05 CAPÍTULO.

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* Ben.

  Olho para fora uma última vez, para a ilha além do mar...

  "...será ela não vem hoje?"

  Já faz algumas horas desde que eu acordei e me vesti; e ela ainda não tinha surgido no céu. Sei que estou sendo irracional, mas eu não consigo ser diferente.

  Desde os meus 13 anos, me acostumei com o fato de que antes de ir para o desjejum vê-la voar pelo céu, isso é quase uma tradição para mim, mas hoje ela estava atrasada.

  Suspiro.

  Não é sempre que ela vem, mas quando vem é pontual.

  Rio de mim mesmo.

  Eu nem sei o que é a criatura que voa através da barreira vez ou outra, mas vê-la voar me dá tranquilidade.

  Ela às vezes voava de forma lenta e suave e, outras vezes, fortes e veloz. Era algo magnífico de se admirar.

  Tudo o que sei é que ela, provavelmente, é uma fada. Mas nunca segui a criatura até a clareira, não queria perturba-la, seja lá o que fosse.

   E... pensando em coisas que não devem ser perturbadas, penso em Audrey, eu a conheci a pouco tempo, quando visitei o reino de Felipe, em uma reunião diplomática com o meu
pai.

   A Princesa tem se mostrado uma amiga, uma maneira gentil de nomear alguém que anda me cercando em busca de casamento. Ainda não sei como a rejeitarei se ela ousar se declarar...

  Audrey é muito linda, é claro, mas há algo...

  - Ben, meu filho. - a voz suave da rainha, Isabella ou só Bella, soa atrás de mim.

  Eu me volto para ela e a vejo entrando no meu quarto, seu vestido azul-claro é de corte simples e o decote é modesto. Suas roupas em geral sao simples, dado o seu estatus social como Imperatriz, mas a sua nobreza está em sua alma e isso reflete no Reino e no humor de meu pai.

   - O chamei duas vezes. Aonde estava? - ela brinca.

  - Eu estou bem aqui, mamãe. - eu lhe digo em cumprimento; e, limpo a garganta nervoso. - Como soube que o pai era mais do que uma fera? Que podia amar?

  Os olhos de Bella brilham com muito interesse, e uma inteligência aguçada.

  - Quer saber se ama a Audrey? As cartas dela estão fazendo efeito? - ela brinca.

  - Não, mãe! Esqueça. - resmungo soando nada educado, mas depois inspiro fundo para me acalmar. Ás vezes, tenho o temperamento de papai. - Desculpe. Eu não planejo me casar com Audrey. Mas quero saber o que fazer quando encontrar...

  Me interrompo e Bella inclina a cabeça para o lado por um momento, antes de vir até mim e parar ao meu lado na sacada; então encara o horizonte; a sua voz soa distante, como faz quando está perdida em pensamentos ou contando uma boa história de um livro.

  Ela hoje em dia já leu metade da sua biblioteca, um presente que meu pai deu à ela quando este ainda era uma fera, e que ela utiliza incansavelmente até os dias atuais.

  Espero, enquanto ela organiza a sua mente.

  - No início eu o odiei por ser cruel com seu avô e, depois comigo, mas quando eu o vi mais de perto e percebi que ele estava tão assustado quanto eu, que ele só reagia da única forma que conhecia. Eu não sabia sobre o feitiço, mas sabia que algo grave o estava perturbando... então eu fugi e ele me salvou na floresta, eu vi que ele não era tão mal e cruel como eu imaginei. Eu poderia ir para longe, sabe? Mas ele estava tão ferido, os lobos poderiam voltar, ele precisava de cuidados, e eu cuidei dele. - diz a minha mãe, e então cora profundamente, sem me olhar nos olhos. - Ficamos amigos depois disso e o amor surgiu entre nós; mas eu só tive certeza de que ele me amava quando ele me libertou. Eu prometi voltar mas Gastón interferiu e... quando voltei e o vi ferido de morte... Eu pensei que fosse perdê-lo, e nesse momento eu admiti que não me importava com a nada, tudo o que eu queria era que acordasse e rugisse irritado comigo por estar sem meu casaco, ou ouvir o rouco bufar do seu riso ao achar algo engraçado. Então eu confessei o amor que possuía em meu coração e o beijei... quando abri os olhos e o vi, humano e vivo... ele sorriu para mim e me abraçou, depois tudo ficou...

A Princesa do Submundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora