Osamu Dazai, um cupido entediado com seu trabalho, acabou de cometer o maior erro da sua vida: durante uma confusão com seu parceiro de trabalho Chuuya Nakahara, o moreno disparou uma flecha por acidente, atingindo Akutagawa no coração. O problema é...
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Não era para ser tão difícil.
Akutagawa já tinha sido o mensageiro de notícias ruins antes: uma vez, foi o responsável por contar ao chefe que a missão no Banco de Yokohama falhou e, graças a um erro de sua própria equipe, ele acabou desperdiçando em alguns segundos milhões de ienes da máfia.
Outro dia, ele precisou contar para um colega mafioso que sua família foi encontrada morta em uma emboscada.
E teve a vez mais difícil: quando precisou contar para Gin que usou o shampoo caro dela por engano. Ele nem sabia que um produto de beleza poderia custar tantos zeros e agora tinha uma cicatriz para, segundo a irmã, "nunca mais se esquecer disso".
Akutagawa baixou os olhos para o buquê. Uma borboleta azul pousou no girassol mas, assim que Akutagawa a fitou, ela bateu suas asas suavemente e foi embora. Observando atentamente, ele viu que uma joaninha também estava ali, se escondendo atrás dos espinhos das rosas.
Por algum motivo, aquilo fez com que Akutagawa se lembrasse de Atsushi. Talvez fosse o modo como a joaninha corria sem dificuldades pela flor, desviando dos espinhos como se fossem meros obstáculos. Talvez fosse o modo como o olhar dele ficou hipnotizado nela.
Ou talvez fosse porque quando a joaninha notou sua presença, ela não voou para longe como a borboleta. Ela apenas ficou parada, como se aguardasse o movimento dele.
Quando percebeu que o garoto não iria se mexer, ela voltou a correr para a pétala da flor.
Akutagawa estremeceu. Aquilo tudo era uma ideia absurda. Ele não conseguiria falar com Atsushi, não poderia falar sobre seus sentimentos com o menino tigre.
Porque aquela era, sem sombra de dúvidas, a pior notícia que ele poderia dar a alguém.
— Vai ficar encarando esse buquê até aparecer o quê? Uma mosca? — perguntou uma voz próxima ao seu ouvido, e Akutagawa deu um pulo. Tinha se esquecido completamente da presença de Dazai.
O cupido o observava atentamente com os braços cruzados e uma sobrancelha arqueada.
— Não — respondeu. — Eu vou pra casa. Chega dessa maluquice.
Dazai permaneceu em silêncio e Akutagawa sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ele até poderia ser um cupido, mas a intensidade de seu olhar mais parecia com o de um demônio. Porém, depois de alguns instantes angustiantes, Dazai apenas virou de costas e deu de ombros.
— Bom, você quem sabe.
Akutagawa soltou um suspiro aliviado e se virou para ir embora também. Era melhor assim: afundar suas mágoas em um pote de sorvete enquanto assistia a uma comédia romântica em casa enrolado no cobertor.
