5. Because I dropped your hand while dancing

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— Você combina bem com a cadeira do tio.

    Duas leves batidas na porta de vidro fosco anunciaram a entrada de Kinn, que trazia pastas em suas mãos, depositando-as em cima da mesa onde Arm trabalhava em seu laptop, se sentando na cadeira a sua frente e sorrindo para ele quando recebeu o mesmo sorriso presunçoso que Arm sempre dava quando se saia bem em alguma coisa. Como se o mundo inteiro o pertencesse.

— Logo estarei apto para suceder meu pai, é bom que pareça com que eu pertença a tudo nessa sala.

— Achei que você ficaria na França com o Pete depois do casamento.

— Ainda vamos conversar melhor sobre isso.

— E se ele não quiser?

    Rapidamente os dedos de Arm pararam de digitar e um olhar duro encontrou o rosto confuso de Kinn, que se arrependeu do que disse na mesma hora.

— Não estou preocupado com isso, Pete sempre foi muito compreensivo com o meu trabalho – explicou sério antes de redirecionar o assunto de si, não gostava de falar muito sobre seu relacionamento com Pete por aí. – E você?

— Eu?

— O que tá acontecendo com você ultimamente, Kinn? Tio Korn não anda satisfeito com o seu trabalho.

— Sinto muito que isso esteja refletindo em você, Arm – disse chateado. – A verdade é que estou cansado.

— Por que não pediu férias ao tio?

— Porque uma hora terei que voltar para a empresa, estou de saco cheio desse império, do papai, de tudo.

— Kinn… Essa rebeldia de repente? Já está com trinta anos, primo.

— Exatamente, trinta anos é a idade em que o pai quer me casar em troca de ações – angustiado, ele passou a mão pelo rosto, os ombros caídos revelavam o quão derrotado se sentia. – Não posso fazer isso porque já estou apaixonado.

— E o que tem de errado nisso? Não vê como Pete e eu estamos bem?

— Meu pai nunca aceitaria a pessoa que eu amo.

— Ele é digno?

    Por um momento o silêncio prevaleceu, apenas alguns segundos para que Kinn assimilasse se havia mesmo ouvido o que seu primo havia perguntado. Dignidade era o que Porsche mais tinha de sobra e humildade também e todas as qualidades que uma pessoa deveria ter. Qualidades que talvez Arm não soubesse bem o significado.

    Ele encarou o primo em sua cadeira imponente de luxo, com o cabelo bem alinhado, que havia acabado de perguntar se o homem que amava era digno do seu amor. Ou do seu dinheiro, ele realmente não sabia sobre qual dos dois Arm falava, mesmo assim uma pontada em peito lhe deu um aviso.

— O que?

— Ele é digno de pertencer a nossa família? – indagou novamente, alisava o cabelo para ajeitá-lo e ergueu uma das sobrancelhas levemente entediado de ter que explicar algo tão óbvio para ele. – Pete foi bem recebido porque ele é perfeito, talentoso, belo e sua carreira em ascensão já fazem seus quadros valerem uma boa quantia… Pete é digno de estar na família, mas essa pessoa que você ama, se ela não tem nada o que agregar…

— Meu Deus, Arm, cale a boca!

    O ruído agudo da cadeira rasgando o piso ecoou pela sala quando Kinn se levantou nervoso, avançando sobre a mesa e estapeando as duas palmas nela, encarando Arm com olhos ferozes, totalmente indignado e ainda assim o outro sequer esboçou uma reação coerente ou se afastou ou se desculpou, apenas voltou a trabalhar como se ele não houvesse insultado uma pessoa que não conhecia e que era importante para um membro da família.

CHAMPAGNE PROBLEMS | VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora