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Era cedo quando as enfermeiras chegaram e como o esperado, não existia muito o que se fazer

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Era cedo quando as enfermeiras chegaram e como o esperado, não existia muito o que se fazer. Com a retirada do gesso, ainda levaria um tempo para a recuperação. Porém, os reflexos estavam bons. Ainda assim, os dias de verão não eram tão calmos, o sol era quente e a casa facilmente poderia ser um tanto sufocante se tão abrisse as janelas para que o ar entrasse. Por um tempo, as manhãs se tornaram uma rotina quando os exercícios eram repetitivos, não apenas os exercícios mentais. Guardou para si como gostava de ser fisioterapeuta de novo, mesmo que não pudesse mais voltar ao trabalho de fato.

Não voltaria, prometeu a si mesmo, era uma parte da vida que Dan já via como pertencente ao passado. Piscava lentamente toda vez que fazia as massagens ou insistia nos exercícios para a recuperação. Já era um alívio ver o lutador com as muletas e menos alheio a tudo, podendo andar sozinho.

O fato era que os lapsos de memória eram raros. Por vezes, Jaekyung podia lembrar de alguma coisa, mas eram pequenos detalhes. Dan o olhava e esperava que ele pudesse estar bem o bastante para retomar sua vida, mas ele não se reconhecia quando assistia lutas, apenas assistia como algo estranho e por vezes as íris iam até Dan, buscando alguma pista do que o Kim achava. Se tornou um costume Dan ser a maior referência de todas as memórias, tal qual o ponto de partida para desvendar o que havia desaparecido de sua memória confusa. E fora isso, acompanhava com carinho como aquele homem diante de si não parecia um lutador. Observava o maxilar marcado, os músculos, a voz levemente rouca.

Jaekyung ainda tinha o lapso de falar de forma ríspida quando não conseguia conter a frustração, mas existia uma diferença gritante. Dan recordou dos Estados Unidos, quando Jaekyung acabava furioso quando Dan sentia pena por ele estar sofrendo tanto para perder o peso para ter a luta, e agora, quando os exercícios exigiam um pouco mais de si, via aquela expressão. Mas os lábios se pressionavam, o olhar se focava no teto ou em outro canto qualquer, murmurando "Já é o bastante". O fato era que Dan não sabia se estava ajudando ou piorando as coisas.

Jaekyung aprendia aos poucos a agradecer, embora ainda tivesse a mesma expressão séria, ele apoiava o rosto na palma, olhava Dan e dizia que gostava de companhia nas refeições. Dan sorria timidamente, ao se sentar à mesa, comendo e corando quando os olhares se encontravam. O moreno estava livre do imobilizador do braço, e estranhava as tatuagens, sem a menor ideia de como as conseguiu. Com esforço, Dan o acompanhou em uma caminhada pela propriedade, escutando a recomendação de não ficar isolado em algum canto.

Dan sorriu suavemente ao chegarem ao lago, perfeitamente enfeitado com o deque de madeira escura. O lutador, no entanto, olhava a estrutura de madeira, apertando firme as muletas ao se sentar na beirada. A brisa suave, com um frescor do verão quando Dan disse que voltaria logo em um tom animado.

Não demorou muito, voltando com a bandeja com frutas frescas, algo que nunca pensou que faria com Jaekyung. Os cabelos se bagunçando ao vento enquanto sentava-se ali, olhar vagando pelo lago cristalino, fechando os olhos para sentir a brisa como uma carícia leve ao rosto. Os dedos seguraram a fatia de melancia, e os olhos se abrindo em um breve sorriso. Nunca aproveitou tardes assim. Percebeu que até gostava daquela visão, o cantar dos pássaros, longe da inquietação da cidade.

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