Day 15

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No último Natal eu e minha mãe fomos viajar para a praia e ficamos hospedados em um hotel chique. Eu não entendo muito de hotéis, mas, para mim, se o lugar oferece café da manhã à vontade, já é chique o bastante.

Lembro muito bem de um cochilo que tirei nesse hotel. Mais especificamente lembro de um sonho em que um telefone tocava sem parar e quando eu atendia, ninguém me respondia do outro lado. E o telefone continuava tocando para sempre. Eu arrancava o fio, jogava o aparelho na parede, e ele simplesmente não parava de tocar.

Esse sonho poderia ser uma bela metáfora sobre como eu lido com os problemas da minha vida, mas no fim das contas era só o telefone do quarto que estava de fato tocando, e o barulho do toque invadiu meu sonho.

Hoje a mesma coisa acontece. Mas não era um telefone tocando.

"Louis!"

Eu escuto a voz gritando alto e, no meu sono pesado, levo um tempo para entender se essa voz está na minha cabeça ou no mundo real.

"Louis!", a voz chama mais uma vez, desta vez mais alta.

Apesar do volume da voz, o que me acorda são os passos no corredor. Não me pergunte como, mas, em uma fração de segundos, eu sei exatamente o que preciso fazer.

Olho para o Louis dormindo do meu lado (lindo, por sinal), peço desculpas baixinho e empurro o menino para fora da cama. Ele cai no colchão que está no chão, a voz estridente chama "Louis!" mais uma vez e ele acorda no susto.

Acontece tudo rápido demais. Louis olha para mim, com um olho aberto e outro fechado, olha para a porta trancada por causa da noite anterior, olha de novo para mim, um pouco mais desesperado desta vez.

Ele levanta tropeçando em um cobertor, gira o trinco e, quando a porta se abre, ela está lá. Andrea, a mãe do Louis. A dona da voz estridente. A minha (eu sempre quis dizer isso) sogra.

Eu estou descabelado, com a cara amassada e o short do pijama mostrando demais as minhas pernas. Mas dona Andrea não se importa porque, num piscar de olhos, ela já está cobrindo Louis de beijos. Muitos beijos mesmo.

ㅡ Eu senti tanto a sua falta. ㅡ Beijo. ㅡ Seu pai também, mas eu mais. ㅡ Beijo. ㅡ A gente tirou tanta foto! ㅡ Beijo. ㅡ E tem presente pra você. ㅡ Beijo. ㅡ Mas é surpresa.

Esse reencontro dura alguns minutos e eu fico apenas observando, metade constrangido, metade feliz.

A mãe de Louis é diferente da minha em muitos aspectos. Ela é mais baixinha, seu cabelo é muito escuro, quase azulado, e provavelmente exige muito tempo e dedicação para ficar bonito como ele está. O jeito como ela está vestida e maquiada é quase impossível para uma pessoa que acabou de chegar de um voo do Chile.

Mas, acima de tudo, ela é carinhosa. De um jeito exagerado e barulhento talvez. Mas não dá para negar que ela ama o Louis mais que tudo. E, no fim das contas, isso me faz sorrir.

ㅡ Sua mala já está arrumada? Vamos subir para casa? ㅡ Ela pergunta.

ㅡ Sim, já está tudo guardado. ㅡ Louis diz, apontando para a mala no canto do quarto.

E é só aí que ela percebe a minha presença.

ㅡ Oi, Harry, bom dia! Desculpa se te acordei. ㅡ Ela diz com um sorriso. ㅡ Como foram as férias? Se divertiram juntos?

"Você não faz ideia, dona Andrea", eu penso.

𓏲 ࣪₊♡𓂃

Pelo clima de despedida na casa, parece que Louis está indo para Hogwarts, e não para o quinto andar do prédio. Carrego a mala até a sala porque essa é a coisa mais carinhosa que consigo fazer com a mãe dele aqui por perto. O cheiro de café tomou conta do apartamento e minha mãe tenta, sem sucesso, deixar a mesa da cozinha arrumada para receber a visita.

Here the Whole Time (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora