04 CAPÍTULO.

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*Mal - 17 anos.

  Estou na borda dos Campos de Asfodelos, campos é um nome bonitinho para uma terra árida com árvores, cheia de almas paradas em um lugar aonde jamais acontece qualquer coisa, "eternamente". Quase morri de tédio apenas de ver está cena uma vez, por dez segundos.

   Já "os campos" de punição, é deveras animado e no pior dos sentidos... imagine a beleza e a paz dos Campos Elíseos... agora inverta tudo e é isso, esse lugar pega o seu pior pesadelo e multiplica por 1000... e vai, não sei, até o infinito? Não dá para ficar perto. Lá é só gritos infinitos, e tão quente quanto... bem, o inferno.

  Posso andar por entre os Campos, sem nenhum problemas. No entanto, eu posso ter algumas complicações, se entrar em Elísia. Os Campos Elíseos é o território do Titã Tanatus. E também não posso chegar perto do Tártaro, o lugar é mortal, até para os deuses.

  Olho para o topo das torres do Castelo de Hades, faz muito tempo que eu não piso lá enquanto o dono do lugar está presente... na última vez o pai de Eve estava prestes a morrer, rompemos naquele dia a nossa amizade.

   Na verdade, eu tenho vindo aqui com a ajuda da minha madrasta, Perséfone, afim de visitá-la e ao Cérbero, o cão guardião e o meu amigo, desde que eu tinha 4 anos.

  O latido alto demais vem de uma cabeça apenas, Cérbero foi um bom garoto e fez o lance de '3x1' para mim, aonde uniu as três cabeças em uma só, afim de brincar comigo.

  Volto a minha atenção para o cão, que espadana a calda, de um lado para o outro feito um filhote, só que gigante. Ele está bastante ansioso por continuarmos com o "pega a vareta". Esta brincadeira eu aprendi à muito tempo... Olho para a coluna de obsidiana negra, bem acima da sua cabeça, perto do teto da caverna onde, nem mesmo pulando, ele alcançar. E então a jogo pra longe em direção ao Rio Cócito, e Cérbero vai buscar.

  Olho outra vez para o Castelo, Hades está lá agora, eu sinto sua essência. É uma coisa entre nós, que tem haver com a energia que ambos temos em nosso sangue. Sei que ele me sente aqui também, mas respeita o meu espaço... e ele não é o único.

  Desde que me lembro, nunca vi um daemon sequer andando pelo reino, e sei que isso foi uma ordem sua. Apesar dele nunca ter falado nada sobre isso... e fico me perguntando, às vezes: Por que Hades os mantém longe de mim? Não deve ser por causa da minha mortalidade. Sou poderosa o suficiente para enfrentar qualquer daemon do Submundo, com exceção Hades, de Perséfone e dos Gêmeos de Nix.

   - Grhrrr! - exclama o cão, logo acima de mim, não havia percebido que ele já tinha voltado e pedia permissão para jogar aos meus pés a sua "pilhagem"; assinto e então ele solta a coluna, com um estrondo. Está todo animado. - AU! AU!

  - Bom trabalho, rapaz! - exclamo; e ele uiva, feliz por minha aprovação, com um movimento de pulso trago para ele várias peças de carne (boi, porco, centauro; e o seu favorito, gado sagrado de Apolo). Cérbero uiva de felicidade, e se põe a comer. Dou risada, e me sento para observar o meu "cachorrinho". - De vagar. Do jeito que você come, parece que só eu te trago comida. Sei que você não gosta de Perséfone, mas se quiser...

  Ele começa a rosnar, aborrecido, e eu dou de ombros; então fico em silêncio. Cérbero é uma criatura do submundo, e não gosta de nada que cheire à "coisas da superfície". Ou ele era assim, até ele me conhecer. Afinal, eu estou viva e ele me ama. Talvez seja assim por que eu sou parte Hades, então ele me ama por associação? Não sei de onde este "cão" vem, mas sei que é o único neste reino. Isso deve ser... solitário.

  Olho para Elisia, e sinto a energia pacífica que emana do lugar... Sempre tive vontade de ir lá.

  Apesar de ser poderosa e, deixar o poder massivo que possuo, correr livre enquanto estou aqui. Eu não posso chegar aqui sozinha. O Submundo é um lugar tóxico para mortais, e fica numa dimensão de difícil acesso. Então "reso para a Rainha", e Perséfone me traz aqui.

A Princesa do Submundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora