Almas Entrelaçadas - Um Romance de Harem Reverso - Livro 1

Capítulo 7 - Drystan Ravenstone

História de como humanos podiam se transformar em animais eram tão antigas e cheia de teorias assim como o surgimento do universo ou a extinção dos dinossauros, alguns acreditavam ser obra de Deus, outros preferiam acreditar que nossos parentes antigos, com o passar de sua evolução acasalavam com animais em tempos de necessidade.

E para ser bem sincero, não importava como tudo tinha acontecido, ninguém de fato sabia como tudo aconteceu e vivemos bem, sem ao menos saber de fato nosso surgimento por muitos anos, não tinha de o porquê entrar nessa discussão.

No entanto, algo que não podia ser ignorado era a ganância do ser humano, quanto mais pensávamos que evoluiríamos, mais retardados em nossa evolução nos tornávamos.

De certa forma eu entendia do porquê Roxenne era um experimento interessante de fazer, uma pessoa capaz de se transformar em todos os animais que quisesse sem limite algum para sua transformação era uma anomalia que me faria querer passar noites em claro atras de um motivo para tal feito. Mas ao mesmo tempo, eu não concordava com as torturas, com o abuso e medo que a causaram.

E mesmo tendo uma noção do seu passado eu não podia confiar nela, não importasse o quanto Caleb e agora Aleksander me fizessem tentar enxergar o lado da garota que parecia cada vez mais dominada pelos seus animais, eu não conseguia ter toda essa empatia, toda a cautela e demonstração de afeto, não enquanto ela podia ser um perigo para meus elos e inocentes.

Eu podia estar a cômodos de distância do quarto da garota, podia estar até mesmo do outro lado do sítio, mas ainda podia escutar sua voz, a batida de seu coração, sua respiração e o barulho de sua pele sendo arranhado pelas suas unhas compridas e mal-cuidadas, podia escutar toda a conversa que ela tinha consigo mesma, e mesmo assim não conseguia vê-la como uma pessoa, como alguém que deveria ter sido feita para estar no meu grupo de elos, eu sentia o cheiro novo que a garota carregava desde que saiu do hospital, baunilha e coco, e por mais que em tese deveria ser o cheiro dos sonhos, me fazia sentir ânsia e repulsa.

Desde o momento em que eu a vi, não podia ver nada além de um ser insignificante, uma espécie de parasita que aos poucos ia crescendo e evoluindo em meu grupo, e por algum motivo eu queria matá-la, perfurar a pele fina com meus dentes e quebrar os ossos frágeis de seu pescoço, aos poucos escutando as batidas de seu coração enfraquecendo assim como sua respiração, ver a alma sair do seu corpo, e descobrir se a dor de um elo morto era tão ruim como os filmes e as vítimas que haviam sido regatadas diziam ser.

-Quanto tempo, até podermos voltar para casa? - pergunto assim que mais uma sensação de terapia de Roxenne termina.

-Senhor, eu não posso lhe dar um prazo, ainda mais nessas condições, ela não disse nada em nenhuma de nossas sessões, foi apenas nos últimos minutos de nossa sessão que ela foi capaz de dizer sobre como estava sentindo.

-Eu não pago essas sessões para que ela não fale nada!

A terapeuta ficou quieta, pode ser o tom de voz, sempre autoritário, ou a raiva que eu claramente sentia por estar em frente ao quarto que foi especialmente preparado para a garota, não importava, eu só queria que acabasse logo, que ela desaparecesse. Mesmo que meu animal parecesse irritado com minha atitude, mesmo que ele quisesse abrir aquela porta de madeira escura e se ajoelhar diante a garota e adorá-la de todas as formas o possível e a marcar como minha.

-Desculpe pelo comportamento de meu elo, Monica. - a voz de Caleb me faz virar a cabeça no mesmo momento –Obrigado novamente por ter aceitado vir de tão longe para cuidar dela, sei que não é um trabalho fácil. Irei acompanhá-la até a porta, um carro a espera para levá-la de volta ao hospital.