13

685 69 26
                                    

Dan se manteve deitado, como se nada importasse

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dan se manteve deitado, como se nada importasse. Não se tratava de algo simples de entender, mas por noites, pensava se era assim que tudo acabaria. O ar pesado enquanto se encolhia na cama desconfortável. O abrigo não era desagradável, as camas ficavam um pouco próximas uma das outras, e por vezes via pessoas irem e virem. Acompanhou quando alguém era buscado por familiares. Outras pessoas se mantinham ali com o pouco que tinham, dessa vez, uma adolescente ocupava a cama ao lado, um tanto cansada. Mesmo assim, era frequente que alguns olhares parassem sobre ele.

E a nova "vizinha" parecia um tanto quanto curiosa. Dan não tinha roupas gastas e sujas, sem ferimentos aparentes. Dan mais parecia alguém afogado em uma depressão forte o bastante que o impedia de sair da cama. Ela viu quando um homem tatuado o visitou, trazendo roupas quentes e alguns pertences, mas Dan ficava apenas com algumas coisas, como se não se achasse digno de ter tanto enquanto outras pessoas não tinham nada.

As freiras sorriam em surpresa quando Dan doou a maior parte das coisas que tinha, exceto pelo que precisava. E foi um gesto admirável se não parecesse incômodo. Era noite de inverno, o jantar comunitário costumava ser bom por pessoas ficarem com peso na consciência e desejarem fazer boas ações na época do Natal. Yeorin havia chegado há poucos dias, mas estranhava diversas coisas. Não viu Dan quando serviram a sopa, e as freiras comentavam que talvez ele fosse "um daqueles", o que não era um elogio. Era como chamavam os que procuravam abrigo, mas não aceitavam ajuda e um dia iriam embora no meio da neve ou acabariam com a própria vida. Yeorin havia tomado a sopa no salão, levando uma tigela para Dan, mas ao repousar na mesinha ao lado da cama precária não teve nenhum efeito.

Dan continuava deitado, olhando o nada. Ela se sentou na cama ao lado, se encolhendo nas roupas que fracamente a aqueciam naquele inverno, puxando as mangas do moletom para cobrir as mãos frias.

— Você não fala, mal come. — Ela tentou, franzindo o cenho. A garota cruzou os braços, pensando que aquilo era loucura. Em parte, sentia certa irritação, Dan era bonito, muito bonito, quase como um dos anjos que estampavam os folhetos do abrigo. Os cabelos tinham um suave tom de castanho, a pele era livre de hematomas, as roupas que ele doava eram boas, e provavelmente caras. Enquanto ela usava uma roupa velha e gasta, ainda sentindo certa dor dos hematomas que tinha no rosto. — Vou adivinhar. Foi despejado? Tem que falar alguma coisa, não parece que foi espancado ou que morava debaixo de uma ponte. — Olhou a sopa, e parecia que Dan não tinha intensão de tocar na refeição quente.

Ela apenas não entendia, Dan não parecia alguém que tivesse de recorrer a um abrigo.

— Sabia que tive que sair de casa? Não aguentava mais minha mãe bêbada me batendo. Era toda noite, sabe?

Yeorin olhou ao lado da cama a caixa de pertences de Dan, praticamente vazias agora. E o olhando novamente, Dan ainda abraçava um casaco grande demais, fechando os olhos ao sentir o perfume que vinha da peça.

— Fugindo do namorado? — Ela insistiu, apoiando as mãos no colchão velho e fino. Pressionou os lábios, mesmo sem o conhecer direito, era preocupante como ele apenas ficava ali, em silêncio, quase uma presença invisível, sem reclamar, sem pedir para usar o telefone. — Como ele era? Aqui ou as pessoas não têm para onde voltar ou fogem de alguém. — A garota insistiu, ainda vendo como Dan abraçava aquele casaco como se fosse a única coisa que precisava. Dan enfim a olhou, ainda em silêncio por um tempo, se sentando na cama.

Our SeasonsOnde histórias criam vida. Descubra agora