3. Bustling crowds or silent sleepers

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   Porsche podia jurar que estava ficando maluco.

Havia marcado de se encontrar com seu melhor amigo, Pete, em frente ao estúdio de arte que Arm havia alugado para ele montar seu tão sonhado evento comunitário, mas parado ali ele acabou se indagando se estava mesmo louco ou se era realmente a Ducati vermelha de Vegas que vinha pelo fim da rua.

    Ele conhecia bem aquela moto já que cansou de aconselhar Pete a não andar mais nela durante os anos de faculdade. Não só pela moto, mas também pelo dono dela porque a fama precedia seu piloto e mesmo que naquela época tivesse lhe dado o benefício da dúvida, se arrependia amargamente, porém não mais do que seu amigo.

Foi dito e feito e o coração de Pete havia se esfrangalhado.

    Mas parecia que ele ainda não tinha tido o bastante já que realmente era ele quem agora descia da garupa e arrancava o capacete com raiva.

— Ei, não precisa jogar em cima de mim! – Porsche ouviu Vegas reclamar, pegando o capacete de Pete antes que fosse atingido com violência.

— Você veio correndo como um maluco de propósito! – Pete ralhou, as bochechas infladas e os olhos flamejantes que Porsche sabia que o outro adorava e por isso sempre o irritou tanto. – Nem tente se defender, Vegas, não com esse sorrisinho bem no meio da sua cara.

— Talvez eu tenha acelerado só um pouco. – admitiu.

— Cretino… O que está esperando? Pode ir embora.

— Não ganho nem um obrigado?

    Mas Pete nem teve tempo de responder porque Porsche, que ouvia e assistia tudo bem de perto, resolveu se intrometer finalmente para tirar Pete daquela situação – a teia que Vegas estava começando a tecer em volta dele sem que ele percebesse.

    Se aproximou de ambos, Vegas sentado em sua moto a apoiando com um dos pés, segurando o capacete de Pete debaixo de um dos braços e seu amigo de pé de frente para ele com os braços cruzados como se estivesse tentando se conter de estrangular Vegas.

— Pete? Vegas?

— Porsche. – pego de surpresa por quem não via há anos, Vegas o cumprimentou brevemente, sem muita simpatia, não havia um sorriso em seu rosto agora. Ele se voltou para Pete para continuar falando. – Bem, vou indo, volto pra te buscar mais tarde.

— Arm vai me buscar mais tarde.

— Sei, volto pra te buscar. – bufou irritado com a menção do irmão, preferindo ignorá-la completamente. – Até mais, Porsche, bom te ver.

— Até... – ambos esperaram que Vegas sumisse rua adentro para soltarem o ar que estavam segurando sem perceber, seus ombros agora pareciam mais relaxados e Porsche parecia mais desperto para entender o que aquilo significava. – Ok, o que acabou de acontecer?

— Uma longa história. – Pete respondeu cansado.

— Então é melhor começar a falar, vem.

    Logo ambos estavam sentados no chão do estúdio, descalços, em meio a telas em branco, cafés e doces. Porsche ouvia atentamente tudo o que o amigo lhe contava, pedindo os mínimos detalhes, desde como Vegas reagiu quando lhe viu pela primeira vez depois de tanto tempo até o motivo dele ter trago Pete no lugar do seu noivo, o que era mais coerente.

    Não era segredo entre ninguém que conheceu o antigo casal que Porsche simplesmente odiava Vegas, sempre o achou muito arrogante, exibido, encrenqueiro e como a sua boa fama dizia, galinha. Seu nome corria pela boca de todos no campus da faculdade como sua moto corria pelo asfalto, as história que ouvia nunca lhe agradaram, especialmente depois de vê-lo pairando sobre Pete no ginásio ou nos armários, ou na frente do prédio de artes, como uma ave de rapina espreitando sua próxima presa indefesa.

CHAMPAGNE PROBLEMS | VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora