Capítulo 15 - Drystan Ravenstone

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Roxenne Cher Wolf era uma desgraça em minha vida e na dos meus elos. Seu cheiro doce, algo entre coco e baunilha, era enjoativo. Meu animal, no entanto, parecia não se importar. Não importava o quanto eu lutasse, ele ronronava toda vez que ela estava por perto, como um idiota domado por um encanto que eu não entendia. Sua voz, rouca e fraca, era um som que fazia meu corpo responder de maneiras que eu desprezava. E aqueles olhos dourados... malditos olhos. Grandes, expressivos, como se enxergassem mais do que deviam. Eles me puxavam para um espécie de abismo que eu não queria explorar, mas que parecia impossível de evitar.

Eu odiava cada maldito segundo.

Roxenne não era só uma presença na minha vida. Ela era um furacão, devastador e imprevisível. Ela estava ali para destruir. E eu sabia que isso era o que ela faria. Não importava como, ela nos destruiria. A mim, a Kai, a Caleb, a Aleksander. Aos meus elos. 

E eu não podia deixar isso acontecer.

Eu a mataria.

Matar Roxenne não era uma questão de escolha. Era necessidade. 

Pela nossa sobrevivência. Pelo que éramos antes dela aparecer. Pelo que ela já havia tirado de nós. 

Caleb havia desaparecido por causa dela. Ele feito coisas que em todos os anos que o conheci, ele nunca havia feito. Mas o jeito como ele olhava para ela, como se ela fosse o próprio ar que ele precisava respirar, me enojava.

Roxenne havia entrado em nossas vidas com mentiras, com a promessa de caos.

E minha missão era clara: eu precisava protegê-los dela. Mesmo que isso significasse arrancar sua vida com minhas próprias mãos.

E faria isso. Com um sorriso no rosto.






Eu observo quando Kai a leva para passer pelo sítio da familia de Aleksander, ela seguia atrás dele como se fosse um pintinho atrás de sua mãe. Sua pequena forma parecia ainda menor nas roupas compridas que usava. Sua pele, antes acinzentada como a morte,  ganhou um pouco de cor e um pouco de carne em seus ossos frágeis, seu cabelo hoje penteado, diferente da bagunça que normalmente era, até mesmo seus lábios, sempre rachados e machucados, pareciam um pouco melhores. 

Como se ela tivesse se esforçado para ficar apresentável.

Ela podia parecer uma garotinha normal. mas era a mesma desgraça que atravessou nossas vidas e as virou de cabeça para baixo. Nada podia mudar isso, nem um pouco de cor no rosto, ou os fios de cabelo escuro arrumados.

Eu deveria estar aliviado ao vê-la minimamente saudável. Afinal, isso significava que o fardo de cuidar dela não seria mais tão pesado, e meus animal estava adorando a ver assim. 

Cada passo que ela dava pelo sítio, cada olhar de admiração que ela lançava para as árvores, para as flores, para os pássaros... tudo isso só me irritava mais. Ela olhava ao redor como se fosse a primeira vez que via o mundo, como uma criança que acabara de descobrir formas e cores. Como se fosse inocente.

Mas ela não era.

Eu sabia disso.

Ela parecia pequena, frágil e indefesa. Mas ela também era uma ameaça. Uma bomba-relógio. E todos nós estávamos sentados bem ao lado dela, esperando pelo momento em que ela finalmente explodisse e nos arrastasse com ela.

Kai se sentou com ela perto do lago. Ele parecia relaxado, como se ela não fosse um maldito peso que todos sabíamos que ela era. Meu animal, um leopardo negro, ronronava baixinho ao vê-los juntos, como se achasse que aquilo fosse algo bom. Como se ela pertencesse a nós.

Traidor.

-Por que você está encarando? - a voz de Aleksander me trouxe de volta. Ele estava ao meu lado, apoiado contra a cerca de madeira que delimitava a propriedade. Seus olhos me analisavam com cuidado, tentando ler meus pensamentos como sempre fazia.

-Não estou encarando. - respondi, seco.

-Não minta pra mim, Drystan. Eu te conheço. - Aleksander cruzou ao redor de minha cintura, seu tom de voz um pouco mais sério - O que está passando na sua cabeça?

O que estava passando na minha cabeça? Que eu deveria acabar com ela antes que fosse tarde demais. Que deveríamos ter deixado Roxenne para trás quando a encontramos. Que nada disso era seguro enquanto ela estivesse conosco. Mas, é claro, eu não disse nada disso. 

Aleksander, não tinha a mesma visão que eu. Ele e seu leão, eram praticamente um, pensando da mesma maneira, ainda suspeitos em relação a garota, pensando e analisando tudo. Pensando que talvez ela poderia ser útil. Eu sabia que era uma ilusão.

-Nada. - murmurei finalmente, desviando o olhar, minha mão esquerda o puxando para perto.

-Você não acredita nisso nem por um segundo. - ele disse, e pude sentir o olhar penetrante dele sobre mim -Sei que você não confia nela. Mas até onde sabemos, ela não fez nada ainda.

"Até onde sabemos." Era essa a questão. Aleksander podia fingir que estava tudo bem, mas eu sabia melhor. Eu sabia que Roxenne Cher Wolf era um desastre esperando para acontecer. E, quando acontecesse, eu estaria pronto para acabar com ela.

Com ou sem a aprovação de Aleksander.


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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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