há uma grande confusão dentro de mim, uma sensação de impotência e medo, tudo junto.
Continuo no chão, em frente a Taehyung, chorando, e mesmo com os olhos baixos, vejo o senhor Lee se abaixar, ficando no mesmo nível que eu. Ele parece triste por me ver daquele jeito, mas a culpa é toda dele; ele é um mentiroso.
— O que você quer de mim afinal? Por que inventou tudo isso? Por que mentiu que conhecia meu pai? — pergunto, chorando.
— Eu não menti para você, Amanda. Venha comigo, e você terá todas as respostas que precisa. — ele toca minha mão. — Por favor, acredite em mim. Não tenho nenhuma intenção de te machucar.
Hesito um pouco, mas resolvo dar-lhe uma última chance. Ele me oferece sua mão para ajudar-me a levantar, mas recuso e levanto-me sozinha. Sigo-o até a biblioteca, onde ele vai até um quadro ao lado de uma prateleira. Ele move o quadro e digita uma senha no pequeno painel que aparece atrás dele. A prateleira se move para o lado, revelando uma porta oculta.
— Quantos segredos mais há nesta casa? — falo, de braços cruzados.
— Este é o último. — ele diz.
Ele entra, e eu o sigo. Não posso dizer que não estou com medo, mas depois de ver o que Taehyung é, acho que nada mais me surpreende. A porta dá para uma escada. Conforme descemos, as luzes vão se acendendo, até que chegamos a uma porta de vidro. Atrás dela, vejo uma ampla sala toda tecnológica. É um laboratório.
O Sr. Lee abre a porta e entramos. Ouço uma voz artificial dizer: "Bem-vindo, Dr. Choi."
— Este é o laboratório do Dr. Choi, seu pai. Ele passava a maior parte do tempo aqui, quando não estava em Tóquio.
— Em Tóquio? O que ele fazia lá?
— A corporação para a qual ele trabalhava fica em Tóquio. Ele tinha um laboratório lá, mas era só para o trabalho. O Dr. Choi construiu este espaço para seus próprios projetos. O Taeh é um deles.
— Hum... — falo, andando e olhando ao redor — Quando você me disse que ele 'criou' o Taeh, não imaginei que fosse literalmente. Enfim... isso pode explicar como o Taehyung foi criado, mas não responde à principal questão aqui. Onde está o meu pai?
— Bem aqui. — ele diz, apertando um botão em um painel com uma grande tela.
"Oi... Hã... Taeh, já está gravando?"
Era um vídeo do meu pai. Apesar de mais velho do que na fotografia, ainda era possível perceber que era a mesma pessoa.
"— Oi, Eun Na! Sou eu, o papai!"
"— Se você está assistindo a isto... isso significa que as coisas não saíram como eu esperava. Eu queria estar com você... Era o que eu mais desejava todos esses anos."— Sr. Lee... o que ele...?
— Por favor, assista. — Sr. Lee me pede.
"Bem, por onde eu começo...? Quando você era pequena, sua mãe e eu nos separamos. Eu passei a me dedicar muito aos meus projetos e..."
Assisti a quase meia hora do meu pai explicando por que deixou minha mãe e como fui parar em um abrigo para menores. Na verdade, foi ela quem o deixou quando eu era um bebê, porque ele passava muito tempo longe de casa por causa do trabalho. Mesmo assim, ele ainda me visitava de tempos em tempos, mas nos intervalos em que não vinha, eu chorava muito, então minha mãe pediu que ele não viesse mais.
O motivo dele estar sempre longe era o seu trabalho e seus projetos para a G-NUY. No vídeo, ele também contava que, quando foi me procurar, não encontrou nem a mim nem a minha mãe. A única informação que tinha era que um assistente social havia me levado, mas os vizinhos não souberam dar mais detalhes. Depois disso, ele nunca mais conseguiu notícias de nenhuma de nós.
Ouvir ele dizer que sempre me procurou, que estava fazendo de tudo para me encontrar, partia meu coração, porque eu começava a juntar as peças e entendi por mim mesma que eu não o veria, a não ser por aquele vídeo. Antes da gravação acabar e a tela se apagar, ele ainda disse para eu tomar muito cuidado e não ter medo, pois Taeh cuidaria de mim.
O que posso dizer é que fiquei ali por horas, chorando sem parar. Pedi ao Sr. Lee que me deixasse sozinha e fiquei assistindo ao vídeo várias vezes. Meu pai havia deixado gravações dele comigo quando eu ainda era pequena, e essas imagens me confortavam e me torturavam ao mesmo tempo.
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TAEH : Inteligência Artificial
Fanfic"Mesmo se me machucar, não consigo desistir Mesmo se eu morrer, é apenas você"