Ziguezagueava pelas ruas de Seul com uma confiança imprudente, a cidade desconhecida se desdobrando diante de mim como um labirinto de luzes e sons. Ao meu lado, Taehyung mantinha uma postura rígida, sua voz formal e robótica cortando o ronco do motor.
— Amanda, os dados indicam que a probabilidade de um acidente aumenta exponencialmente com a velocidade atual e sua familiaridade limitada com as vias urbanas — alertou Taehyung, sua expressão impassível.
Lancei-lhe um olhar divertido, a adrenalina pulsando em minhas veias.
— Ah, Taeh, você não entende, não é? Os humanos precisam de emoções fortes, de sentir o coração acelerar. Isso… isso é viver! — exclamei, ignorando os alertas de Taehyung.— Emoções fortes são irrelevantes para a segurança operacional do veículo — replicou Taehyung, mas havia um brilho de curiosidade em seus olhos digitais.
Ri, aumentando a velocidade do carro à medida que tecia entre os outros veículos. — Você nunca vai entender o que é ser humano, Taeh. É mais do que apenas seguir regras e cálculos.
Minha teimosia e o perigo iminente ativaram os protocolos de segurança de Taehyung. Sem hesitar, ele acionou o comando de voz do carro do Sr. Lee. “Modo de condução autônoma ativado,” anunciou uma voz sintetizada pelo sistema do carro.
De repente, o veículo assumiu o controle, a direção girando suavemente sob a orientação invisível de Taehyung. Ele ditava as coordenadas com precisão, e o carro obedecia, mantendo uma velocidade segura sem a necessidade de tocar no volante ou nos pedais.
Olhei surpresa para Taehyung, que agora parecia estar em sintonia com o carro, seus olhos focados na estrada à frente.
— Ahh, qual é ?— murmurei, mas havia um sorriso relutante em meus lábios.— Estou apenas garantindo sua segurança e a dos outros — respondeu Taehyung, ainda comandando o carro com sua voz calma e metódica.
Enquanto o carro nos levava por Seul, senti uma mistura de frustração e alívio. Queria desafiar os limites, sentir a liberdade de minhas escolhas, mas também reconhecia a importância da cautela. Taehyung, por outro lado, parecia começar a entender o valor das emoções humanas, mesmo que ainda estivesse preso aos seus protocolos de IA. Ou talvez fosse apenas coisa da minha cabeça.
O carro deslizava suavemente pelas ruas, agora sob o comando de Taehyung. Ele se virou para mim, sua voz mantendo o mesmo tom formal e robótico. — Para qual destino devo ajustar a rota? Você mencionou a necessidade de adquirir vestuário, qual shopping devemos ir?— perguntou ele.
Ainda um pouco frustrada por ter perdido o controle do carro, mas grata pela segurança que Taehyung proporcionava, respondi rapidamente.
— Qualquer shopping serve, desde que seja perto.Taehyung assentiu, processando a informação. — Existem várias opções de centros comerciais nas proximidades. O Lotte World Mall está atualmente com um fluxo moderado de visitantes. Alternativamente, o COEX Mall apresenta uma variedade de lojas de moda, com um fluxo de visitantes ligeiramente superior. Se preferir um ambiente mais tranquilo, o Times Square Mall tem um fluxo menor…
Levantei a mão, interrompendo a lista detalhada de Taehyung. — Taeh, chega! Não preciso saber de tudo isso. Apenas escolha um e vamos. Não é uma missão científica, é só comprar roupas — disse, um pouco impaciente.
Taehyung fez uma pausa, reconhecendo a urgência na minha voz. — Entendido. Ajustando a rota para o shopping mais próximo — ele disse, e o carro mudou de direção, obedecendo ao novo comando.
Recostei-me no assento, observando a cidade passar pela janela. Não podia negar a eficiência do meu irmão robô, mas, em New Scotia eu estava acostumada a ser uma raposa correndo solta, sem regras e protocolos. Ainda era difícil me acostumar.
Taehyung mantinha seus olhos digitais atentos ao trânsito, analisando cada movimento com precisão inumana. Ao seu lado, eu o observava com uma mistura de admiração e curiosidade. Apesar de conhecê-lo há apenas alguns dias, ainda me surpreendia com a realidade de sua existência; ele era a prova viva do gênio do meu pai, uma obra de arte tecnológica que respirava e pensava.
— Meu pai devia ser um homem incrível mesmo — murmurei, mais para mim mesma do que para ele. — Ele te fez tão... tão perfeito!
Eu observava Taeh enquanto ele dirigia, ele era muito real apesar de seu tom artificial. Era como se, por trás da programação e dos circuitos, houvesse algo mais nele, uma centelha de algo quase humano.
O carro deslizou para dentro do estacionamento interno do shopping, encontrando uma vaga com facilidade graças ao sistema avançado de Taehyung. Assim que saímos, o veículo emitiu um bipe suave e as portas se trancaram automaticamente, os espelhos laterais se recolhendo em sincronia.
— Uau, eu não fazia ideia de que o carro do Sr. Lee tinha tantos recursos assim — comentei, minha curiosidade despertada pelo espetáculo tecnológico.
— Foi meu pai quem criou esse sistema também? — perguntei, virando-me para Taehyung.
— O sistema integrado deste veículo é uma combinação de várias tecnologias avançadas, incluindo mas não limitado a... — ele começou, lançando uma torrente de informações técnicas sobre a criação do sistema do carro.
— Taeh, por favor, pare — interrompi, levantando a mão. — Você não precisa me dar todos esses detalhes. Só queria saber se meu pai teve algo a ver com isso.
Taehyung olhou para mim, uma leve confusão brilhando em seus olhos digitais. — Por favor, seja mais específica em suas solicitações para que eu possa fornecer a resposta mais adequada.
Suspirei, um sorriso se formando em meus lábios. — Taeh, se você foi criado para ser meu irmão mais velho, então precisa começar a falar como um. Irmãos não são enciclopédias ambulantes, eles... eles simplificam as coisas, sabe? Falam de um jeito que faz você se sentir em casa, não como se estivesse em uma conferência de tecnologia.
Ele assentiu, processando o feedback. — Entendi. Vou ajustar minha comunicação para ser mais... fraternal. E sim, o Dr. Choi contribuiu para o desenvolvimento do sistema de segurança deste veículo.
Sorri, satisfeita com a resposta. Juntos, caminhamos em direção à entrada do shopping, prontos para explorar o mundo da moda e talvez, apenas talvez, encontrar um pouco mais de normalidade em nossas vidas extraordinárias.
Antes de adentrarmos o movimentado shopping, parei, lançando um olhar calculista para o meu irmão robô.
— Precisamos fazer um teste rápido, Taeh. Não quero que as pessoas percebam que você é... diferente.
Taehyung assentiu, pronto para o desafio. — Você deseja avaliar minha capacidade de simular comportamentos humanos típicos em um ambiente social. O teste consistirá em...
— Você está começando a me irritar — interrompi com um sorriso irônico, balançando a cabeça. — Não, sério, você precisa parar de antecipar tudo. Apenas... seja normal, fale como qualquer pessoa falaria. Nada de dados, estatísticas ou análises, ok?
Taehyung fez uma pausa, processando o pedido. — Entendi. Vou tentar ser menos... informativo e mais casual.
— Ótimo — disse, — Vamos lá então. Pergunte-me algo que um irmão perguntaria.
Taehyung pensou por um momento antes de responder com um tom mais relaxado. — Então, Amanda, quais são os planos para hoje depois do shopping? Algum filme ou série que você está querendo ver?
Arqueei uma sobrancelha, impressionada. — Veja só, você consegue! Agora mantenha isso e vamos encontrar algumas roupas legais para você também.
Caminhamos em direção à entrada do shopping, Taehyung ajustando seu comportamento para se misturar perfeitamente entre as multidões, enquanto eu observava, satisfeita com meu irmão não tão humano.
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TAEH : Inteligência Artificial
Fanfic"Mesmo se me machucar, não consigo desistir Mesmo se eu morrer, é apenas você"