Capítulo 8 - Roxenne Cher Wolf

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Caleb havia decidido se mudar para o quarto onde eu estava alojada desde de manhã, após a briga com seu elo. Ele não havia dito nada, desde que pediu permissão para ficar aqui até que os outros dois de seus elos ou sua irmã voltassem, e por mais que eu não o quisesse aqui, por mais que seu cheiro ou até as palavras cautelosas me causassem desconforto, eu não pude dizer para ele ir embora, não podia ter simplesmente dito ‘’não’’, e meus animais provavelmente iriam me causar dor de cabeça caso eu simplesmente tivesse fechado a porta em seu rosto.

Não que eu de fato fosse fazer isso.

Ele estava sentado no chão, suas costas encostadas na parede, embaixo da grande janela com continas brancas, com uma cortina ainda mais grossa por baixo. Seus olhos que sempre foram em um tom claro de marrom, e sempre pareciam transmitir alegria calma, pareciam tão tristes, assim como todos aqueles experimentos que Doutor Evans insistia que eu lutasse, assim como todos aqueles experimentos que aos poucos perdiam a vontade de viver e percebiam que nunca mais sairiam daquelas instalações militares, e se um dia saíssem não seria com vida.

Meus animais, pelo menos aqueles que sempre foram mais amorosos e pacientes queriam que eu me sentasse ao lado de Caleb e o reconfortasse, o dissesse que tudo estava bem.

Mas eu era velha o suficiente para saber que essas palavras nunca surtiam o feito desejado, que eram palavras vazias, coberta por mentiras e falsa esperança.

E mesmo sabendo que eu não seria o apoio que ele precisaria, mesmo que uma voz na minha cabeça quisesse sair pela primeira vez depois de três dias do quarto e procurasse por qualquer um de seus dois elos, eu me sento ao lado dele, indo contra todas aquelas barreiras que eu mesma havia posto entre mim e qualquer um de daqueles homens estranhos. Eu me sento ao seu lado e mesmo com o desconforto, mesmo com a vontade que querer sair dali e esfregar minha pele ao ponto de sair sangue eu continuei ali, parada e prestando atenção em cada movimento que Caleb fazia.

-Me... desculpa... - eu digo não sabendo o que dizer, mas ciente de que era minha culpa.

Escuto Caleb fungar e respirar fundo, seu nariz estava vermelho assim como seus olhos.

-Não... é... sua c-culpa – ele diz entre lagrimas, mas nós dois sabemos que não é verdade.

-As palavras foram marcadas na sua pele? - pergunto mesmo escutando os protestos de meus animais.

Ele não diz nada e apenas concorda com a cabeça, levantando a manga de seu moletom verde, e no começo e não vejo nada, mas segundos depois palavras escritos es roxo aparecem em seu pulso até a metade de seu antebraço, letras escritas cursivas, levemente arredondadas e inclinadas, ‘’Eu te amei Caleb! Mas não sei se posso fazer isso novamente!’’

-Doí... muito se é isso que quer perguntar. - volto a olhar seu rosto e então novamente seu antebraço.

As palavras em roxo desaparecem, mas sei que ainda estão gravadas e sua pele.

-A primeira vez que as palavras te marcam é como eu estivessem queimando sua pele! Mas depois, é como se fosse uma formigação  passando por seu corpo... não incomoda ou doí como na primeira vez..., mas você sabe que está aí e que só irá desaparecer quando o elo for completo. - ele diz secando as últimas lagrimas –Mas as palavras ditas com raiva e mais puro ódio é como... se estivessem cortando sua pele com mil lâminas, seu coração doí... tudo dói... você sabe que seu elo está ali, que ele disse algo... e que ele está vivo e ciente de tudo..., mas é como se você ficasse sem onde se apoiar, e que nunca mais pudesse ser amado.

-Eu... sinto muito...

-Não sinta. - ele diz massageando onde as palavras estavam e vejo um fraco brilho roxo -Não é sua culpa.

Almas Entrelaçadas - Um Romance de Harem Reverso - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora