Acordo bem cedo e preciso de um tempo para entender tudo que está acontecendo. Minhas costas estão doendo, minha roupa está suada e meu hálito tem uma mistura de cerveja e milho cozido. Minha cabeça está coçando e quando tento levar a mão até ela, me dou conta de que meu braço está preso. Debaixo do Louis. Que ainda está dormindo. Na minha cama, caso isso não tenha ficado claro.
Sabe tudo o que eu já disse sobre Louis dormir de um jeito lindo? Acho que isso não se aplica quando ele passou a noite bebendo. Louis está dormindo de boca aberta, roncando alto e deixando uma mancha de saliva na manga da minha camisa. Surpreendentemente, eu não sinto nojo.
Com todo o cuidado, puxo meu braço devagar, segurando a cabeça do Louis para ele não se assustar com o movimento. Me arrasto pelo canto da cama tentando não fazer barulho e me coloco de pé.
Então vem a dor.
Começa na altura dos meus olhos e vai subindo pela cabeça até dar a volta e chegar na nuca. Sinto uma dor latejante como se um mestre chinês estivesse tocando um gongo dentro da minha cabeça. E sambando ao mesmo tempo.
Olho o relógio digital na minha escrivaninha. Não são nem oito da manhã ainda. Vou em direção à cozinha, disposto a encontrar qualquer coisa na caixinha de remédios que faça essa dor passar. Ando pelo corredor em silêncio, mas, quando chego lá, minha discrição de nada adiantou. Minha mãe já está acordada, pintando em silêncio.
ㅡ Senta. ㅡ Ela diz, sem olhar pra mim.
Me sento na cadeira e à minha frente eu encontro um copo d'água e uma aspirina.
ㅡ Hnnhn. ㅡ Eu digo, na tentativa de dizer "bom-dia".
Minha mãe coloca o pincel que está usando em um copo com água, limpa as mãos na barra da camiseta suja de tinta e senta na minha frente. Com um olhar severo, ela empurra a água e o remédio em minha direção e eu tomo. A sensação da água descendo pela garganta já melhora consideravelmente o meu estado.
ㅡ Olha, Harry. Eu não quero que isso seja um sermão sobre bebida. ㅡ Ela diz.
ㅡ Como assim? ㅡ Eu tento me fazer de desentendido porque não consigo pensar em nada melhor.
ㅡ Eu sei que você bebeu. Pela hora que você chegou, pelas duzentas vezes que tentou acertar o buraco da fechadura ontem, pelo cheiro da sua roupa. Eu sei.
Sua expressão está séria como eu nunca vi antes. Claro que eu e minha mãe já brigamos, mas ela nunca falou comigo assim. Como se o assunto fosse realmente importante. Eu quero pedir desculpas, explicar que foram só umas latinhas de cerveja, dizer que o gosto nem é bom pra ser sincero, mas eu não falo nada.
ㅡ Você já está quase fazendo dezoito anos. Vai tomar suas decisões, seguir tua vida, e acho que a essa altura eu já te ensinei tudo que precisava ensinar. Mas ontem, pela primeira vez na vida, eu me senti insegura em relação a você. Passei a noite revirando na cama, me perguntando se eu sou uma boa mãe ou...
ㅡ Mas é claro que é! ㅡ Eu interrompo, porque não consigo ouvir minha mãe dizendo um absurdo desses.
ㅡ Psssttt, quieto. Eu estou falando. ㅡ Ela diz, pousando o dedo na minha boca. ㅡ Como eu disse, este não é um sermão sobre bebida. Quando se trata de responsabilidades, você me deixa segura, filho. Até porque você não consegue nem esconder os rastros da noite de ontem!
ㅡ Não? ㅡ Eu pergunto confuso, tentando me lembrar se existe a possibilidade de eu ter vomitado no banheiro.
Minha mãe só aponta para mim, e eu entendo. Não preciso de um espelho para saber que estou um bagaço.
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Here the Whole Time (Larry Stylinson)
FanfictionHarry está esperando por esse momento desde que as aulas começaram: o início das férias de julho. Finalmente ele vai poder passar alguns dias longe da escola e dos colegas que o maltratam. Os planos envolvem se afundar nos episódios atrasados de sua...