1. You booked the night train for a reason

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— Amor, tá nervoso?

Arm perguntou quando ele e Pete estavam na fila para o embarque, havia notado que há dias seu noivo estava agindo estranho desde que ele havia finalmente marcado uma viagem de volta para a Tailândia.

Desde que anunciaram o noivado, há dois anos atrás, conhecer a família de Arm era um assunto quase intocado dentro do apartamento que ambos dividiam na França.

Arm não entendia muito bem o porquê Pete nunca parecia muito animado com a ideia, mas imaginava ser pela situação complicada que ele tinha com o tópico "família" e por isso tentava ser compreensível o máximo que conseguia.

— Pete? – chamou pelo outro de novo, dessa vez dando um aperto na mão que segurava algumas vezes até que ele despertasse o olhar que encarava a pista do aeroporto pelo vidro.

— Hum? Desculpe, eu não te escutei.

A verdade era que Pete havia ouvido o chamado, mas havia decidido fingir que a voz do amado tinha passado despercebida, não queria falar sobre isso naquele momento ou em momento nenhum porque, de fato, Pete estava muito nervoso.

Era óbvio que ele queria conhecer os irmãos de Arm, seu pai e os primos que ele diziam ser como irmãos; era óbvio que ele queria conhecer a casa onde o noivo cresceu e a matriz do império de bebidas que a família comandava há gerações.

Mas por uma grande ironia do destino, Pete e Arm nasceram e cresceram na mesma cidade. E era lá que Pete havia deixado para trás parte de um passado que ele não queria mais lembrar.

— Perguntei se você está nervoso por estarmos indo conhecer a minha família – a voz suave de Arm ressoou em direção a ele, com um sorriso tão suportivo que fez com que Pete se sentisse egoísta por um momento. –  Ainda dá tempo de desistir se você não tá pronto agora, amor.

— Não, de jeito nenhum! – respondeu quase que com desespero, soltou da mão do outro apenas para segurar as laterais do rosto dele e encará-lo com os olhos arregalados. – Meu Deus, Arm, eu sou um noivo horrível, não sou?

— É claro que não, Pete.

— Ah, é? – cruzou os braços e encarou o noivo a sua frente emburrado o fazendo rir apaixonado. – E que tipo de noivo deixa pra conhecer a família do amado no dia do casamento?

Arm aproximou o corpo de Pete e o abraçou pela cintura deixando um selo casto no bico que se formava em seus lábios para fazê-lo sorrir e sussurrou próximo ao seu rosto, com a pontinha do seu nariz encostada na pontinha do nariz de Pete:

— Um noivo que mora há países de distância, trabalha em excesso e sofre por antecipação.

— Cala a boca. – disse rindo assim que foi beijado na boca pelos lábios delicados de Arm, que o segurou pelos braços e o guiou para frente conforme os demais passageiros se moviam.

— Vem, é a nossa vez.

O táxi deixou o casal em frente a um casarão que deixou Pete de boca aberta, ele bem sabia que a família de Arm era muito rica, mas nunca conseguiu imaginar o quanto eram ricos.

Desde que conheceu o noivo sempre viu o quão simples ele era.

Os únicos momentos em que ele ostentava luxo era quando queria fazer uma surpresa para o parceiro ou lhe dar jóias bonitas de presente de aniversário depois de se esforçar para fazer um jantar com suas comidas favoritas mesmo que nunca tivesse sido um exímio cozinheiro.

Arm nunca mencionou o patrimônio familiar, lhe exibiu casas e bens ou heranças, trabalhava na empresa da família e vivia apenas do salário que recebia, moravam em um bom apartamento, em um bom condomínio, mas Pete não podia dizer que era bem um bairro de luxo de Paris.

CHAMPAGNE PROBLEMS | VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora